segunda-feira, 2 de maio de 2011

Pureza de pensamentos e de coração

Quando o nono mandamento proíbe os “pensamentos impuros” não se está a referir às imagens, ou ao pensamento em si, mas ao movimento da vontade que aceita o deleite desordenado que certa imagem (interna ou externa) provoca [2].


Os pecados internos podem dividir-se em:


- “Maus pensamentos” (complacência morosa): são a representação imaginária de um acto pecaminoso sem ânimo para o realizar. É pecado mortal se se trata de matéria grave e caso se procure ou se consinta em deleitar-se nela


.- Mau desejo (desiderium): desejo interior e genérico de uma acção pecaminosa da qual a pessoa sente gozo. Não coincide com a intenção de a realizar (que implica sempre um querer eficaz), embora em não poucos casos se fizesse, se não existissem alguns motivos que inibem a pessoa (tais como as consequências da acção, a dificuldade para a realizar, etc.).


- Gozo pecaminoso: é a complacência deliberada numa má acção já realizada por si ou por outros. Renova o pecado na alma.Os pecados internos, em si mesmos, costumam ter menor gravidade que os correspondentes pecados externos, porque o acto externo manifesta voluntariedade mais intensa.


No entanto, são de facto muito perigosos, sobretudo para as pessoas que procuram viver na amizade e intimidade com Deus, já que:


- cometem-se com mais facilidade, pois basta o consentimento da vontade; e as tentações podem ser mais frequentes;


- presta-se-lhes menos atenção, pois às vezes, por ignorância e, outras vezes, por certa cumplicidade com as paixões, não se querem reconhecer como pecados, pelo menos, veniais, se o consentimento foi imperfeito.


Para lutar contra os pecados internos, ajudam-nos:


- a frequência dos sacramentos que nos dão ou aumentam a graça e nos curam as nossas misérias quotidianas;


- a oração, a mortificação e o trabalho, procurando sinceramente Deus;


- a humildade que nos permite reconhecer as nossas misérias sem desesperar face aos nossos erros


– e a confiança em Deus, sabendo que quer sempre perdoar os nossos pecados;


- exercitarmo-nos na sinceridade com Deus, connosco próprios e na direcção espiritual, cuidando com esmero o exame de consciência.


É importante conhecer esta desordem causada em nós pelo pecado original e pelos nossos pecados pessoais, visto que tal conhecimento:


- impulsiona-nos a rezar: só Deus nos perdoa o pecado original, que deu origem à concupiscência, e só com a ajuda divina conseguiremos vencer essa tendência desordenada; a graça de Deus sara a nossa natureza das feridas do pecado, além de a elevar à ordem sobrenatural;


- ensina-nos a amar a Criação, porque saiu boa das mãos de Deus; são os nossos pecados desordenados que provocam o mau uso dos bens criados.


A pureza do olhar não se limita a rejeitar a contemplação de imagens claramente inconvenientes, mas exige a purificação do uso dos nossos sentidos externos, que nos levem a olhar, a contemplar o mundo e as outras pessoas com visão sobrenatural. Trata-se de luta positiva que permite ao homem descobrir a verdadeira beleza de toda a criação, de modo particular, a beleza dos que foram criados à imagem e semelhança de Deus [7].

1 comentário:

Ale Costa disse...

Parabéns pelo blog.
Sucesso!
Ale.
http://ordem-natural.blogspot.com

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