terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sobre a importância da penitência e confissão

Belo e profundo texto sobre a importância da penitência e da confissão, aqui.

sábado, 23 de outubro de 2010

Aprender a rezar com fé e confiança

Quanto mais Jesus se entristece pela falta de fé dos seus mais chegados de Nazaré (Mc 6,6,) e a pouca fé dos seus discípulos (Mt 8,26), tanto mais Se enche de admiração perante a "grande fé" do centurião romano (Mt 8, 10) e da cananeia (MT 15, 28), com uma fé que não hesita (Mt 21,22).

Cfr. Ponto 2610 do Catecismo da Igreja Católica

Cristo anseia pelo cristão

"Tu és para Ele como um membro em relação à cabeça; e, por isso, também Ele deseja ardentemente servir-Se d todas as tuas faculdades como se fossem suas, para servir e glorificar o Pai".

S. João Eudes. Cord. 1, 5 citado no ponto 1698 do Catecismo da Igreja Católica

Cidadãos do Céu

"Os cristãos estão na carne, mas não vivem segundo a carne.
Passam a vida na terra, mas são cidadãos do Céu".

Epístola a Diogneto 5, 8-9 citado no ponto 2796 do Catecismo da Igreja Católica.

Filiação e liberdade

"Nós, ou nos desviamos do mal por temor do castigo e estamos na atitude do escravo, ou vivemos à espera da recompensa e parecemo-nos com os mercenários; ou finalmente, é pelo bem em si e por amor d'Aquele que manda que obedecemos...e, então, estamos na atitude própria dos filhos,"
S.Basílio, Reg. Fusius, pról.3 citado no ponto 1828 da Catecismo da Igreja Católica

Consequências da filiação divina

A Filiação Divina leva-me na oração, a tratar Deus com confiança, com uma audácia filial para tudo pedir na oração, sem hesitações (Cfr. Ponto 2610 do Catecismo da Igreja Católica), com simplicidade e Amor e, no apostolado, a actuar com uma santa teimosia:
"Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias da tua vida passada. Lembra-te de que Cabeça e de que Corpo és membro. Não te esqueças que foste libertado do poder das trevas e transferido para a luz do Reino de Deus".
S.Leão Magno, Sermões 21, 2-3 citado no ponto 1691 do Catecismo da Igreja Católica

Filiação Divina e Infância Espiritual

Assim como as crianças alertam os colegas quando dizem "Olha que o meu pai é polícia", também nós, cristãos, conscientes da nossa Filiação Divina, devemos dizer à carne e ao Demónio, "Olha que Deus é o meu pai".
Por isso, também, ao rezarmos o Pai Nosso, lembremo-nos de quem somos filhos!
"A consciência que temos da nossa situação de escravos devia fazer-nos sumir no chão; a nossa condição terrena dissolver-se-ia em pó, se a autoridade do nosso Pai em pessoa e do Espírito de Seu Filho não nos levasse a soltar este grito "Abbá, Pai!" (Rm 8,15)"
Quando é que a fraqueza dum mortal se atreveria a chamar a Deus seu pai, senão apenas porque Jesus Cristo pagou tal dignidade com o preço do seu sangue derramado na Cruz ?
Cfr S.Pedro Crisólogo, Serm. 71 citado no ponto 2777 do Catecismo da Igreja Católica

Filiação Divina, fundamento da vida interior

A consideração da nossa filiação divina há-de ser o fundamento para o nosso plano de vida, para o nosso trabalho e a nossa piedade para com Deus.
Esta consideração deve também estar presente quando a Cruz se nos apresenta sem que a esperemos, no meio das dificuldades e contrariedades imprevistas.

Alegria e Filiação Divina

A alegria cristã é contrária a qualquer forma de desalento.
O cristão é alegre, por saber que o Senhor já triunfou; 1º ao morrer na Cruz e, depois, ao ressuscitar e habitar no meu próprio coração onde habita em estado de Graça Santificante.
O cristão torna-se, assim, deste modo, Filho de Deus, o que nos deve encher de um saudável orgulho e complexo de superioridade em face das dificuldades e tentações.

