segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Jesus tende piedade de nós

O objectivo da vida

"Assim, pode-se dizer que o principal objectivo da nossa vida, para cada um de nós, é aumentar, de acordo com a nossa capacidade, o nosso conhecimento de Deus, recorrento a todos os meios de que dispomos para que esse conhecimento nos conduza a orar e a dar graças.
Fazer o que dizemos em Gloria in Excelsis: Laudamus te, benedicamus te, adoramos te, glorificamus te, gratia agimus tibi propter magnam gloriam tua. Louvamos-te, chamamos-te santo, adoramos-te, proclamamos a tua glória, agradecemos a grandiosidade do teu esplendor."

J.R.R. Tolkien
The letters of J.R.R. Tolkine, páginas 399-400. Edições Carpenter

Comunhão Eucarística

"Devemos, portanto, acreditar Nele e naquilo que disse e assumir as consequências ou rejeitá-lo e assumir as consequências. Pessoalmente, é-me dificil acredtar que alguém que tenha feito a Comunhão, ainda que uma única vez, pelo menos com a intenção certa, possa voltar arejeitá-o sem incorrer em grave culpa.
A unica cura para a fé vacilante ou esmorecida é a Comunhão. Embora sempre perfeito, completo e inviolado, o Santíssimo Sacramento não age de forma completa e eterna em todos nós. Tal como acto de fé, deve ser contínuo e crescer através do seu exercício. O efeito da frequência é elevadíssimo. Sete vezes por semana alimenta mais do que sete vezes em quando (....)"
J.R.R. Tolkien
The letters of J.R.R. Tolkien pág. 394-5.

sábado, 25 de dezembro de 2010

O fermento do sumo da uva

"Para maturar, para encontrar verdadeira e progressivamente a estrada que leva de uma religião de fachada a uma profunda união com a vontade de Deus, o homem tem necessidade da provação.
Tal como o sumo da uva deve ferementar para se tornar vinho de qualidade, assim também o homem precisa de purificações, de transformações, que, embora, sejam perigosas para ele e possam provocar a sua queda, constituem todavia caminhos indispensáveis para se encontrar a si mesmo e a Deus.
O amor é sempre um processo de purificações, de renúncias, de dolorosas transformações de nós mesmos e deste modo um caminho de maturação.
(...) mas, para chegar a esta derradeira liberdade, foi necessário um longo percurso de purificações interiores- um percurso de maturações, no qual se encontrava emboscada a tentação, o perigo da queda- e no entanto um percurso necessário".

Bento XVI. Jesus de Nazaré. Pág. 214.

Perseverantia

"A purificação e o frunto andam juntos; somente através das purificações de Deus é que podemos produzir um fruto que desemboque no mistério eucarístico, levando às núpcias do homem com Deus, o objectivo final da história. (...).
Parte de tudo isto, é o "permanecer". Em João 15, 1-10, o verbo ménein (permanecer) aparece dez vezes. Aquilo que os Santos Padres chamam perseverantia- o resistir pacientemente na comunhão com o Senhor através de todas as vicissitudes da vida- aparece colocado aqui em destaque central. É fácil o entusiasmo inicial, mas a este tem de seguir-se a constância, inclusivamente nos caminhos monótonos do deserto que é preciso atravessar na vida, a paciência de avançar igualmente quando o romantismo da primeira hora diminui e resta apenas o "sim" puro e profundo da fé. É precisamente assim que se forma o vinho bom".

Bento XVI. Jesus de Nazaré. Página 330.

Um novo campo gravitacional

"É que, no mundo marcado pelo pecado, o baricentro à volta do qual gravita a nossa vida caracteriza-se pelo apego ao eu e ao "ele" impessoal.
Esta ligação deve ser rompida para se abrir a um novo amor que nos transfira para outro campo gravitacional e nos permita assim viver de um modo novo.
Neste sentido, o conhecimento de Deus não é possível sem o dom do seu amor que se tornou visível; mas também o dom deve ser aceite"

Bento XVI. "Jesus de Nazaré". Pág. 249

Meditações sobre o "Caminho"

Site com comentários aos vários pontos do livro de meditações espirituais "Caminho" de S. José Maria Escrivá de Balaguer, com muito material para oração e reflexão.

Aqui

sábado, 18 de dezembro de 2010

A vontade de Deus

"a força da gravidade da nossa vontade arrasta-nos sempre de novo para longe da vontade de Deus, faz-nos tornar simplesmente "terra". Mas Ele acolhe-nos, atrai-nos para o alto ao encontro d'Ele e na comunhão com Ele aprendemos também a vontade de Deus.
Assim, nesta terceira petição do Pai Nosso, pedimos no fundo para nos aproximarmos sempre mais d'Ele, de modo que a vontade de Deus vença a força da gravidade do nosso egoísmo e nos torne capazes da altura a que somos chamados".

Jesus de Nazaré, Bento XVI, pág.199

"Assim na terra como no Céu"

"(...) há uma vontade de Deus para se cumprir connosco e em nós, que deve tornar-se o critério do nosso querer e do nosso ser. E também a característica do "Céu" é que lá se faz a vontade de Deus infalivelmente, ou dito por outras palavras, onde se faz a vontade de Deus é Céu."

Jesus de Nazaré, Bento XVI, pág. 196.

Venha a nós o Vosso Reino

"A primeira coisa, a coisa essencial, é um coração dócil, para que seja Deus a reinar em nós. O reino de Deus vem através do coração dócil. Este é o seu caminho. E, para o conseguir, devemos rezar sempre"

Jesus de Nazaré, Bento XVI, página 194.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Cristo 1º, e antes de tudo, no nosso corpo e nas nossas obras

"Coepit facere et docere". – Jesus começou a fazer e depois a ensinar: tu e eu temos de dar o testemunho do exemplo, porque não podemos levar uma vida dupla: não podemos ensinar o que não praticarmos. Por outras palavras, temos de ensinar o que, pelo menos, lutamos por praticar. (Forja, 694)

(...)

Fazer as obras de Deus não é um bonito jogo de palavras, mas um convite a gastar-se por Amor. Temos de morrer para nós mesmos a fim de renascermos para uma vida nova. Porque assim obedeceu Jesus, até à morte de Cruz, mortem autem crucis. Propter quod et Deus exaltavit illum. Por isso Deus O exaltou. (Cristo que passa, 21)

S.José Maria Escrivá de Balaguer

Sinal da Cruz ante a internet

Dizia-me um amigo meu que, antes de ir à internet, benzia-se sempre e fazia o sinal de Cruz, sempre.
Dizia que era, por um lado, uma forma de afastar o Diabo da net e, por outro, uma forma de aviso para agir com prudência e humildade.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Precisamos de saltar para as mãos de Deus

"De madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: «É um fantasma!» E gritaram com medo. No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!» Pedro respondeu-lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas.» «Vem» - disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo do barco, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!» Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?» E, quando entraram no barco, o vento amainou. (Mateus 14, 22-32)"


Nós somos aquela criança, todos nós, todos os dias: apanhados no escuro, precisando e querendo saltar, mas incapazes de ver onde vamos cair, sentindo-nos sós e assustados. Somos também Pedro, querendo andar sobre a água em direção a Jesus, mas hesitamos e deixamo-nos submergir.

“O medo é inútil», disse muitas vezes Jesus. “O que é preciso é fé”. Está certo, mas a fé de que Ele fala não é o que muitos de nós pensamos. Não se tratam de abstrações teológicas. Trata-se de nos confiarmos às mãos de Deus porque sabemos que Ele nos ama mais do que nós nos amamos a nós mesmos.

Mas ainda que esta ideia esteja clara, podemos ainda ficar desorientados por pensarmos que, ao confiar em Deus, Ele nos protege do fracasso e da dor. A promessa não é essa. A promessa de Deus para aqueles que nEle confiam é esta: Ele dar-nos-á a força para enfrentar todos os problemas que surgirem, e nunca deixará que sejamos destruídos por eles, ainda que morramos.

Mas a fé tem ainda outro lado: os talentos e dons que Deus nos deu porque Ele teve fé em nós. Pedro perdeu a fé nos dons que Deus lhe havia dado e esperou que Deus resolvesse o problema. Resultado: afundou-se!
Confiar em Deus significa também confiar nos seus dons. E confiar nos seus dons significa usá-los.

Há uma antiga expressão que diz:
Trabalha como se tudo dependesse de ti, e reza como se tudo dependesse de Deus.
É precisamente o que é necessário, mas não é fácil aplicá-lo porque não conseguimos ver Deus, e demasiadas vezes não conseguimos ver os nossos dons.
Pode ajudar recordar as palavras escritas há mais de 50 anos na parede do gueto de Varsóvia:

Acredito no sol, ainda que não brilhe.

Acredito no amor, ainda que não o sinta.

Acredito em Deus, ainda que não O veja.

Confie em Deus e confie nos dons que Ele lhe deu. Ou seja, use os seus dons. E então salte! E nunca olhe para trás!



Mons. Dennis Clark
In Catholic Exchange
Trad. / adapt.: rm
© SNPC (trad.) 20.11.10

domingo, 21 de novembro de 2010

Cristãos com os braços levantados para Deus

"O desenvolvimento tem necessidade de cristãos com os braços levantados para Deus em atitude de oração, cristãos movidos pela consciência de que o amor cheio de verdade — caritas in veritate –, do qual procede o desenvolvimento autêntico, não o produzimos nós, mas é nos dado.
Por isso, inclusive nos momentos mais difíceis e complexos, além de reagir conscientemente devemos sobretudo referir-nos ao seu amor.
O desenvolvimento implica atenção à vida espiritual, uma séria consideração das experiências de confiança em Deus, de fraternidade espiritual em Cristo, de entrega à providência e à misericórdia divina, de amor e de perdão, de renúncia a si mesmos, de acolhimento do próximo, de justiça e de paz. Tudo isto é indispensável para transformar os “corações de pedra” em “corações de carne” (Ez 36, 26), para tornar “divina” e consequentemente mais digna do homem a vida sobre a terra".
Carta Encíclica "Caritas in veritate", ponto 70
Papa Bento XVI

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dez conselhos para a oração

Dez conselhos para a oração

A oração é um caminho para Deus por vezes semeado de ciladas. Padres, religiosos e leigos sugerem algumas orientações, baseadas na sua vida espiritual.

