segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Terei amado bastante ?

A propósito de uma efeméride significativa do seu longo pontificado, o Beato João Paulo II foi confrontado com as impressionantes estatísticas relativas ao seu ministério petrino. Eram às dezenas as suas encíclicas, às centenas os países visitados, aos milhares os fiéis que tinha recebido e aos milhões os quilómetros percorridos na ânsia de levar a todo o mundo, literalmente, a Boa Nova do Evangelho. Qualquer um se poderia ter sentido ufano ante aqueles resultados, que atestavam, com rigor matemático, um imenso trabalho. Qualquer pessoa teria ficado satisfeita por um tão positivo saldo.
Contudo, o Papa Wojtyla não se impressionou com a grandeza dos números, nem se deixou seduzir pela magnanimidade da obra realizada. E, por isso, num murmúrio, que mais parecia uma oração, interrogou-se: “Sim, é verdade tudo isso, mas… Terei eu amado o bastante?!”
Esse seu comentário humilde fazia eco, sem dúvida, ao ensinamento paulino: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e tivesse toda a fé, até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver amor, não serei nada” (1Cor 13, 2).
A única realidade verdadeiramente importante, a única que de nós depende e da qual depende a nossa salvação, é a caridade. Não o amor que os outros nos têm, mas o que nós damos, ou não, àqueles que são o nosso próximo, ou seja, o nosso caminho para o céu. Santo Agostinho dizia: “Pondus meus, amor meus”, isto é, valho o que amo, porque cada um de nós não vale o que vale o seu dinheiro, a sua saúde, o seu poder ou a sua inteligência, mas o seu amor. “Ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres e entregasse o meu corpo às chamas, se não tiver caridade, não valho nada” (1Cor 13, 3).
O ano novo só será bom se for, efectivamente, um tempo vivido na graça d’ Aquele que, sendo Deus, é, sobretudo, amor. Santo e feliz 2013
Padre Gonçalo Portocarreo de Almada

sábado, 29 de dezembro de 2012

Na comunhão renunciamos a tudo

A comunhão é um alimento que nos leva a ter forças para enfrentar a morte de nós mesmos.

Ao comungarmos estamos a afirmar que aceitamos morrer para tudo o que o mundo tem para nos alimentar (tais como iguarias, bens materiais, glória e riqueza humana, etc) e, em compensação, aceitamos renunciar ao usufruto de todas essas coisas.

Porque, quem já tem o alimento maior, não necessita alimentar-se do alimento menor que, além de menor, se torna um peso e nos torna mais pesados para ir ao encontro do Senhor.  

Ao comungar o Senhor, renunciamos a tudo o que, no mundo quer comungar connosco porque a comunhão Eucarística satisfaz-nos na plenitude.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Submeter-se à Grandeza de Deus que nos torna Grandes

"Ele (Jesus) considera-nos capazes de grandes coisas.
Crer significa submeter-se a esta grandeza e crescer pouco a pouco rumo a ela"

Bento XVI
Jesus de Nazaré. A Infância de Jesus. Editora Princípia. Página 105.

Sair dos critérios predominantes

"(...) faz parte do tornar-se cristão este sair do âmbito daquilo que todos pensam e querem, sair dos critérios predominantes, para entrar na luz da verdade sobre o nosso ser e, com esta luz, alcançar o caminho"

Bento XVI. A Infância de Jesus. Editora Princípia. Pág. 60.

O que é a vontade de Deus para o Justo

Para o Justo "a vontade de Deus não é uma lei imposta a partir de fora, masa «alegria»; para ele, a lei torna-se espontaneamente «evangelho», boa nova, porque ele interpreta-a numa atitude de abertura pessoal e cheia de Amor para com Deus, e assim a prende a compreendê-la e vivê-la a partir de dentro"
 
Bento XVI. A Infância de Jesus. Editora Principia. Página 38.

Alegria e Graça andam juntas

A propósito da saudação do Anjo Gabriel a Maria "Avé Maria, cheia de graça", diz o Papa Bento XVI o seguinte:

"«Alegra-te, ó cheia de graça».
Esta ligação entre alegria e graça é outro aspecto digno de consideração, na saudação KHAIRE; em grego, as duas palavras- alegria e graça (KHARA E KHARIS) são formadas a partir da mesma raíz.
Alegria e graça andam juntas".

Jesus de Nazaré. A Infância de Jesus. Editora Princípia. Pág. 30

Não servirás a dois senhores

Dizia um sacerdote piedoso a uma pessoa que se deixava levar frequentemente pela gula:

"Tu, tens que decidir se queres servir o teu estômago, se queres ter como teu senhor o teu ventre ou se se queres servir como teu Senhor e Mestre, Jesus Cristo morto e ressuscitado por ti na cruz"

No Natal Jesus convida-nos a morrer para tudo

«Esta festa de Natal, diz tanto à alma;
parece que Jesus a convida a morrer para tudo,
para renascer numa vida nova,
uma vida de Amor».

