domingo, 10 de outubro de 2010

Assembleia diocesana do Algarve lança desafios

A assembleia diocesana da Igreja do Algarve reuniu, no passado dia 5 de Outubro, em Loulé.

Deixo aqui os meus comentários e destaques positivos e negativos às conclusões a que chegaram

POSITIVO

"Apelou-se à “coerência entre palavra e a acção”, ao nível pessoal e de organização pastoral, alertando para o “descrédito preocupante” que a ausência desta dimensão traz para a Igreja. Neste contexto lamentou-se o divórcio entre a vida e a fé vivido por muitos cristãos. “Se assumirmos a fé, de modo consciente, coerente e inteligente, podemos causar interrogação nos que nos rodeiam”, constatou-se, exortando-se à “radicalidade do testemunho” cristão em qualquer dimensão da sociedade. “Não podemos esperar que venham mas temos de ir ao encontro”, pediu-se".
Muito importante esta chamada de atenção, na linha do que o Papa, na sua visita, em Maio, já nos tinha dito e os Bispos Portugueses, mais tarde, têm vindo a reafirmar.
E quanto ao seu teor, faço também aqui o mea culpa pelas vezes em que não houve uma unidade total entre a minha fé e o meu dia a dia.
"É urgente conhecer os documentos do Concílio Vaticano II ao invés de falarmos da necessidade de outro concílio”
Muito oportuna esta chamada de atenção.
De facto, os documentos do Concílio Vaticano II são de uma enorme riqueza, até mesmo para a prática diária. Além de directrizes e luzes, dão-nos também indicações concretas sobre o nosso melhor modo de agir, nas mais variadas vertentes.
"(...) ensinamos pouco a viver, rezar e testemunhar a fé. Pomos muito acento no activismo e criamos pouco espaço para cultivo da dimensão espiritual, o que dificilmente conduz outros para a experiência de Deus"
Também é uma grande verdade. Mas para isso é necessário ensinar as pessoas a rezar. Ter tempo para rezar, de preferência, numa Igreja ou num oratório que esteja aberto e disponível. Saber e aprender a abstrair-se do ruído e concentrar-se na oração, se possível, integrando nela a acção passada e futura. Saber aprender a lutar contra as distrações na oração. Nada ou muito pouco disto é feito e poderia ser feito se a direcção espiritual fosse uma realidade na nossa Igreja.

Por fim, na conclusão da assembleia, a intervenção do Sr Bispo, como é habitual, foi muito boa e oportuna: Antes que eu olhe para os outros, olhe para mim primeiro:

"Como apelo final pediu a cada cristão que acate as orientações para si mesmo. “Quando falamos de Igreja falamos de nós. Somos nós que transmitimos a imagem da Igreja que somos”, lembrou, acrescentando que é Cristo que purifica a imagem da Igreja que está em cada um. “Para representarmos uma imagem diferente da Igreja que somos temos de reflectir a imagem de Cristo em nós. Gostaria que sentíssemos grande apelo a sermos portadores de Cristo Ressuscitado através de um anúncio alegre e ousado. Passa por cada um de nós, a resposta que somos chamados a dar a estas questões que aqui encontrámos”, concluiu.

NEGATIVO

o “despertar dos leigos chamados à corresponsabilidade dentro da Igreja"

É importante que existam leigos disponíveis para participar em certos ofícios essenciais, no âmbito da sua paróquia, tal como a leitura dos livros sagrados, a catequese, os coros e, se possível, a colaboração e assessoria na gestão financeira e patrimonial da paróquia.
Porém, não é essa a função primordial e mais importante dos leigos.
Aos leigos cabe (alimentando-se da palavra de Deus, da oração, da direcção espiritual e da formação na doutrina e no pensamento cristãos) actuar no meio do mundo, da sua actividade profissional, do seu meio familiar, na política, na cultura e na educação, de acordo com os carismas e competências de cada um.

"Damos muita doutrina"

Infelizmente, não me parece que isto seja verdade por 3 razões:

1) Porque há falta de catequistas bem formados, quer do ponto de vista pedagógico, quer do ponto de vista da doutrina.

2) Porque os sacerdotes não estão disponíveis para ir às catequeses, sobretudo, nos anos mais adiantados, para explicar a doutrina.

3) Porque nas homilias dominicais continua a fazer-se muito aquilo que o Santo Padre criticou na sua alocação aos Bispos, em Fátima, isto é, alusões genéricas e abstractas sem concretizar, sem especificar procedimentos e práticas que poderiam ser usadas pelos cristãos no seu dia a dia.

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