1. Quando rezar? Onde? Durante quanto tempo?
«Os amigos, se querem encontrar-se, devem fazer escolhas e decidir as prioridades na sua agenda. Se eles permanecem na fase do desejo, nunca se reencontrarão. Com a oração é a mesma coisa. Se só rezar quando tem vontade, então não reza o suficiente», diz o P. Jean-Marie Gueullette, professor de teologia da Universidade Católica de Lyon.
«No que respeita ao lugar – continua – o essencial é encontrar o espaço que, para cada um, favorece a oração, a contemplação. Mas não se reza apenas nas capelas ou no calor dos lugares preparados. Deus está connosco em todo o lugar porque Ele habita em nós. Se os nossos dias incluem um tempo de oração, mesmo curto, torna-se pouco a pouco possível tomar consciência da presença de Deus no supermercado ou no elevador.»
Um conselho: Fixar uma tempo de oração realista e mantê-lo. Não colocar a questão de saber se tem ou não desejo de orar; a oração não parte da pessoa nem dos seus estados de alma, mas de Deus, na presença de quem se reza.

2. O corpo participa na oração?
«Fomos longe demais na rutura entre o espírito e o corpo, e ainda somos seres presos», lamenta Catherine Aubin, dominicana, licenciada em psicologia e doutora em teologia espiritual. «O corpo é o meio da nossa relação com o mundo e os outros».
«Quando gosto de alguém, dou-lhe a mão, sorrio-lhe e abraço-o. A oração é da mesma ordem, porquanto é relação. Uma relação totalmente interior com Deus. O corpo, longe de perturbar, ajuda a rezar, a pôr o meu coração em movimento.
Se eu abraço o Evangelho antes de começar a orar, esse gesto predispõe o meu corpo. Cada pessoa pode deixar vir do interior de si mesmo os gestos íntimos que colocam o seu coração em movimento. Por vezes nem é preciso falar. O corpo é oração.»
Um conselho: Começar por encontrar o sentido da respiração. Inspirando, acolho o dom da vida que Deus me concede. Expirando, entrego a Deus o que Ele me deu: o sopro da vida. Cada manhã ao levantar e cada noite ao deitar, fazer um exercício de respiração profunda, para estar em contacto consigo, com os outros e com Deus.

3. Como entrar na oração?
«A oração – lembra o irmão Jean Marie, há 30 anos em Taizé – é um espaço onde nos deixamos conduzir, atraídos por Deus. Em Taizé, os jovens têm a oportunidade de parar, de se deixar conduzir. A música é bela, os cantos são simples. Mas o vocabulário é o dos Salmos. Um versículo ressoa em nós. Talvez ele nos fale. O canto descentra-nos suavemente, abre a porta à Palavra de Deus. Depois, as leituras iluminam-se frequentemente de outra maneira, e no tempo do silêncio deixamo-nos unir nos recantos mais escondidos do nosso coração pela Palavra de Deus.»
Um conselho: privilegiar a simplicidade dos meios e dos gestos. Um ícone. Uma cruz. Uma Bíblia aberta. Começar com um belo sinal da cruz. Cada um tenha em si palavras como «Eis-me aqui Senhor».

4. Para rezar é preciso falar?
«Deixar que as preces se tornem oração é aceitar calar-se, deixar o silêncio estabelecer-se em nós, no esquecimento de nós mesmos, para nos concentrarmos nas palavras de Jesus, permitindo que o Espírito as grave nos nossos corações até que elas deem frutos de fé, esperança e caridade», refere o padre carmelita Dominique Steckx.
«Em seguida, pronunciar palavras breves e simples, como servo e amigo, perguntando: “Que queres que eu faça?”. A oração, como todo o encontro entre amigos, tem tonalidades diferentes como os dias.
Às vezes, um versículo da Bíblia absorve-me e oferece-me a possibilidade de gozar a presença de Deus. Noutras ocasiões é-me suficiente pronunciar apenas o nome de Jesus para que Ele se torne presente. Contento-me então em olhá-lO e deixar-me olhar por Ele. Mas por vezes parece que Ele deixou de existir para mim. Crer, apesar de tudo, na sua presença em mim é um ato de fé na sua palavra. O Senhor não precisa de uma sirene para se fazer entender!»
Um conselho: «O silêncio abre a capacidade de receber Deus, começando por abandonar nas suas mãos o que somos, com as nossas fraquezas e neuroses», explica o P. Antoine de Augustin, formador no Seminário de Paris.

5. Como alimentar a oração?
O recurso regular à Escritura é indispensável para aprender a conhecer Aquele ao encontro de quem se vai, ao mesmo tempo que se procura dar corpo à sua Palavra. Seguindo os Padres do Deserto, os monges praticam na solidão uma leitura orante da Bíblia (lectio divina). Esta prática, adaptada, pode ser retomada por todos os cristãos.
«A palavra de Deus é uma bússola que orienta tudo o resto», afirma o abade David. «Há 20 anos que leio a Escritura com o lápis na mão. Deus (...) confia-nos, delega-nos pelo seu Espírito a compreensão da Escritura. Eu esforço-me por a compreender, com os meus conhecimentos. Depois copio a palavra, o versículo que me toca, e deixo-o desdobrar-se, para além do pensamento. Copiar é ler sete vezes, diz-se. No silêncio, escuto o que Deus tem para me dizer, através desse versículo, como Ele se une a mim na minha personalidade, na minha vida, nas minhas provações. Isto reveste-me, acompanha-me durante o dia, permitindo-me talvez reconhecer, na palavra de um irmão, de um hóspede, de um amigo, como o Espírito trabalha.»
Um conselho: A Bíblia é uma pequena gota que penetra a pedra. Ler uma passagem bíblica, sem se preocupar demasiadamente em a analisar. Escolher uma palavra que interpele; escutá-la, voltar a escutá-la para deixar ressoar a palavra de Deus. Até um quarto de hora por dia...

6. Há métodos para orientar a oração?
Aprender a rezar é aprender a exprimir o desejo de Deus na presença de Deus. A liturgia comum é o espaço fundamental para esta aprendizagem. Ela articula-se com a oração solitária, pessoal, na qual o cristão se detém na presença do Pai, «que vê o oculto» (Mateus 6, 6).
«Há escolas espirituais e métodos que se desenvolveram ao longo dos séculos para encorajar, guiar, evangelizar esta oração», constata Pascale Paté, que com o seu marido pertence à comunidade Chemin-Neuf.
«Cada um corresponde à experiência de um homem ou de uma mulher. Inácio de Loyola, por exemplo, propõe uma pedagogia da oração, fruto da experiência que o conduziu a discernir a ação do Espírito de Deus nele, que transmitiu nos seus Exercícios Espirituais. Estas escolas podem ser necessárias para se pôr a caminho, ir mais longe, perseverar, aprender a deixar-se transformar».
Um conselho: Cabe a cada pessoa encontrar o caminho que melhor lhe convém. Começar por observar as propostas existentes perto de casa, na vida de todos os dias, ouvir os conselhos dos seus próximos, ver, experimentar.

7. Recitar uma oração é rezar?
Jesus condenou a repetição mas também deu como exemplo a viúva que não teve receio de importunar o juiz com um pedido insistente (Lucas 18, 1-8). A tradição cristã oferece muitas orações. O “Pai-nosso”, ensinado por Jesus aos seus discípulos, tem lugar privilegiado. Outras encerram uma referência evangélica, como a “Avé Maria” e o “Magnificat”, ou têm um lugar importante na tradição da Igreja, como o Símbolo dos Apóstolos (Credo) ou o Glória. É também possível meditar nos mistérios do Rosário ou dizer a “prece do coração” – «Senhor Jesus, Filho de Deus, tem piedade de mim, que sou pecador».
«O risco é a recitação maquinal, sem ser animado pelo desejo de união a Cristo», assinala o P. Patrice Gourrier, de Poitiers.
A prece do coração, explica, «foi concebida pelos padres orientais para afastar o fluxo dos pensamentos, abrir o vazio e criar um espaço de silêncio interior, para que Cristo habite sempre e cada vez mais a nossa personalidade.
Um conselho: rezar uma ou algumas destas orações em grupo atenua o risco da recitação mecânica. A oração em grupo é um apoio e uma experiência de comunhão.

8. A quem rezar: ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo?
«Os primeiros discípulos rezavam ao Deus dos seus Pais, que se tornou para eles o Pai de Jesus, aquele que Jesus amou e tornou conhecido como seu Pai e nosso Pai. É a Ele que damos graças, em particular pelo dom que nos concedeu através do seu Filho. Ao deixar que o Espírito ore em nós, comungamos com o amor de Jesus pelo Pai. É por isso que a oração cristã se dirige ao Pai, pelo Filho, no Espírito», lembra o P. Michel Rondet, jesuíta.
«A nossa oração pode partir do Filho, da meditação das suas palavras, da contemplação dos seus gestos, mas conduz-nos necessariamente ao Pai. Reciprocamente, não podemos rezar ao Pai sem nos revestirmos dos sentimentos de Jesus e viver do seu Espírito. A oração introduz-nos no movimento que une o Pai, o Filho e o Espírito, na sua comunhão. Não rezamos a Maria ou aos santos como rezamos ao Pai. Pedimos-lhes: ‘Ora por nós’, e não ‘Atendei-nos’».
Um conselho: na comunhão dos santos, unimo-nos à oração de Maria pelos homens, de que ela se tornou mãe aos pés da cruz. Confiamos nela porque, na nossa humanidade, foi associada de maneira única à obra da Trindade. E unimos os santos à nossa oração porque acreditamos que eles participam conosco nos cuidados pelo Reino.

9. É preciso ser acompanhado espiritualmente?
Apoiando-se na narração dos Evangelho onde Jesus foi levado ao deserto para ser tentado (Mateus 4, 1), todas as famílias espirituais asseguram: aquele que reza é forçosamente confrontado com os seus demónios. No século IV, João Cassiano, nas suas conferências sobre a oração que proferia aos monges, comparava o nosso espírito a um moinho cujas pás são movidas pelo vento. Cabe a nós não as impedir de girar, dizia, mas podemos dar-lhes a moer fermento ou joio.
«Em certos momentos, o acompanhamento espiritual pode ser necessário para verificar que não estamos no caminho errado, para desconstruir as armadilhas da ilusão e da omnipotência», afirma a Ir. Véronique Fabre.
«Por exemplo, quando só ouvimos aquilo que temos desejo de ouvir, deixando de lado certas passagens da Bíblia com o pretexto de que não as compreendemos. O acompanhamento pode também ajudar a não avaliar a nossa oração apenas à luz da emoção».
Um conselho: o acompanhamento não é o único meio de ser ajudado a caminhar na oração. O mais importante é não ficar só. Pode ser suficiente participar num grupo para se alimentar da Palavra de Deus, aceitando ser interrogado por ela.