B. Isabel da Trindade, Carta 39

domingo, 23 de dezembro de 2012

Sobriedade

Em época de crise e mingua, o Papa Bento XVI sugere-nos a prática do jejum, para a época da Quaresma que se avizinha

«Utamur ergo parcius, / verbis, cibis et potibus, / somno, iocis et arcitius / perstemus in custodia.

Usemos de modo mais sóbrio palavras, alimentos, bebidas, sono e jogos, e permaneçamos mais atentamente vigilantes, cita o Papa, na sua mensagem quaresmal.

Nunca pare de lutar




Nunca Pare de Lutar
O que vem, pra tentar ferir, o valente de Deus
Em meio às suas guerras?
Que ataque é capaz, de fazê-lo olhar pra trás
E querer desistir?
Que terrível arma é, usada pra, tentar
Paralisar sua fé?
Cansaço, desânimo, logo após uma vitória
A mistura de um desgaste, com um contra-ataque do mal
A dor de uma perda, ou a dor da traição
Uma quebra de aliança
Que é a raiz da ingratidão
Se alguém está assim
Preste muita atenção
Ouça o que vem do coração de Deus
Em tempos de guerra
Nunca pare de lutar
Não baixe a guarda
Nunca Pare de Lutar
Em tempos de Guerra
Nunca Pare de adorar
Libera palavra
Profetiza sem parar
O escape, o descanso, a cura, recompensa vem
Sem demora
O escape, o descanso, a cura, recompensa vem
Sem demora…

sábado, 22 de dezembro de 2012

Uma infatigável constância

"Não te atribuas a nada a ti ou ao teu zelo, pois tu só não te bastas para corrigir o mais pequeno dos vícios sem o auxílio da minha força e da minha graça.
(...)
Eu exijo-te esforço, consciência da tua miséria, uma fidelidade inquebrantável na luta, esperança e confiança em mim e uma incomensurável e infatigável constância"
Johan Lanspergio. Carta de Jesus a uma Alma Devota. Editorial San Esteban. Pág. 111

Nenhum sacríficio se perde

"(...) não há sacrifício que faças ou sofras por amor a mim, por vil e insignificante que te pareça, que não te alcance da Minha parte a maior e mais gloriosa recompensa"
Johan Lanspergio. Carta de Jesus a uma Alma Devota. Editorial San Esteban. Pág. 159

Limpar o vaso do sabor do vinagre

"Supõe que Deus queira encher-te de mel (símbolo da ternura de Deus e da sua bondade).
Se tu, porém, estás cheio de vinagre, onde vais pôr o mel ?
O vaso, ou seja o coração, deve primeiro ser dilatado e depois limpo: livre do vinagre e do seu sabor. Isto requer trabalho, faz sofrer, mas só assim se realiza o ajustamento àquilo para que somos destinados"
St. Agostinho
In 1 Joannis 4,6 PL 35, 2008 s

"(...) também o «sim » ao amor é fonte de sofrimento, porque o amor exige sempre expropriações do meu eu, nas quais me deixo podar e ferir.
O amor não pode de modo algum existir sem esta renúncia mesmo dolorsa a mim mesmo"

Spes Salvi. Bento XVI. Final do ponto 38

A esperança leva-nos a uma vida nova

"Quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova" (Final do ponto 2)

"(...) para nós, o encontro com aquele Deus (...) poderá ser «performativo» e não somente «informativo», ou seja se poderá transformar a nossa vida" (Início do ponto 4)

Spes Salvi. Papa Bento XVI

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Oferecer as nossas prioridades profissionais como holocausto

Perante a tentação de deixar de cumprir com um encontro com Deus, na oração ou na Eucarístia em favor do cumprimento de uma aparentemente mais urgente e mais importante obrigação de natureza familiar ou profissional, há que fazer um acto de entrega e holocausto.

Antes, colocava-se sobre o altar das oferendas animais ou alimentos para sacríficio. Agora Deus quer que lhe "preparemos um corpo" mas quer sobretudo o nosso coração e o nosso coração está onde estão os nossos pensamentos, ansiedades e acções.

Por isso, agora, no altar temos que colocar a renúncia ao trabalho profissional e outras sempre que estas se apresentam como algo a que devemos preferir em detrimento do encontro com Deus na palavra, na oração e no pão.

E isto, muitas vezes, não é nada fácil porque implica renunciar a algo que vemos e é palpável e aparentemente importante para o nosso sustento e o da nossa família em favor de algo que não vemos, não é palpável e é aparentemente acessório e secundário para a sustentabilidade do dia a dia.

Peçamos ao Senhor a Fé que precisamos para escolher o que, à partida, não seria de escolher.

Apressadamente

"Quando os anjos se afastaram deles (...), os pastores disseram uns aos outros "Vamos a Belém ver o que aconteceu que o Senhor nos deu a conhecer". Foram apressadamente (...) Lucas 2, 15-16."
(...)
E quantos cristãos se apressam hoje quando se trata das coisas de Deus ?
No entanto, se há algo que mereça pressa (...) são precisamente as coisas de Deus !"
 
Bento XVI. "Jesus de Nazaré. A Infância de Jesus". Principia. Página 69.
 
 

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