A Eucarístia: encontro de Deus com o homem

"(....) a Eucarístia apresenta-se como o grande e permanente encontro do homem com Deus, no qual o Senhor Se dá a Si próprio como "carne", para que nós- n'Ele e pela participação no seu caminho, possamos tornar-nos "espírito": tal como Ele, através da cruz, Se transformou num género novo de corporeidade e de humanidade, que fica permeada pela natureza de Deus, assim também este alimento deve ser para nós uma abertura da existência, uma passagem através da cruz e uma antecipação da nova existência de vida em Deus e com Deus".

Jesus de Nazaré, pág. 339
Papa Bento XVI

O caminho da Cruz

"E sabemos que ao longo dos séculos, e hoje também, os cristãos (...) precisam de ser instruídos sempre de nove pelo Senhor quanto ao facto de que o seu caminho (...) não é o caminho da glória e do poder terreno, mas o caminho da cruz.
Sabemos e constatamos que ainda hoje os cristãos- nós mesmos- chamamos Jesus de parte para Lhe dizer: "Deus te livre de tal, Senhor. Isso não há-de acontecer" (Mt. 16,22).
E porque temos cá as nossas dúvidas de que não intervenha para livrar do perigo, procuramos nós mesmos evitá-lo com todos os nossos estratagemas".

Jesus de Nazaré, pág. 372 e 373.
Papa Bento XVI

Ser sal no meio do mundo

A vida corrente oferece uma infinidade de situações em que se põe à prova essa identidade cristã, sermos sinais de esperança.
Quando nos empenhamos por ser fiéis à verdade sem temer as consequências e resistimos às pressões que induzem a actuar com ligeireza;
quando fazemos o firme propósito de antepor a paz na família ao amor-próprio, eliminando contas de agravos, com a disposição aberta à compreensão e ao perdão;
também quando renunciamos pessoalmente a algumas comodidades para obter uma maior liberdade de coração;
ou quando lutamos com valentia por levar uma vida limpa e sabemos rectificar e voltar a começar..., então somos sal.
R. Hernández Urigüen

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A oração da Vontade de Deus

"No evangelho de João é evidenciado com especial ênfase que Jesus con-sente totalmente com a vontade do Pai. De modo dramático, este processo para chegar ao con-sentimento, ao acto da fusão entre as 2 vontades é representado no episódio do Jardim das Oliveiras (...).
Aqui vemos o lugar da terceira petição do Pai Nosso: nela pedimos que o drama do Jardim das Oliveiras, da luta interior de toda a vida e actividade de Jesus se cumpra em nós; pedimos que, juntamente com Ele, o Filho, con-sintamos com a vontade do Pai, tornando-nos deste modo filhos também nós: na unidade de vontade que se torna unidade de conhecimento."


Jesus de Nazaré, pág. 420
Papa Bento XVI

O contéudo da oração

Quanto à oração mental:

"Esta oração pode e deve brotar sobretudo do nosso coração, das nossas aflições, esperanças, alegrias, sofrimentos, da vergonha pelo pecado bem como do agradecimento pelo bem, tornando-se assim uma oração totalmente pessoal"

Quanto à oração vocal e litúrgica:

"Bento, na rua regra, cunho a fórmula "mens nostra concordet voci nostrae"- o nosso espírito concorde com a nossa voz. Normalmente o pensamento precede a palavra, procura e forma a palavra; mas (...), na oração litúrgica em geral, passa-se o contrário: a palavra, a voz precede-nos, e o nosso espírito deve adequar-se a esta voz".

Jesus de Nazaré. Bento XVI. Pág. 176.