10. O que fazer quando desaparece o gosto da oração?
«Esta aridez não tem nada de estranho. Ela é mesmo quase normal. Os autores antigos consideravam-na útil e fecunda. Purificar a oração é purificar o desejo, até que ele se conforme à vontade de Deus», diz o P. Maurice Bellet, filósofo e psicanalista.
Na época moderna, o desagrado, a falta de gosto provêm muitas vezes do aspeto regulamentar e obrigatório da oração, de um sentimentalismo ambíguo, de um dogmatismo que se torna estéril. Alguns prosseguem custe o que custar. É talvez a oração mais pura, dado que é a aceitação de que a relação seja nua, sem nada que satisfaça.
Mas este querer crer não deve transformar-se numa obstinação vazia de sentido. Orar é ser com Deus, numa relação viva onde Deus é Deus. Onde Deus é dom e ama verdadeiramente o homem.
Dado que se trata de ser com Deus, posso perguntar-me que oração me dá mais gosto: ler o comentário de um texto bíblico com um forte desejo de verdade? Ouvir a Paixão de Bach? Em tudo posso voltar-me para aquele que me é inatingível.»
Um conselho; quando não souber rezar, opte por aquilo que lhe convém... sem julgar o caminho escolhido por potros. Não esquecendo algo de muito concreto, que João anuncia na sua primeira carta (4-12). Deus é este Desconhecido, acima do abismo da ausência, que se revela nos nossos corações e nas nossas mãos quando nos fazemos próximos do próximo.

Martine de Sauto
In La Croix

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sobre a importância da penitência e confissão

Belo e profundo texto sobre a importância da penitência e da confissão, aqui.

sábado, 23 de outubro de 2010

Aprender a rezar com fé e confiança

Quanto mais Jesus se entristece pela falta de fé dos seus mais chegados de Nazaré (Mc 6,6,) e a pouca fé dos seus discípulos (Mt 8,26), tanto mais Se enche de admiração perante a "grande fé" do centurião romano (Mt 8, 10) e da cananeia (MT 15, 28), com uma fé que não hesita (Mt 21,22).

Cfr. Ponto 2610 do Catecismo da Igreja Católica

Cristo anseia pelo cristão

"Tu és para Ele como um membro em relação à cabeça; e, por isso, também Ele deseja ardentemente servir-Se d todas as tuas faculdades como se fossem suas, para servir e glorificar o Pai".

S. João Eudes. Cord. 1, 5 citado no ponto 1698 do Catecismo da Igreja Católica

Cidadãos do Céu

"Os cristãos estão na carne, mas não vivem segundo a carne.
Passam a vida na terra, mas são cidadãos do Céu".

Epístola a Diogneto 5, 8-9 citado no ponto 2796 do Catecismo da Igreja Católica.

Filiação e liberdade

"Nós, ou nos desviamos do mal por temor do castigo e estamos na atitude do escravo, ou vivemos à espera da recompensa e parecemo-nos com os mercenários; ou finalmente, é pelo bem em si e por amor d'Aquele que manda que obedecemos...e, então, estamos na atitude própria dos filhos,"
S.Basílio, Reg. Fusius, pról.3 citado no ponto 1828 da Catecismo da Igreja Católica

Consequências da filiação divina

A Filiação Divina leva-me na oração, a tratar Deus com confiança, com uma audácia filial para tudo pedir na oração, sem hesitações (Cfr. Ponto 2610 do Catecismo da Igreja Católica), com simplicidade e Amor e, no apostolado, a actuar com uma santa teimosia:
"Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias da tua vida passada. Lembra-te de que Cabeça e de que Corpo és membro. Não te esqueças que foste libertado do poder das trevas e transferido para a luz do Reino de Deus".
S.Leão Magno, Sermões 21, 2-3 citado no ponto 1691 do Catecismo da Igreja Católica

Filiação Divina e Infância Espiritual

Assim como as crianças alertam os colegas quando dizem "Olha que o meu pai é polícia", também nós, cristãos, conscientes da nossa Filiação Divina, devemos dizer à carne e ao Demónio, "Olha que Deus é o meu pai".
Por isso, também, ao rezarmos o Pai Nosso, lembremo-nos de quem somos filhos!
"A consciência que temos da nossa situação de escravos devia fazer-nos sumir no chão; a nossa condição terrena dissolver-se-ia em pó, se a autoridade do nosso Pai em pessoa e do Espírito de Seu Filho não nos levasse a soltar este grito "Abbá, Pai!" (Rm 8,15)"
Quando é que a fraqueza dum mortal se atreveria a chamar a Deus seu pai, senão apenas porque Jesus Cristo pagou tal dignidade com o preço do seu sangue derramado na Cruz ?
Cfr S.Pedro Crisólogo, Serm. 71 citado no ponto 2777 do Catecismo da Igreja Católica

Filiação Divina, fundamento da vida interior

A consideração da nossa filiação divina há-de ser o fundamento para o nosso plano de vida, para o nosso trabalho e a nossa piedade para com Deus.
Esta consideração deve também estar presente quando a Cruz se nos apresenta sem que a esperemos, no meio das dificuldades e contrariedades imprevistas.

Alegria e Filiação Divina

A alegria cristã é contrária a qualquer forma de desalento.
O cristão é alegre, por saber que o Senhor já triunfou; 1º ao morrer na Cruz e, depois, ao ressuscitar e habitar no meu próprio coração onde habita em estado de Graça Santificante.
O cristão torna-se, assim, deste modo, Filho de Deus, o que nos deve encher de um saudável orgulho e complexo de superioridade em face das dificuldades e tentações.

A Eucarístia: encontro de Deus com o homem

"(....) a Eucarístia apresenta-se como o grande e permanente encontro do homem com Deus, no qual o Senhor Se dá a Si próprio como "carne", para que nós- n'Ele e pela participação no seu caminho, possamos tornar-nos "espírito": tal como Ele, através da cruz, Se transformou num género novo de corporeidade e de humanidade, que fica permeada pela natureza de Deus, assim também este alimento deve ser para nós uma abertura da existência, uma passagem através da cruz e uma antecipação da nova existência de vida em Deus e com Deus".

Jesus de Nazaré, pág. 339
Papa Bento XVI

O caminho da Cruz

"E sabemos que ao longo dos séculos, e hoje também, os cristãos (...) precisam de ser instruídos sempre de nove pelo Senhor quanto ao facto de que o seu caminho (...) não é o caminho da glória e do poder terreno, mas o caminho da cruz.
Sabemos e constatamos que ainda hoje os cristãos- nós mesmos- chamamos Jesus de parte para Lhe dizer: "Deus te livre de tal, Senhor. Isso não há-de acontecer" (Mt. 16,22).
E porque temos cá as nossas dúvidas de que não intervenha para livrar do perigo, procuramos nós mesmos evitá-lo com todos os nossos estratagemas".

Jesus de Nazaré, pág. 372 e 373.
Papa Bento XVI

Ser sal no meio do mundo

A vida corrente oferece uma infinidade de situações em que se põe à prova essa identidade cristã, sermos sinais de esperança.
Quando nos empenhamos por ser fiéis à verdade sem temer as consequências e resistimos às pressões que induzem a actuar com ligeireza;
quando fazemos o firme propósito de antepor a paz na família ao amor-próprio, eliminando contas de agravos, com a disposição aberta à compreensão e ao perdão;
também quando renunciamos pessoalmente a algumas comodidades para obter uma maior liberdade de coração;
ou quando lutamos com valentia por levar uma vida limpa e sabemos rectificar e voltar a começar..., então somos sal.
R. Hernández Urigüen

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A oração da Vontade de Deus

"No evangelho de João é evidenciado com especial ênfase que Jesus con-sente totalmente com a vontade do Pai. De modo dramático, este processo para chegar ao con-sentimento, ao acto da fusão entre as 2 vontades é representado no episódio do Jardim das Oliveiras (...).
Aqui vemos o lugar da terceira petição do Pai Nosso: nela pedimos que o drama do Jardim das Oliveiras, da luta interior de toda a vida e actividade de Jesus se cumpra em nós; pedimos que, juntamente com Ele, o Filho, con-sintamos com a vontade do Pai, tornando-nos deste modo filhos também nós: na unidade de vontade que se torna unidade de conhecimento."


Jesus de Nazaré, pág. 420
Papa Bento XVI

O contéudo da oração

Quanto à oração mental:

"Esta oração pode e deve brotar sobretudo do nosso coração, das nossas aflições, esperanças, alegrias, sofrimentos, da vergonha pelo pecado bem como do agradecimento pelo bem, tornando-se assim uma oração totalmente pessoal"

Quanto à oração vocal e litúrgica:

"Bento, na rua regra, cunho a fórmula "mens nostra concordet voci nostrae"- o nosso espírito concorde com a nossa voz. Normalmente o pensamento precede a palavra, procura e forma a palavra; mas (...), na oração litúrgica em geral, passa-se o contrário: a palavra, a voz precede-nos, e o nosso espírito deve adequar-se a esta voz".

Jesus de Nazaré. Bento XVI. Pág. 176.

Proposta de plano de meditação

Quem quiser utilizar o presente blogue e as suas diferentes etiquetas como fonte de leitura e meditação, propomos aqui uma ordem para começo, meio e fim

Pecado
Penitência
Recomeçar
Metanoia
Humildade
Luta Interior
Mortificação
Cruz
Santidade
10º Santificação do trabalho
11º Filiação Divina
12º Eucarístia
13º Oferecimento de obras
14º Oração
15º Acção
16ºOrdem
17º Horário
18º Pequenas Coisas
19º Coerência de Vida
20º Baptismo
21º Amor de Deus
22º Advento
23º Vontade de Deus
24º Virtudes
25º sofrimento
26º Tribulação
27º Tentações
28º Pureza
29º Fé e confiança
30º Paz
31º Maria

Lutar e voltar a lutar

Militia est vita hominis super terram, et sicut dies mercenarii, dies eius, a vida do homem sobre a terra é milícia e os seus dias decorrem com o peso do trabalho. Ninguém escapa a este imperativo; nem os comodistas que põem resistência em aceitá-lo: desertam das fileiras de Cristo e afadigam-se noutras contendas para satisfazerem a sua preguiça, a sua vaidade, as suas ambições mesquinhas; são escravos dos seus caprichos. (...).
Renovai todas as manhãs com um serviam decidido – servir-te-ei, Senhor! – o propósito de não ceder, de não cair na preguiça ou na apatia, de enfrentar as tarefas com mais esperança, com mais optimismo, persuadidos de que, se sairmos vencidos em alguma escaramuça, poderemos superar esse desaire com um acto de amor sincero.
S. José Maria Escrivá de Balaguer
Amigos de Deus, 217.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Oh Jerusalém

"(...) Com efeito, ser cristão não é apenas ser de Cristo mas outro Cristo e, até, o próprio Cristo, segundo a eclesiologia paulina. Por isso, qualquer cristão tem, por força da sua fé, uma segunda nacionalidade, que o faz filho espiritual da Terra Santa.
São Lucas, ao narrar a entrada de Nosso Senhor em Jerusalém, já nas vésperas da sua Paixão e Morte, afirma que alguns fariseus, indignados pelo acolhimento triunfal então dispensado ao Mestre, pediram-Lhe que repreendesse os Seus discípulos, ao que Jesus retorquiu: «Em verdade vos digo que se eles se calarem, gritarão as pedras» (Lc 19, 40). E a verdade é que, ainda hoje, quanto mais os homens calam a mensagem de Jesus Cristo, mais as pedras de Jerusalém gritam a Boa Nova de Nosso Senhor.
(...)
Jesus, «ao ver a cidade [de Jerusalém], chorou sobre ela e disse: Se ao menos hoje conhecesses o dia que te pode dar a paz! . Dias virão em que os teus inimigos não deixarão em ti pedra sobre pedra, por não teres reconhecido o dia em que foste visitada» (Lc 19, 41-44).
É chegada a hora de rezar, sofrer, trabalhar e socorrer a Terra Santa, pedindo a Deus pelo sínodo romano e apoiando a Igreja que reza e sofre na nossa pátria hierosolimitana. Uma breve oração, um pequeno sacrifício, uma esmola, mesmo que escassa como a da pobre viúva, é uma lágrima a menos na face de Cristo vivo na Igreja da Sua terra e uma pedra viva na reconstrução da Jerusalém celestial.
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Os desafios da gestão do tempo

"Claro que todas estas facilidades nos impõem novos desafios, nomeadamente na gestão do nosso tempo, tão arduamente disputado por tanta oferta disponível, e na gestão da nossa vida espiritual, que nos querem vender ser de impossível conciliação com o bem-estar material. Mas até nisso o desafio pode ser maravilhoso no caso de considerarmos que ter um desafio é algo positivo.
Por mim não duvido de que necessitamos bastante de equilíbrio espiritual para melhor discernir sobre a abundância material. Aliás, os últimos 25 anos em Portugal são uma excelente prova em como o abandono da vida espiritual foi pernicioso face à novas abundâncias materiais proporcionadas pelos juros baixos e pela facilidade na contracção de dívida".

domingo, 10 de outubro de 2010

Assembleia diocesana do Algarve lança desafios

A assembleia diocesana da Igreja do Algarve reuniu, no passado dia 5 de Outubro, em Loulé.

Deixo aqui os meus comentários e destaques positivos e negativos às conclusões a que chegaram

POSITIVO

"Apelou-se à “coerência entre palavra e a acção”, ao nível pessoal e de organização pastoral, alertando para o “descrédito preocupante” que a ausência desta dimensão traz para a Igreja. Neste contexto lamentou-se o divórcio entre a vida e a fé vivido por muitos cristãos. “Se assumirmos a fé, de modo consciente, coerente e inteligente, podemos causar interrogação nos que nos rodeiam”, constatou-se, exortando-se à “radicalidade do testemunho” cristão em qualquer dimensão da sociedade. “Não podemos esperar que venham mas temos de ir ao encontro”, pediu-se".
Muito importante esta chamada de atenção, na linha do que o Papa, na sua visita, em Maio, já nos tinha dito e os Bispos Portugueses, mais tarde, têm vindo a reafirmar.
E quanto ao seu teor, faço também aqui o mea culpa pelas vezes em que não houve uma unidade total entre a minha fé e o meu dia a dia.
"É urgente conhecer os documentos do Concílio Vaticano II ao invés de falarmos da necessidade de outro concílio”
Muito oportuna esta chamada de atenção.
De facto, os documentos do Concílio Vaticano II são de uma enorme riqueza, até mesmo para a prática diária. Além de directrizes e luzes, dão-nos também indicações concretas sobre o nosso melhor modo de agir, nas mais variadas vertentes.
"(...) ensinamos pouco a viver, rezar e testemunhar a fé. Pomos muito acento no activismo e criamos pouco espaço para cultivo da dimensão espiritual, o que dificilmente conduz outros para a experiência de Deus"
Também é uma grande verdade. Mas para isso é necessário ensinar as pessoas a rezar. Ter tempo para rezar, de preferência, numa Igreja ou num oratório que esteja aberto e disponível. Saber e aprender a abstrair-se do ruído e concentrar-se na oração, se possível, integrando nela a acção passada e futura. Saber aprender a lutar contra as distrações na oração. Nada ou muito pouco disto é feito e poderia ser feito se a direcção espiritual fosse uma realidade na nossa Igreja.

Por fim, na conclusão da assembleia, a intervenção do Sr Bispo, como é habitual, foi muito boa e oportuna: Antes que eu olhe para os outros, olhe para mim primeiro:

"Como apelo final pediu a cada cristão que acate as orientações para si mesmo. “Quando falamos de Igreja falamos de nós. Somos nós que transmitimos a imagem da Igreja que somos”, lembrou, acrescentando que é Cristo que purifica a imagem da Igreja que está em cada um. “Para representarmos uma imagem diferente da Igreja que somos temos de reflectir a imagem de Cristo em nós. Gostaria que sentíssemos grande apelo a sermos portadores de Cristo Ressuscitado através de um anúncio alegre e ousado. Passa por cada um de nós, a resposta que somos chamados a dar a estas questões que aqui encontrámos”, concluiu.

NEGATIVO

o “despertar dos leigos chamados à corresponsabilidade dentro da Igreja"

É importante que existam leigos disponíveis para participar em certos ofícios essenciais, no âmbito da sua paróquia, tal como a leitura dos livros sagrados, a catequese, os coros e, se possível, a colaboração e assessoria na gestão financeira e patrimonial da paróquia.
Porém, não é essa a função primordial e mais importante dos leigos.
Aos leigos cabe (alimentando-se da palavra de Deus, da oração, da direcção espiritual e da formação na doutrina e no pensamento cristãos) actuar no meio do mundo, da sua actividade profissional, do seu meio familiar, na política, na cultura e na educação, de acordo com os carismas e competências de cada um.

"Damos muita doutrina"

Infelizmente, não me parece que isto seja verdade por 3 razões:

1) Porque há falta de catequistas bem formados, quer do ponto de vista pedagógico, quer do ponto de vista da doutrina.

2) Porque os sacerdotes não estão disponíveis para ir às catequeses, sobretudo, nos anos mais adiantados, para explicar a doutrina.

3) Porque nas homilias dominicais continua a fazer-se muito aquilo que o Santo Padre criticou na sua alocação aos Bispos, em Fátima, isto é, alusões genéricas e abstractas sem concretizar, sem especificar procedimentos e práticas que poderiam ser usadas pelos cristãos no seu dia a dia.

domingo, 19 de setembro de 2010

A verdadeira oração requer disciplina

Os pido que miréis vuestros corazones cada día para encontrar la fuente del verdadero amor. Jesús está siempre allí, esperando serenamente que permanezcamos junto a Él y escuchemos su voz. En lo profundo de vuestro corazón, os llama a dedicarle tiempo en la oración.
Pero este tipo de oración, la verdadera oración, requiere disciplina; requiere buscar momentos de silencio cada día. A menudo significa esperar a que el Señor hable. Incluso en medio del "ajetreo" y las presiones de nuestra vida cotidiana, necesitamos espacios de silencio, porque en el silencio encontramos a Dios, y en el silencio descubrimos nuestro verdadero ser. Y al descubrir nuestro verdadero yo, descubrimos la vocación particular a la cual Dios nos llama para la edificación de su Iglesia y la redención de nuestro mundo
Sin la vida de oración, sin la transformación interior que se lleva a cabo a través de la gracia de los sacramentos, no podemos, en palabras de Newman, "irradiar a Cristo"; nos convertimos en otros “platillos que aturden” (1 Co 13,1) en un mundo lleno de creciente ruido y confusión, lleno de falsos caminos que sólo conducen a angustias y espejismos.

Cristo chama-nos ao Amor de Deus

La Beata Teresa de Calcuta, la gran misionera de la Caridad, nos recordó que dar amor, amor puro y generoso, es el fruto de una decisión diaria. Cada día hemos de optar por amar, y esto requiere ayuda, la ayuda que viene de Cristo, de la oración y de la sabiduría que se encuentra en su palabra, y de la gracia que Él nos otorga en los sacramentos de su Iglesia.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O Papa convida à santidade

Dios quiere vuestra amistad. Y cuando comenzáis a ser amigos de Dios, todo en la vida empieza a cambiar. A medida que lo vais conociendo mejor, percibís el deseo de reflejar algo de su infinita bondad en vuestra propia vida. Os atrae la práctica de las virtudes. Comenzáis a ver la avaricia y el egoísmo y tantos otros pecados como lo que realmente son, tendencias destructivas y peligrosas que causan profundo sufrimiento y un gran daño, y deseáis evitar caer en esas trampas. Empezáis a sentir compasión por la gente con dificultades y ansiáis hacer algo por ayudarles. Queréis prestar ayuda a los pobres y hambrientos, consolar a los tristes, deseáis ser amables y generosos. Cuando todo esto comience a sucederos, estáis en camino hacia la santidad.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Nova evangelização: Um desafio pastoral

Bom texto do Sr Cardeal Patriarca de Lisboa sobre a necessidade de uma nova evangelização como consequência de uma conversão de vida interior, aqui.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O exemplo é o maior apostolado

São Francisco de Assis dizia, “Vão e prediquem o Evangelho a todas as nações, e se o necessitam, usem palavras!” Pensem nisto. Ele nos diz que prediquemos com nossas ações.

Jim Caviezel- Entrevista

Aversão ao pecado

If you are looking for an easy life, the Catholic faith isn't it. At least make a choice. If the Catholic life isn't for you, then hey, go - do something else - that's your choice. But if you're gonna say you are Catholic - live it. Live your life. That's what we need. We need warriors. We need saints on this earth right now. We need them so badly - we need people that turn their backs on sin.

Jim Caviezel- Entrevista

Rezar sempre

If you just begin your day on your knees, end your day on your knees - that's a lot right there. As you're coming into the light, you thank God, you get right, you say, 'God, forgive me of my sins,' Say the "Our Father." Say the "Hail Mary" and pray for the day-'God, shine through my actions,' and the light comes in. As the evening ends and the darkness comes, before you go to bed at night, you pray 'God, please be with me, God be with me, Holy Spirit fill me, Jesus love me.
And you pray again because you are going into the darkness. And that He will be with you in your dreams. Let God pierce that darkness, pierce the devil. He is with you all the time, every day.


(....)

If I choose not to give my day to God, you don't know if you're going to be taken that day. I've had plenty of friends who didn't know they were going to die the day they died. A good, good friend of mine died when he'd just turned 18. He had a whole life ahead of him. You don't know when, the time nor the hour. It's important.

Jim Caviezel- Entrevista

Lutar e recomeçar

The joy of God is in obedience. ... We have to pay our consequences, they're there, but the joy [is there], because we know we will see God, and we know He loves us, beyond anything, and God loves us all. ...