Proposta de plano de meditação

Quem quiser utilizar o presente blogue e as suas diferentes etiquetas como fonte de leitura e meditação, propomos aqui uma ordem para começo, meio e fim

Pecado
Penitência
Recomeçar
Metanoia
Humildade
Luta Interior
Mortificação
Cruz
Santidade
10º Santificação do trabalho
11º Filiação Divina
12º Eucarístia
13º Oferecimento de obras
14º Oração
15º Acção
16ºOrdem
17º Horário
18º Pequenas Coisas
19º Coerência de Vida
20º Baptismo
21º Amor de Deus
22º Advento
23º Vontade de Deus
24º Virtudes
25º sofrimento
26º Tribulação
27º Tentações
28º Pureza
29º Fé e confiança
30º Paz
31º Maria

Lutar e voltar a lutar

Militia est vita hominis super terram, et sicut dies mercenarii, dies eius, a vida do homem sobre a terra é milícia e os seus dias decorrem com o peso do trabalho. Ninguém escapa a este imperativo; nem os comodistas que põem resistência em aceitá-lo: desertam das fileiras de Cristo e afadigam-se noutras contendas para satisfazerem a sua preguiça, a sua vaidade, as suas ambições mesquinhas; são escravos dos seus caprichos. (...).
Renovai todas as manhãs com um serviam decidido – servir-te-ei, Senhor! – o propósito de não ceder, de não cair na preguiça ou na apatia, de enfrentar as tarefas com mais esperança, com mais optimismo, persuadidos de que, se sairmos vencidos em alguma escaramuça, poderemos superar esse desaire com um acto de amor sincero.
S. José Maria Escrivá de Balaguer
Amigos de Deus, 217.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Oh Jerusalém

"(...) Com efeito, ser cristão não é apenas ser de Cristo mas outro Cristo e, até, o próprio Cristo, segundo a eclesiologia paulina. Por isso, qualquer cristão tem, por força da sua fé, uma segunda nacionalidade, que o faz filho espiritual da Terra Santa.
São Lucas, ao narrar a entrada de Nosso Senhor em Jerusalém, já nas vésperas da sua Paixão e Morte, afirma que alguns fariseus, indignados pelo acolhimento triunfal então dispensado ao Mestre, pediram-Lhe que repreendesse os Seus discípulos, ao que Jesus retorquiu: «Em verdade vos digo que se eles se calarem, gritarão as pedras» (Lc 19, 40). E a verdade é que, ainda hoje, quanto mais os homens calam a mensagem de Jesus Cristo, mais as pedras de Jerusalém gritam a Boa Nova de Nosso Senhor.
(...)
Jesus, «ao ver a cidade [de Jerusalém], chorou sobre ela e disse: Se ao menos hoje conhecesses o dia que te pode dar a paz! . Dias virão em que os teus inimigos não deixarão em ti pedra sobre pedra, por não teres reconhecido o dia em que foste visitada» (Lc 19, 41-44).
É chegada a hora de rezar, sofrer, trabalhar e socorrer a Terra Santa, pedindo a Deus pelo sínodo romano e apoiando a Igreja que reza e sofre na nossa pátria hierosolimitana. Uma breve oração, um pequeno sacrifício, uma esmola, mesmo que escassa como a da pobre viúva, é uma lágrima a menos na face de Cristo vivo na Igreja da Sua terra e uma pedra viva na reconstrução da Jerusalém celestial.
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Os desafios da gestão do tempo

"Claro que todas estas facilidades nos impõem novos desafios, nomeadamente na gestão do nosso tempo, tão arduamente disputado por tanta oferta disponível, e na gestão da nossa vida espiritual, que nos querem vender ser de impossível conciliação com o bem-estar material. Mas até nisso o desafio pode ser maravilhoso no caso de considerarmos que ter um desafio é algo positivo.
Por mim não duvido de que necessitamos bastante de equilíbrio espiritual para melhor discernir sobre a abundância material. Aliás, os últimos 25 anos em Portugal são uma excelente prova em como o abandono da vida espiritual foi pernicioso face à novas abundâncias materiais proporcionadas pelos juros baixos e pela facilidade na contracção de dívida".

domingo, 10 de outubro de 2010

Assembleia diocesana do Algarve lança desafios

A assembleia diocesana da Igreja do Algarve reuniu, no passado dia 5 de Outubro, em Loulé.