That right there is the greatest thing - that even when you fall, it's about getting up again. We're sinners, but you've got to get up. God knows what you've been through; He's been through it. But you've just got to get up again. When the devil says, 'Hey, see I got you, you're worthless.' You're not. You've got to get up again and that's what we've got to do. We've got to keep trying. And eventually we'll be there in heaven.

Jim Caviezel Entrevista

A nossa vida pode levar pessoas para o Céu

There are good and there are bad in this world. But our job is not to figure that out. We just know who we are and try to take as many people we can to Heaven by how we live our life.
Jim Caviezel- Entrevista

Reflectir a luz de Cristo

The point I'm trying to make is that you go to church on Sunday.
But the real Christ is out there in your life every day, whether it be the guy you help on the street, how you live your life, and your countenance that makes people want to be you.
And that comes with suffering, and part of that suffering is what draws others into it.
It shines a light upon them [and] it's a part of the persecution that [Jesus] underwent as well.

Jim Caviezel- Entrevista

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Nós somos os doentes e Deus o grande médico

"O que é esta vida senão uma grande sala cheia de pessoas mortalmente doentes, vigiadas "pelo grande médico que é Deus"?

Thomas More. Citado na biografia de Peter Acroyd. Pág. 260 citando Yale. Pág. 11

A Eucarístia em St. Tomas More

(A missa) era, isoladamente, o aspecto mais importante da sua vida e a fonte de onde brotava grande parte da sua severidade e da sua ironia, da sua gravidade e do seu bom humor".
"Thomas More- Biografia", de Peter Ackroyd
Página 87

A castidade nasce do Amor

A castidade nasce do amor; a força e a alegria da juventude não constituem obstáculo para um amor limpo. Jovem era o coração e o corpo de S. José quando contraiu matrimónio com Maria, quando conheceu o mistério da sua Maternidade Divina, quando viveu junto d'Ela respeitando a integridade que Deus lhe queria oferecer ao mundo como mais um sinal da sua vinda às criaturas. Quem não for capaz de compreender um amor assim conhece muito mal o verdadeiro amor e desconhece por completo o sentido cristão da castidade. (Cristo que passa, 40).
S.José Maria Escrivá de Balaguer

Fugir das ocasiões

"Havemos de fomentar nas nossas almas um verdadeiro horror ao pecado. "Senhor (repete-o de coração contrito), que nunca mais Te ofenda!".Mas não te assustes ao notar o lastro do teu pobre corpo e das paixões humanas: seria tolo e ingenuamente pueril que descobrisses agora que "isso" existe. A tua miséria não é obstáculo; é acicate para te unires mais a Deus, para O procurares com constância, porque Ele nos purifica. (Sulco, 134)
Não dialogues com a tentação. Deixa-me que to repita: tem a coragem de fugir; e a fortaleza de não experimentar a tua debilidade, vendo até onde podias chegar. Corta, sem concessões! (Sulco, 137)
Não tens desculpa nenhuma. A culpa é só tua. Se sabes (conheces-te o suficiente) que por esse caminho – com essas leituras, com essa companhia... – podes acabar no precipício, porque te obstinas em pensar que talvez seja um atalho que facilita a tua formação ou que amadurece a tua personalidade?Muda radicalmente de plano, ainda que te exija mais esforço, menos diversões ao alcance da mão. Já são horas de te portares como uma pessoa responsável". (Sulco, 138)
S. José Maria Escrivá de Balaguer

Lidar com a derrota

"Não nos cause estranheza o facto de sermos derrotados com relativa frequência, habitualmente ou até talvez sempre, em matérias de pouca importância ,que nos ferem como se tivessem muita.
Se há amor de Deus, se há humildade, se há perseverança e tenacidade na nossa milícia, essas derrotas não terão demasiada importância, porque virão as vitórias a seu tempo, que serão glórias aos olhos de Deus. Não existem os fracassos, se agimos com rectidão de intenção e queremos cumprir a vontade de Deus, contando sempre com a sua graça e com o nosso nada".
S.José Maria Escrivá de Balaguer
Cristo que passa, 76

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

humildade e caridade

S. Agostinho dizia que «a morada da caridade é a humildade» [9]. Unicamente sobre uma base de profunda humildade se aduba o terreno para que uma caridade sincera possa crescer.
A extraordinária humildade de Nossa Senhora, que em todo o momento quis que Deus actuasse na sua alma, sem se apropriar de qualquer tipo de méritos, conseguiu que o Senhor se inclinasse para Ela cada vez com mais amor, conduzindo-a de plenitude em plenitude até a receber na glória.Filhas e filhos meus, aprendamos com esta boa Mãe a actuar assim nas mais diversas circunstâncias. Até ao último momento teremos que lutar contra os inimigos da nossa santificação, especialmente contra o amor-próprio, o principal obstáculo que se opõe à nossa união com Deus.
Mas escutemos de novo S. Josemaria. Em certa ocasião, respon­dendo a quem lhe perguntava como lutar neste ponto da vida espiritual, insistia: «é bom que queiras lutar contra a soberba, mas eu, sem ser profeta, digo-te que terás inclinações de soberba até à última hora da tua vida. Pede ao Senhor que te faça humilde (…): quia respexit humilitatem ancillae suae (Lc 1,48). Deus Nosso Senhor olhou para ela porque viu a humildade da Sua Serva. Portanto, tu procura servir o Senhor e imitar Nossa Senhora na humildade.
No Evangelho, não a encontramos à hora dos grandes triunfos do seu Filho: vemo-la ao pé da Cruz. Mas também a encontramos no primeiro milagre: o Senhor fá-lo, porque a Virgem Santíssima lho pede. Pede-lhe tu o milagre de que te faça humilde a ti e de que me faça humilde a mim» [10].
D. Javier Echevarria
Carta pastoral de 8 de Agosto de 2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Fazer do trabalho oração e apostolado

Convencei-vos de que não se torna difícil converter o trabalho num diálogo de oração.
Basta oferecê-lo a Deus e meter mãos à obra, pois Ele já nos está a ouvir e a alentar.
Assim, nós, no meio do trabalho quotidiano, conquistamos o modo de ser das almas contemplativas, porque nos invade a certeza de que Deus nos olha, sempre que nos pede uma nova e pequena vitória: um pequeno sacrifício, um sorriso à pessoa importuna, começar pela tarefa menos agradável e mais urgente, ter cuidado com os pormenores de ordem, ser perseverante no dever quando era tão fácil abandoná-lo, não deixar para amanhã o que temos de terminar hoje... E tudo isto para dar gosto ao Nosso Pai Deus!
Entretanto, talvez sobre a tua mesa ou num lugar discreto que não chame a atenção, para te servir de despertador do espírito contemplativo, pões o crucifixo, que já se tornou para a tua alma e para a tua mente o manual onde aprendes as lições de serviço.
Se te decidires – sem fazer coisas esquisitas, sem abandonar o mundo, no meio das tuas ocupações habituais – a entrar por estes caminhos de contemplação, sentir-te-ás imediatamente amigo do Mestre e com o encargo divino de abrir os caminhos divinos da terra a toda a humanidade.
Sim, com esse teu trabalho contribuirás para que se estenda o reinado de Cristo em todos os continentes e seguir-se-ão, uma atrás da outra, as horas de trabalho oferecidas pelas longínquas nações que nascem para a fé, pelos povos do leste barbaramente impedidos de professar com liberdade as suas crenças, pelos países de antiga tradição cristã onde parece que se obscureceu a luz do Evangelho e as almas se debatem nas sombras da ignorância...
Que valor adquire então essa hora de trabalho, esse continuar com o mesmo empenho durante um pouco mais de tempo, alguns minutos mais, até rematar a tarefa.
Convertes assim, de um modo prático e simples, a contemplação em apostolado, como necessidade imperiosa do coração, que pulsa em uníssono com o dulcíssimo e misericordioso Coração de Jesus, Nosso Senhor.

S.José Maria Escrivá de Balaguer
(Amigos de Deus, 67)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O sentido da liturgia

"A verdadeira educação litúrgica (...) (consiste) na introdução do actio essencial (...), isto é, na introdução do poder transformador de Deus que, através do acontecimento litúrgico pretende transformar-nos a nós e ao mundo".
Cardeal Ratzinger
Discurso sobre a fé. Págs. 130 e 131.

A liturgia e a eucarístia

"Através da liturgia (...), a linguagem da mãe (Igreja) torna-se a nossa linguagem; aprendemos a falar sobre ela e com ela, de forma que as suas palavras assomam lentamente aos nossos lábios como as nossas palavras"
In Joseph Ratzinger "A Festa da Fé. A Teologia litúrgica. Jaca Book. 1984. Pág.30.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Para um rosto missionário da Igreja em Portugal


CARTA PASTORAL DOS BISPOS DE PORTUGAL
«COMO EU VOS FIZ, FAZEI VÓS TAMBÉM»
Texto integral aqui

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Santos com disponibilidade

"Para obter uma aplicação eficaz do Concílio e do serviço da Igreja no mundo, a solução não era procurada na reestruturação da burocracia eclesiástica (...).
A questão crucial era ver se existem santos dispostos a fazer algo de novo e de vivo".
In Testemunho da Esperança. Encontro de George Weigel com o Cardeal Ratzinger.

Fazer tudo por amor

"(...) o fato de que a pessoa humana certamente tem de trabalhar, empenhar-se nas ocupações domésticas e profissionais, mas tem necessidade antes de tudo de Deus, que é luz interior de Amor e de Verdade. Sem amor, inclusive as atividades mais importantes perdem seu valor, e não dão alegria.
Sem um significado profundo, todo nosso atuar reduz-se a ativismo estéril e desordenado.
Quem nos dá o Amor e a Verdade, a não ser Jesus Cristo?
Aprendamos, portanto, irmãos e irmãs, a nos ajudar uns aos outros, a colaborar, mas antes inclusive a escolher juntos a melhor parte, que é e será sempre nosso bem maior".

Angelus, 18 de julho de 2010
Papa Bento XVI

sábado, 10 de julho de 2010

Desagravar Maria

Há que desagravar o Imaculado Coração de Maria pelos muitos e diários ataques ao seu filho e indirectamente a si própria, ao ver que o seu filho, ao fim de 2 mil anos, continua diariamente a ser maltratado, cuspido, ofendido e crucificado pelos meus pecados e de todo o mundo

Exame de consciência sobre devoção mariana

Recorro a Nossa Senhora muitas vezes ao dia, invocando o seu coração maternal ?

Cumpro, com delicadeza, as normas e costumes marianos do meu dia a dia ?

Em particular, no Oferecimento de Obras, na oração do Angelus, no rezo do Terço, nas jaculatórias de senha e contra senha existem pormenores demonstrativos de uma relação intíma que só eu e Ela é que conhecemos e mais ninguém?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Santificar o trabalho e o dia, integrando-o na oração

Assim como o corpo precisa do ar para respirar e da circulação do sangue para se manter vivo, também a alma precisa de permanecer em contacto com Deus ao longo das vinte e quatro horas do dia. Por isso, a autêntica piedade leva a referir tudo ao Senhor: o trabalho e o descanso, as alegrias e as dores, os êxitos e os fracassos, o sono e a vigília. Como D. Álvaro escrevia em 1984, «entre as ocupações temporais e a vida espiritual, entre o trabalho e a oração, não pode haver só um “armistício” mais ou menos conseguido. Deve existir uma união plena, uma fusão que não deixa resíduos. O trabalho alimenta a oração e a oração enche o trabalho» [9].
Para alcançar esta meta, além do auxílio da graça, requer-se um esforço pessoal constante, que muitas vezes se concretiza em pequenos detalhes: dizer uma jaculatória ou uma breve oração vocal aproveitando uma deslocação ou uma pausa na tarefa, dirigir um carinhoso olhar à imagem do crucifixo ou da Santíssima Virgem, que discretamente colocámos no nosso lugar de trabalho, etc. Tudo isto serve para manter viva na alma uma orientação de fundo para o Senhor, a qual procuramos fomentar quotidianamente na Missa e nos tempos dedicados expressamente à meditação. E assim, mesmo que em muitas ocasiões estejamos concentrados nas várias ocupações, porque a mente se dedica completamente às diversas tarefas, a alma continua presa ao Senhor, e mantém com Ele um diálogo que não é de palavras, nem sequer de pensamentos conscientes, mas de afectos do coração, do desejo de fazer tudo, até o mais trivial, por Amor, com o oferecimento daquilo que nos ocupa.Quando actuamos com este interesse, o trabalho profissional converte-se numa palestra onde se exercitam as mais variadas virtudes humanas e sobrenaturais: a laboriosidade, a ordem, o aproveitamento do tempo, a fortaleza para rematar a tarefa, o cuidado das coisas pequenas… e tantos detalhes de atenção aos outros que são manifestações de uma caridade sincera e delicada.Convencei-vos de que não é difícil converter o trabalho num diálogo de oração. Assim que o oferecemos e metemos mãos à obra, já Deus nos está a ouvir e a alentar. Assim, nós, no meio do trabalho quotidiano, conquistamos a maneira de ser das almas contemplativas, porque nos conquista a certeza de que Deus nos olha, sempre que nos pede uma nova e pequena vitória: um pequeno sacrifício, um sorriso à pessoa importuna, começar pela tarefa menos agradável e mais urgente, ter cuidado com os pormenores de ordem, ser perseverante no dever quando era tão fácil abandoná-lo, não deixar para amanhã o que temos de acabar hoje... E tudo isto para dar gosto ao Nosso Pai Deus! Entretanto, talvez sobre a tua mesa ou num lugar discreto que não chame a atenção, para te servir de despertador do espírito contemplativo, pões o crucifixo, que já se tornou para a tua alma e para a tua mente o manual onde aprendes as lições de serviço [10].
Com a mesma força com que impulsionava a converter o trabalho em oração, o nosso Padre insistia na necessidade de não abandonar os tempos dedicados exclusivamente ao Senhor: a Missa e a Comunhão frequentes, os tempos de oração mental, o Terço e outras práticas de piedade amplamente experimentadas na Igreja. Com tanto mais cuidado e atenção quanto maiores forem as dificuldades, por causa de um horário de trabalho apertado, da fadiga ou dos momentos áridos que, mais tarde ou mais cedo, não faltam na vida de ninguém. «Tais exercícios – recordava D. Álvaro – não se hão-de conceber como interrupções do tempo dedicado ao trabalho, não são como parêntesis no decorrer do dia.
Quando rezamos, não abandonamos as actividades “profanas” para nos metermos nas actividades “sagradas”. Pelo contrário, a oração é o momento mais intenso de uma atitude que acompanha o cristão em toda a sua actividade e que cria o laço mais forte, porque é o mais íntimo, entre o trabalho realizado antes e o que se voltará a realizar imediatamente a seguir. E, de forma paralela, precisamente do trabalho saberá o cristão obter matéria com que alimentar o fogo da oração mental e vocal, impulsos sempre novos para a adoração, a gratidão, o confiado abandono em Deus» [11].
[9] D. Álvaro del Portillo, Il lavoro si transformi in orazione, artigo publicado na revista “Il Sabato”, 7-XII-1984 (“Rendere amabile la verità”, Livraria Editrice Vaticana, Roma 1995, p. 649).
[10] S. Josemaria, Amigos de Deus, n. 67.
[11] D. Álvaro del Portillo, cit., pp. 650-651.[12] S. Josemaria, Sulco, n. 514.
D.Javier Echevarria
Carta Pastoral de Julho de 2010

domingo, 30 de maio de 2010

Nós e a salvação

"(...) os ataques à nossa salvação vêm do interior de nós mesmos".
António Pinto Leite
Advogado
In Expresso

terça-feira, 18 de maio de 2010

O que é a entrega a Deus ?


"Estás disposto a dar-me a tua carne? O teu tempo ? A tua vida?
É esta a voz do Senhor que quer entrar também no nosso tempo, na vida dos homens, através de nós.
Ele procura uma morada viva. A nossa vida.
Eis a vinda do Senhor.
É isto que queremos aprender durante este tempo de advento: que o Senhor possa vir ao mundo através de nós."

Cfr. Bento XVI
Homília nas primeiras vésperas do 1º Domingo do Advento (26/11/2005)
In "Bento XVI: Pensamentos Espirituais" nº82, Lucerna 2006.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ardor de Santidade

"(...) decisivo, porém, é conseguir inculcar em todos os agentes evangelizadores um verdadeiro ardor de santidade, cientes de que o resultado provém sobretudo da união com Cristo e da acção do seu Espírito".
Bento XVI cita João Paulo II que dizia «A Igreja tem necessidade sobretudo de grandes correntes, movimentos e testemunhos de santidade entre os fiéis, porque é da santidade que nasce toda a autêntica renovação da Igreja, todo o enriquecimento da fé e do seguimento cristão, uma re-actualização vital e fecunda do cristianismo com as necessidades dos homens, uma renovada forma de presença no coração da existência humana e da cultura das nações» (Discurso no XX aniversário da promulgação do Decreto conciliar «Apostolicam actuositatem», 18/XI/1985).

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Deus procura justos para salvar a cidade dos homens

Na Sagrada Escritura, é frequente aparecer Deus à procura de justos para salvar a cidade humana e o mesmo faz aqui, em Fátima, quando Nossa Senhora pergunta: «Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele mesmo é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?» (Memórias da Irmã Lúcia, I, 162).

Precisamos de dar tempo a Deus para ouvi-lO e cumprir a Sua Vontade

Mas quem tem tempo para escutar a sua palavra e deixar-se fascinar pelo seu amor?
Quem vela, na noite da dúvida e da incerteza, com o coração acordado em oração?
Quem espera a aurora do dia novo, tendo acesa a chama da fé?
A fé em Deus abre ao homem o horizonte de uma esperança certa que não desilude; indica um sólido fundamento sobre o qual apoiar, sem medo, a própria vida; pede o abandono, cheio de confiança, nas mãos do Amor que sustenta o mundo.

Bento XVI
Fátima, 13-V-2010

Deus fala-nos através do nosso interior

"(...) Deus – mais íntimo a mim mesmo de quanto o seja eu próprio (cf. Santo Agostinho, Confissões, III, 6, 11) – tem o poder de chegar até nós nomeadamente através dos sentidos interiores, de modo que a alma recebe o toque suave de algo real que está para além do sensível, tornando-a capaz de alcançar o não-sensível, o não-visível aos sentidos.
Para isso exige-se uma vigilância interior do coração que, na maior parte do tempo, não possuímos por causa da forte pressão das realidades externas e das imagens e preocupações que enchem a alma (cf. Card. Joseph Ratzinger, Comentário teológico da Mensagem de Fátima, ano 2000). Sim! Deus pode alcançar-nos, oferecendo-Se à nossa visão interior".

Maria leva-nos ao Amor de Deus

Mais sete anos e voltareis aqui para celebrar o centenário da primeira visita feita pela Senhora «vinda do Céu», como Mestra que introduz os pequenos videntes no conhecimento íntimo do Amor Trinitário e os leva a saborear o próprio Deus como o mais belo da existência humana.
Uma experiência de graça que os tornou enamorados de Deus em Jesus, a ponto da Jacinta exclamar: «Gosto tanto de dizer a Jesus que O amo. Quando Lho digo muitas vezes, parece que tenho um lume no peito, mas não me queimo». E o Francisco dizia: «Do que gostei mais foi de ver a Nosso Senhor, naquela luz que Nossa Senhora nos meteu no peito. Gosto tanto de Deus!» (Memórias da Irmã Lúcia, I, 40 e 127).
(.....)
Com a família humana pronta a sacrificar os seus laços mais sagrados no altar de mesquinhos egoísmos de nação, raça, ideologia, grupo, indivíduo, veio do Céu a nossa bendita Mãe oferecendo-Se para transplantar no coração de quantos se Lhe entregam o Amor de Deus que arde no seu.