Deixo aqui os meus comentários e destaques positivos e negativos às conclusões a que chegaram

POSITIVO

"Apelou-se à “coerência entre palavra e a acção”, ao nível pessoal e de organização pastoral, alertando para o “descrédito preocupante” que a ausência desta dimensão traz para a Igreja. Neste contexto lamentou-se o divórcio entre a vida e a fé vivido por muitos cristãos. “Se assumirmos a fé, de modo consciente, coerente e inteligente, podemos causar interrogação nos que nos rodeiam”, constatou-se, exortando-se à “radicalidade do testemunho” cristão em qualquer dimensão da sociedade. “Não podemos esperar que venham mas temos de ir ao encontro”, pediu-se".
Muito importante esta chamada de atenção, na linha do que o Papa, na sua visita, em Maio, já nos tinha dito e os Bispos Portugueses, mais tarde, têm vindo a reafirmar.
E quanto ao seu teor, faço também aqui o mea culpa pelas vezes em que não houve uma unidade total entre a minha fé e o meu dia a dia.
"É urgente conhecer os documentos do Concílio Vaticano II ao invés de falarmos da necessidade de outro concílio”
Muito oportuna esta chamada de atenção.
De facto, os documentos do Concílio Vaticano II são de uma enorme riqueza, até mesmo para a prática diária. Além de directrizes e luzes, dão-nos também indicações concretas sobre o nosso melhor modo de agir, nas mais variadas vertentes.
"(...) ensinamos pouco a viver, rezar e testemunhar a fé. Pomos muito acento no activismo e criamos pouco espaço para cultivo da dimensão espiritual, o que dificilmente conduz outros para a experiência de Deus"
Também é uma grande verdade. Mas para isso é necessário ensinar as pessoas a rezar. Ter tempo para rezar, de preferência, numa Igreja ou num oratório que esteja aberto e disponível. Saber e aprender a abstrair-se do ruído e concentrar-se na oração, se possível, integrando nela a acção passada e futura. Saber aprender a lutar contra as distrações na oração. Nada ou muito pouco disto é feito e poderia ser feito se a direcção espiritual fosse uma realidade na nossa Igreja.

Por fim, na conclusão da assembleia, a intervenção do Sr Bispo, como é habitual, foi muito boa e oportuna: Antes que eu olhe para os outros, olhe para mim primeiro:

"Como apelo final pediu a cada cristão que acate as orientações para si mesmo. “Quando falamos de Igreja falamos de nós. Somos nós que transmitimos a imagem da Igreja que somos”, lembrou, acrescentando que é Cristo que purifica a imagem da Igreja que está em cada um. “Para representarmos uma imagem diferente da Igreja que somos temos de reflectir a imagem de Cristo em nós. Gostaria que sentíssemos grande apelo a sermos portadores de Cristo Ressuscitado através de um anúncio alegre e ousado. Passa por cada um de nós, a resposta que somos chamados a dar a estas questões que aqui encontrámos”, concluiu.

NEGATIVO

o “despertar dos leigos chamados à corresponsabilidade dentro da Igreja"

É importante que existam leigos disponíveis para participar em certos ofícios essenciais, no âmbito da sua paróquia, tal como a leitura dos livros sagrados, a catequese, os coros e, se possível, a colaboração e assessoria na gestão financeira e patrimonial da paróquia.
Porém, não é essa a função primordial e mais importante dos leigos.
Aos leigos cabe (alimentando-se da palavra de Deus, da oração, da direcção espiritual e da formação na doutrina e no pensamento cristãos) actuar no meio do mundo, da sua actividade profissional, do seu meio familiar, na política, na cultura e na educação, de acordo com os carismas e competências de cada um.

"Damos muita doutrina"

Infelizmente, não me parece que isto seja verdade por 3 razões:

1) Porque há falta de catequistas bem formados, quer do ponto de vista pedagógico, quer do ponto de vista da doutrina.

2) Porque os sacerdotes não estão disponíveis para ir às catequeses, sobretudo, nos anos mais adiantados, para explicar a doutrina.

3) Porque nas homilias dominicais continua a fazer-se muito aquilo que o Santo Padre criticou na sua alocação aos Bispos, em Fátima, isto é, alusões genéricas e abstractas sem concretizar, sem especificar procedimentos e práticas que poderiam ser usadas pelos cristãos no seu dia a dia.

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