Não tenhais medo de falar de Deus

Não tenhais medo de falar de Deus e de ostentar sem vergonha os sinais da fé, fazendo resplandecer aos olhos dos vossos contemporâneos a luz de Cristo
Bento XVI
Fátima 12-V-2010

A obediência nasce de uma adesão livre e esclarecida da vontade

Queridos peregrinos, imitemos Maria, fazendo ressoar em nossa vida o seu «faça-se»! A Moisés, Deus ordenara: «Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é terra sagrada» (Ex 3, 5). E ele assim fez; calçará de novo as sandálias, para ir libertar o seu povo da escravidão do Egipto e conduzi-lo à terra prometida.
Não se trata simplesmente da posse dum pedaço de terreno ou dum território nacional que cada povo tem o direito de ter; na luta pela libertação de Israel e no seu êxodo do Egipto, o que aparece primeiro é sobretudo o direito à liberdade de adoração, à liberdade de um culto próprio. No decorrer da história do povo eleito, a promessa da terra acabou por assumir cada vez mais este significado: a terra é dada para que haja um lugar da obediência, para que exista um espaço aberto a Deus.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Fazer coisas belas e tornar a nossa vida lugar de beleza

"Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza".
Bento XVI
Alocução aos representantes da cultura
12/V/2010

Procurar Jesus, crescer na Sua amizade, comungá-lO e dá-lO a conhecer

SANTA MISSA
HOMILIA DO PAPA BENTO XVI
Praça Terreiro do Paço de Lisboa
Terça-feira, 11 de Maio de 2010
(Excerto)
Muitas vezes preocupamo-nos afanosamente com as consequências sociais, culturais e políticas da fé, dando por suposto que a fé existe, o que é cada vez menos realista. Colocou-se uma confiança talvez excessiva nas estruturas e nos programas eclesiais, na distribuição de poderes e funções; mas que acontece se o sal se tornar insípido?
Para isso é preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano.
A ressurreição de Cristo assegura-nos que nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja.
Portanto a nossa fé tem fundamento, mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós. Assim há um vasto esforço capilar a fazer para que cada cristão se transforme em testemunha capaz de dar conta a todos e sempre da esperança que o anima (cf. 1 Pd 3, 15):
(...)
Procurai sempre o Senhor Jesus, crescei na amizade com Ele, comungai-O. Aprendei a ouvir e a conhecer a sua palavra e também a reconhecê-Lo nos pobres. Vivei a vossa vida com alegria e entusiasmo, certos da sua presença e da sua amizade gratuita, generosa, fiel até à morte de cruz. Testemunhai a alegria desta sua presença forte e suave a todos, a começar pelos da vossa idade. Dizei-lhes que é belo ser amigo de Jesus e que vale a pena segui-Lo. Com o vosso entusiasmo, mostrai que, entre tantos modos de viver que hoje o mundo parece oferecer-nos – todos aparentemente do mesmo nível –, só seguindo Jesus é que se encontra o verdadeiro sentido da vida e, consequentemente, a alegria verdadeira e duradoura.
Buscai diariamente a protecção de Maria, a Mãe do Senhor e espelho de toda a santidade. Ela, a Toda Santa, ajudar-vos-á a ser fiéis discípulos do seu Filho Jesus Cristo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O valor das pequenas coisas para BXVI

"A verdadeira alegria esconde-se, por vezes, atrás das pequenas coisas e obtém-se cumprindo diariamente os deveres com espírito de serviço"

Discurso aos peregrinos reunidos por ocasião de canonização de 5 novos santos.
In "Pensamentos Espirituais nº 62", Lucerna, 2006.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Da pedofilia para a Santidade

Grande homilia de um padre de Brasília que encontrei, via Wagner Moura, onde aborda a questão da pedofilia na Igreja Católica virando o bico ao prego.
Ou seja, a pedofilia combate-se e previne-se com mais Santidade pessoal de cada um de nós. Só assim se eleva o nível espiritual e fazemos da terra o Céu.


segunda-feira, 5 de abril de 2010

Entrevista sobre Pedofilia na Igreja Católica

Entrevista concedida pelo Padre Gonçalo Portocarrero de Almada ao jornal Expresso para efeitos de elaboração de um artigo sobre o tema e não utilizada, diria, é pena…
1. Qual a sua opinião sobre o fenómeno da pedofilia na Igreja Católica?
Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada: Como é evidente, não posso deixar de lamentar todos os crimes de abusos de menores. Não só lamento sinceramente todos os casos de pedofilia como espero que as entidades civis e eclesiais competentes tomem as medidas adequadas para a total erradicação deste fenómeno na sociedade e na Igreja.Não ignoro, contudo, que a esmagadora maioria destes casos ocorre no seio das famílias, sobretudo das mais disfuncionais, e das instituições do Estado, como o triste caso Casa Pia demonstrou, e não nas instituições da Igreja que, embora também vulneráveis, são, por regra, exemplares no seu desinteressado e muitas vezes heróico serviço aos mais necessitados.
2. Como explica o facto deste fenómeno ter assolado a Igreja Católica?
Pe. GPA: Há um manifesto exagero na afirmação de que este fenómeno tem «assolado a Igreja». Temo que o sensacionalismo criado à volta destes casos e o modo como a Igreja Católica tem sido a eles associada por certa imprensa não seja de todo inocente.
3. Quer exemplificar?
Pe. GPA: Com certeza. Segundo Massimo Introvigne, que cita um estudo de 2004 do John Jay College of Criminal Justice, foram 958 os padres acusados de pedofilia nos Estados Unidos, num período de 42 anos, tendo resultado a condenação de 54, aproximadamente um por ano. Se se tiver em conta que nesse mesmo lapso de tempo foram condenados pelo crime de pedofilia 6.000 professores de ginástica e treinadores desportivos, é necessário concluir que o principal alvo desta campanha mediática não é a pedofilia, que é apenas um pretexto, mas a Igreja e, mais especificamente, o Papa e o sacerdócio católico.Com efeito, é significativo que, citando Jerkins, a maior parte dos casos de abusos de menores protagonizados nos Estados Unidos por clérigos tenham sido perpetrados por pastores protestantes e não por padres católicos e, no entanto, contrariando a mais elementar justiça e objectividade, são apenas estes últimos, em termos mediáticos, os bodes expiatórios...
4. Entende então que se trata de uma perseguição contra a Igreja Católica?
Pe. GPA: Certamente. Qualquer pessoa de bem, mesmo não sendo católica, vê com preocupação esta crescente onda de intolerância laicista, porque sabe que, hostilizada a Igreja Católica ou neutralizada a sua acção social, quem fica a perder é a família, porque nem o Estado nem nenhuma outra instituição é capaz de assegurar o serviço que a Igreja Católica presta às famílias portuguesas, sobretudo às mais carenciadas.
5. A Igreja portuguesa está a investigar com a necessária diligência as suspeitas sobre padres pedófilos?
Pe. GPA: Muito embora a hierarquia eclesiástica não possa, nem deva, ignorar as suspeitas de padres pedófilos, não só não é sua principal missão investigar estes casos como também não conta com estruturas adequadas para uma tal missão.Mais do que a lógica da suspeita e da delação, tão ao gosto dos novos fariseus, a Igreja há dois mil anos que se rege pela lógica da confiança e do perdão, seguindo o exemplo do seu Mestre que, embora provocando a indignação dos hipócritas, desculpou a adúltera, como também perdoou a tripla traição de Pedro. Mais do que poder ou tribunal, a Igreja é comunhão e família e, por isso, alegra-se e sofre com todas as glórias e misérias dos seus filhos.A Igreja, que é santa na sua origem e nos seus fins, é pecadora nos seus membros militantes que, contudo, não enjeita, se neles reconhece um autêntico propósito de conversão.
6. Quer com isso dizer que a Igreja condescende com a pedofilia do seu clero?
Pe. GPA: De modo nenhum, pois a Igreja não condescende nunca com a prevaricação de quantos, investidos na especialíssima responsabilidade do ministério sacerdotal, desonram essa sua condição.Possivelmente, a condenação mais severa de todo o Evangelho é a que Cristo dirige precisamente aos pedófilos e a quantos são motivo de escândalo para os mais novos. Esse ensinamento evangélico, como todos os outros, não é letra morta na doutrina, nem na praxe eclesial.
7. Pode dar alguns exemplos de documentos da Igreja sobre esta questão?
Pe. GPA: Sem a pretensão de ser exaustivo, permita-me que, a este propósito, recorde alguns dos mais recentes documentos da Santa Sé sobre este particular:- a instrução Crimen sollicitacionis, de 1922 e que, em 1962, o Beato João XXIII reafirmou e na qual se esclarece a obrigação moral de denunciar estes casos;- o Código de Direito Canónico, que reafirma a excomunhão automática, ou seja, a imediata expulsão da Igreja, do confessor que alicia o penitente, qualquer que seja a sua idade ou género, para um acto de natureza sexual;- o Catecismo da Igreja Católica, que renova a condenação da pedofilia;- e o documento De delictis gravioribus, de 2001, que regulamenta o Motu Proprio Sacramentum Sanctitatis tutela, do Papa João Paulo II que, para evitar qualquer local encobrimento destes delitos, atribui a necessária competência à Congregação para a Doutrina da Fé, então presidida pelo actual Papa.
8. Não obstante esta condenação formal da pedofilia, não é verdade que tem faltado vontade política de aplicar as correspondentes sanções?
Pe. GPA: À hierarquia da Igreja não tem faltado a firmeza necessária para punir os eclesiásticos que incorreram em actos desta natureza. Foi o que aconteceu a um cardeal arcebispo de uma capital centro-europeia, que foi recluído num convento e proibido de qualquer acto público. Foi também o caso do fundador de uma prestigiada instituição religiosa, que foi também suspenso do ministério pastoral, demitido das suas funções de governo na estrutura eclesial por ele fundada, que foi sujeita a inspecção canónica, e obrigado a residir em regime de quase-detenção numa casa religiosa.
9. E se se vier a verificar algum caso no clero português?
Pe. GPA: Como se sabe, graças a Deus não há memória de nenhum sacerdote português, diocesano ou religioso, que tenha sido alguma vez condenado por um crime desta natureza. Se porventura se desse também entre nós algum caso, não tenho dúvidas de que o nosso episcopado, de acordo com as normas a que está obrigado, saberia agir com justiça e caridade.
10. Concorda com as críticas veladas de vários sectores da sociedade que acusam a Igreja de pouco fazer para garantir a total transparência destes processos? A maioria dos casos suspeitos é, regra geral, arquivado pelo Ministério Público. Segundo algumas fontes policiais, «as vítimas retraem-se mais tarde, devido ao ascendente dos alegados agressores».
Pe. GPA: Dada a minha sensibilidade cristã e formação jurídica, causa-me algum desconforto o uso e abuso de expressões tão vagas e perigosas como «críticas veladas», «casos suspeitos», «alegados agressores», porque tendem a criar uma suspeição generalizada. Há um princípio geral de inocência que não pode ser contrariado: um político, um professor, um padre ou um desempregado que seja burlão não faz da sua mesma condição todos os políticos, professores, padres ou desempregados. Se um violador que é engenheiro, como o recentemente detido, não infama todos os engenheiros, nem suscita uma caça aos engenheiros violadores, porque razão um padre pedófilo, se o houver, provoca esta tão desmedida reacção nos meios de comunicação social?!
11. Pode-se dizer que a associação entre pedofilia e sacerdócio católico não é arbitrária, na medida em que é entre os padres que tendem a verificar-se delitos desta natureza?
Pe. GPA: Não, porque uma tal pressuposição carece de fundamento, como as estatísticas mais recentes provam. Por exemplo, na Alemanha, segundo Andrea Tornielli foram notificados, desde 1995, 210.000 casos de delitos contra menores, mas apenas 94 desses casos diziam respeito a eclesiásticos, ou seja, um para cada dois mil envolvia algum sacerdote ou religioso católico. O inquérito Ryan, sobre a situação na Irlanda, é também esclarecedor porque, num universo de 1090 crimes cometidos contra menores em instituições educativas, os religiosos católicos acusados de abusos sexuais foram 23.
12. Talvez alguém entenda que, muito embora haja também pedófilos que não são padres, o crime para que mais tendem os sacerdotes católicos é o abuso de menores.
Pe. GPA: Também não é verdade porque, de acordo com Mons. Scicluna, perito da Congregação para a Doutrina da Fé, que é o organismo da Santa Sé que superintende estes casos, entre os anos 2001 e 2010, houve notícia de 300 casos de pedofilia num total de 400.000 padres. Além disso, os abusos de menores são apenas 10% de todas as acções criminais praticadas por sacerdotes católicos.
13. Mas do ponto de vista da psiquiatria, tudo leva a crer que o celibato sacerdotal é, em boa parte, responsável pelos abusos de menores realizados pelo clero católico…
Pe. GPA: Pelo contrário. Manfred Lutz, um psiquiatra especialista na matéria, afirmou que o celibato sacerdotal não só não incita à prática destes crimes como até favorece uma atitude de respeito e de ajuda aos menores. Esta conclusão científica prova-se também pelo facto de, entre os clérigos condenados por este crime, haver mais pastores protestantes, casados, do que sacerdotes católicos, celibatários, e ainda porque a grande maioria dos pedófilos são casados o que, obviamente, não pode ser usado contra o casamento.
14. Consta na opinião pública que a maioria dos casos suspeitos de padres pedófilos, não é objecto de investigação, nem de posterior procedimento criminal…
Pe. GPA: Se assim é, de facto, não é certamente por culpa da Igreja, que nada tem a ver com as investigações policiais, nem muito menos com as diligências judiciais.Embora se tenda a crer que a Igreja e o seu clero gozam de um tratamento de excelência na sociedade portuguesa, a verdade é que não deve haver instituição pública nem classe profissional mais maltratada nos media do que a Igreja Católica e os seus sacerdotes.
15. Porque o diz?
Pe. GPA: Permita-me que lhe dê um exemplo. Há uns meses atrás, um pacato pároco português foi detido com enorme aparato por quatro ou cinco polícias trajados a rigor, como se o pobre padre de aldeia fosse um perigoso terrorista, quando na realidade era apenas um mero caçador que tinha por licenciar algumas armas. À notícia, transmitida nos noticiários televisivos, foi dado um aparato que, de não ser dramático, teria sido ridículo, até porque aquele pacífico sexagenário não representava nenhum perigo público. Não foi com certeza por acaso que se forjou toda aquela fantástica encenação, como também não foi por acaso que se convidaram as televisões…Mas factos ocorridos há dezenas de anos numa instituição pública, como a Casa Pia, e de que foram vítimas dezenas de adolescentes, ainda não conhecem uma decisão judicial… Será isto justiça?!
16. Mas não acha que o incumprimento de uma obrigação por um padre é um escândalo?
Pe. GPA: É verdade que é exigível aos prestadores de serviços públicos uma especial responsabilidade: é razoável que o incumprimento de uma obrigação fiscal por parte um governante seja notícia, mas já o não seja se o prevaricador for um anónimo cidadão. Mas o escândalo não pode ser utilizado como arma de arremesso ideológica, sob pena de que aconteça aos padres católicos de agora o que aconteceu aos judeus alemães, durante o regime nazi.
17. Surpreendem-no estes casos de padres pedófilos?
Pe. GPA: Nenhum pecado é surpresa para nenhum padre e todos os padres sabemos que somos capazes de todos os erros e de todos os horrores. Não é por acaso que, na Semana Santa, a Igreja recorda o tristíssimo caso de Judas Iscariotes, que muito significativamente os evangelistas não silenciaram, quando poderiam tê-lo feito, a bem do prestígio da sua condição sacerdotal e do bom nome da Igreja. Graças a Deus conheço muitos padres, quer seculares como eu, quer religiosos, e confesso-lhe que não conheço nenhum que não mereça a minha admiração.
18. Tem ouvido, mesmo que rumores, de casos de pedofilia por parte de alguns padres? Ou é uma completa surpresa para si a existência deste tipo de casos, que acabam por manchar o nome da instituição secular?
Pe. GPA: Tenho uma enorme devoção por todos os meus irmãos sacerdotes, na certeza de que até no menos bom há, pelo menos, a grandeza do dom e da missão a que foi chamado. Também não ignoro que nenhum de nós, por mais qualidades que possa ter, é indigno dessa graça, pelo que nunca me surpreenderá encontrar nos outros alguma da miséria que diariamente descubro em mim. Mas, mesmo que essa constatação possa de algum modo perturbar-me, confesso-lhe que mais do que a traição de Judas, me admira a santidade e o martírio dos outros onze apóstolos. Talvez por isso, não tenho tempo para ouvir esses rumores de que fala, ou tempo para olhar para essas manchas a que alude e que não ignoro, porque prefiro contemplar a eterna beleza da Igreja, que procuro amar com todo o meu coração.
19. Já denunciou algum caso às autoridades eclesiásticas?
Pe. GPA: Denunciar é um termo que não faz parte do meu dicionário e, como padre, a minha missão não é acusar o culpado, mas perdoar o arrependido.
20. Já teve alguma suspeita de abusos por parte de algum colega seu?
Pe. GPA: Como não é meu hábito falar das vidas alheias, permita-me que, em vez de falar dos meus colegas, lhe diga o que eu desejaria que me acontecesse se caísse numa dessas situações, até porque é isso mesmo que desejo aos meus irmãos sacerdotes.Se tivesse um dia a desgraça de incorrer nalgum comportamento menos próprio da minha condição sacerdotal, agradeceria que os meus irmãos na fé, padres ou não, tivessem a coragem de me fazerem a correcção fraterna, tal como Nosso Senhor determinou. Se o meu desvario persistisse, não obstante essa caridosa advertência, aceitaria de muito bom grado que o meu bispo utilizasse todos os meios ao seu dispor, sem excluir os civis e penais, para a minha emenda, na certeza de que essa expiação, embora dolorosa, contribuiria decerto para o bem das almas e para a minha salvação.

domingo, 4 de abril de 2010

Sem devaneios e adiamentos

Controle dos nossos gostos pessoais: levantando-se na hora prevista e sem atrasos, fazendo o que tem que fazer naquele momento estando aí 100% sem devaneios e adiamentos.

Vida em Sociedade

segunda-feira, 29 de março de 2010

Ataque laicista e maçónico contra o Santo Padre

Se existe um jornal que me vem à mente quando se fala de lobbies laicistas e anticatólicos, este é o New York Times. No dia 25 de março de 2010, o jornal de Nova York confirmou esta vocação sua com um incrível boato relativo a Bento XVI e ao cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone.
Segundo o jornal, em 1996, os cardeais Ratzinger e Bertone teriam ocultado o caso – indicado à Congregação para a Doutrina da Fé pela arquidiocese de Milwaukee – relativo a um padre pedófilo, Lawrence Murphy. Incrivelmente – após anos de esclarecimentos e depois que o documento foi publicado e comentado amplamente em meio mundo, desvelando as falsificações e erros de tradução dos lobbies laicistas –, o New York Times ainda acusa a instrução Crimen sollicitationis, de 1962 (na verdade, 2ª edição de um texto de 1922) de ter agido para impedir que o caso Murphy fosse levado à atenção das autoridades civis.
Os fatos são um pouco diferentes. Por volta de 1975, Murphy foi acusado de abusos particularmente graves e desagradáveis em um colégio para menores surdos.
O caso foi imediatamente denunciado às autoridades civis, que não encontraram provas suficientes para proceder contra Murphy. A Igreja, nesta questão mais severa que o Estado, continuou com persistência indagando sobre Murphy e, dado que suspeitava que ele fosse culpado, limitou de diversas formas seu exercício do ministério, apesar de que a denúncia contra ele tinha sido arquivada pela magistratura correspondente.
Vinte anos depois dos fatos, em 1995 – em um clima de fortes polêmicas sobre os casos dos “padres pedófilos” –, a arquidiocese de Milwaukee considerou oportuno indicar o caso à Congregação para a Doutrina da Fé. A indicação era relativa a violações da disciplina da confissão, matéria de competência da Congregação, e não tinha nada a ver com a investigação civil, que havia sido levada a cabo e que havia sido concluída 20 anos antes. Também é preciso observar que, nos 20 anos precedentes a 1995, não houve nenhum fato novo nem novas acusações feitas a Murphy. Os fatos sobre os quais se discutia eram ainda aqueles de 1975.
A arquidiocese indicou também a Roma que Murphy estava moribundo. A Congregação para a Doutrina da Fé certamente não publicou documentos e declarações 20 anos depois dos fatos, mas recomendou que se continuasse limitando as atividades pastorais de Murphy e que lhe fosse pedido que admitisse publicamente sua responsabilidade. Quatro meses depois da intervenção romana, Murphy faleceu.
Este novo exemplo de jornalismo lixo confirma como funcionam os “pânicos morais”. Para desonrar a pessoa do Santo Padre, desenterra-se um episódio de 35 anos atrás, conhecido e discutido pela imprensa local já na década de 70, cuja gestão – enquanto era da sua competência e 25 anos depois dos fatos – por parte da Congregação para a Doutrina da Fé foi canônica e impecável, e muito mais severa que a das autoridades estatais americanas.
De quantas destas ‘descobertas’ ainda temos necessidade para perceber que o ataque contra o Papa não tem nada a ver com a defesa das vítimas dos casos de pedofilia – certamente graves, inaceitáveis e criminais, como Bento XVI recordou com tanta severidade –, mas que tenta desacreditar um pontífice e uma Igreja que incomodam os lobbies pela sua eficaz ação de defesa da vida e da família?
Fonte: Zenit

quinta-feira, 18 de março de 2010

Evcharisto

Um síte sobre actualidade religiosa católica em português
Especial destaque para a secção "Recursos" com muito material para leitura e meditação.

sexta-feira, 12 de março de 2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

O Diabo está nos detalhes

"O Diabo está nos detalhes"
Zeinal Bava, administrador executivo da PT

segunda-feira, 8 de março de 2010

Conversão exige focalização

Hoje em dia, para que se dê uma conversão interior, não basta só o acesso às Sagradas Escrituras, nem muito menos, à doutrina da Igreja.
Em muitas situações, em que as pessoas viveram ou vivem no meio de grandes contradições, tentações, ruído, depressões, fracassos, desânimo, etc.., há também que actuar com alguma psicologia.
O Arcebispo norte-americano Fulton Sheen foi dos que mais utilizou as técnicas da psicologia na sua pastoral junto dos Media.
A Conferência Episcopal de Inglaterra e Gales tomou consciência desta situação e lançou, há uns tempos atrás, um site denominado Life 4 seekers que aborda o encontro de Deus através do encontro connosco próprios

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

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