terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Jesus é o nosso descanso

«Procurar no Coração de Cristo
o lugar de refúgio,
no meio da nossa fraqueza,
é uma resposta ao apelo
que Ele mesmo nos fez.
É em Jesus que encontramos o descanso
para a fadiga que nos trazem as dificuldades
com que tropeçamos todos os dias.
Encontrar Jesus
é encontrar o coração
de um verdadeiro amigo,
que nos traz felicidade e paz.»

Santo Henrique de Ossó | 1840 - 1896
Quarto de Hora de Oração, p. 273.275

Tornar Cristo conhecido e amado

«A Igreja precisa de pessoas
que saiam da apatia
e do indiferentismo
e trabalhem pelos irmãos necessitados.
E, sobretudo, precisa de apóstolos
que tornem Jesus Cristo
conhecido e amado.
Queres ser um deles?»

Santo Henrique de Ossó | 1840 - 1896
Quarto de Hora de Oração, p. 35

Um Deus que se esconde para nos provar

«É de notar que no Cântico dos Cânticos
a esposa compara o Esposo
ao veado e à cabra montesa,
dizendo:
“O meu Amado é semelhante a um gamo
ou a um filhote de gazela”.
Chama-lhe assim
não só por ser estranho,
solitário
e fugir a companhias, como o veado,
mas também devido à destreza
em se mostrar e esconder.
É o que costuma fazer
com as almas devotas:
visita-as para as consolar e animar,
mas depois foge e ausenta-Se para as provar,
humilhar
e ensinar.
Com isto faz-lhes sentir
com mais dor a ausência.»

S. João da Cruz | 1542 - 1591
Cântico Espiritual. 1, 15

Esforçar-se por procurar a Deus

«Muitos gostariam que Deus
não lhes custasse mais do que falar,
e até isso mal feito,
não querendo fazer por Ele
praticamente nada que lhes dê trabalho.
Alguns nem se mexem do lugar
dos seus gostos e consolações,
pois querem, deste modo,
que o sabor de Deus lhes chegasse à boca e ao coração
sem darem um passo
ou renunciar a qualquer dos seus gostos,
consolações e desejos inúteis.
Enquanto não se decidirem a procurá-l’O,
apesar de muito gritarem por Deus,
nunca O encontrarão.
Assim O procurava a esposa no Cântico dos Cânticos,
e
não O encontrou enquanto não saiu à Sua procura, como ela o diz por estas palavras:
“No meu leito, de noite, procurei o Amado da minha alma.
Procurei-O e não O encontrei.
Vou levantar-me e dar voltas pela cidade:
pelas praças e pelas ruas,
procurarei o Amado da minha alma
.”
E, depois de ter passado por alguns trabalhos,
diz que O encontrou.»

S. João da Cruz | 1542 - 1591
Cântico Espiritual. 3, 2

Cristãos apaixonados por Jesus

O Baptista pregava "um baptismo de conversão para o perdão dos pecados", disse o Papa, mas talvez nos perguntemos "porque nos devemos converter, se a conversão é para aquele que de ateu se torna crente, de pecador se faz justo, enquanto que nós já somos cristãos e, portanto, estamos bem".
Mas é mesmo desta presunção que nos devemos converter – sublinhou Francisco - da suposição de que, afinal, está bem assim e não precisamos de qualquer conversão, pois nem sempre temos na vida os mesmos sentimentos de Jesus:
“Por exemplo, quando recebemos alguma ofensa ou alguma afronta, conseguimos reagir sem animosidade e perdoar do fundo do coração quem nos pede perdão?
Quando somos chamados a partilhar alegrias e tristezas, sabemos sinceramente chorar com quem chora e alegrar-nos com quem se alegra?
Quando devemos exprimir a nossa fé, sabemos fazê-lo com coragem e simplicidade, sem envergonhar-nos do Evangelho”?
(....)
E se o Senhor nos mudou a vida, também nós devemos sentir a paixão de torná-lo conhecido a todos os que encontramos no trabalho, na escola, no prédio, no hospital, nos lugares de encontro.
À nossa volta, disse o Papa, vemos pessoas que estariam disponíveis a iniciar ou reiniciar um caminho de fé, se encontrassem cristãos apaixonados por Jesus."
 
Papa Francisco
Angelus, 6-XII-2015

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Cristo é o exemplo de expiação e penitência, sinal do Amor de Deus

«Encerrado nos nossos sacrários,
imolado nos nossos altares,
o nosso Salvador continua a oferecer-Se ao Pai
como vítima pela remissão
dos pecados da humanidade,
esperando que muitas pessoas generosas
se queiram unir a Ele,
fazerem-se um só com Ele,
participando do mesmo sacrifício,
para com Ele se oferecerem ao Pai
como vítima expiatória
pelos pecados do mundo.
Deste modo, Cristo Se oferece ao Pai
como vítima em Si mesmo
e, como vítima nos membros do seu Corpo Místico,
que é a Igreja.»

Serva de Deus Irmã Lúcia de Jesus | 1907 - 2005
Apelos da Mensagem de Fátima, cap. 10

A importância da Presença de Deus para manter o estado de Graça

«O exercício da presença de Deus
é o segredo para se conceber
o maior horror ao pecado,
avançar na perfeição
e tornar-se santo.»

Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado | 1894 - 1948
Escritos Vários, p. 15


Que ele [um jovem soldado]
se lembre disto o mais que possa.
Que se acostume pouco a pouco
a este pequeno, mas santo exercício;
ninguém pode vê-lo,
mas não há nada mais fácil
do que reiterar muitas vezes
durante o dia
estas pequenas adorações interiores.
Recomendai-lhe, por favor,
que se lembre sempre que possa de Deus,
da maneira que eu mostro aqui,
pois é própria e muito necessária
para um soldado
todos os dias exposto a perigos de vida
e até de salvação.»

Frei Lourenço da Ressurreição | 1614 - 1691
Carta06. 12 de Outubro de 1688.

A pornografia mata o amor

(...) em vida, porém, a pornografia deixa sequelas emocionais seriíssimas nas pessoas, de modo que se pode dizer que ela realmente mata a capacidade humana de amar. Olhando para o homem, é possível notar algo que o distingue de todos os animais: a capacidade que ele tem de se contrariar. Os animais podem ser contrariados – quando, por exemplo, um macho deseja uma fêmea, mas outro, mais forte que ele, o impede de acasalar –, mas não são capazes de fazer isso voluntariamente, pelo bem do outro, como o homem é capaz.
Com o vício, todavia, essa capacidade humana fica tremendamente comprometida. A pessoa que vê pornografia excessivamente e se masturba com frequência perde a própria força de vontade. Na medida em que cresce a dependência, as pessoas chegam a se masturbar sem sequer sentirem prazer.
Como, para proteger o organismo, os receptores dos neurônios bloqueiam a passagem de dopamina, cada ato sexual é cada vez menos satisfatório. É por isto que, depois de uma "farra masturbatória", os jovens ficam extremamente nervosos: já que não conseguiram o prazer fácil que desejavam, eles se iram.
Fechadas em si mesmas e transformadas por uma visão completamente distorcida de sexualidade, as pessoas chegam a se tornar incapazes de uma relação sadia com os outros.
O próprio relacionamento conjugal é abalado. Aos esposos adictos se seguem esposas tristes e inseguras.
As mulheres veem, com toda a clareza, que não conseguem ter a beleza das atrizes pornográficas, que têm o seu corpo baseado em mentiras, cirurgias plásticas e montagens de computador.
Os maridos, por sua vez, acostumados à ilusão inventada pela indústria pornográfica, passam a sofrer de problemas como impotência e disfunção, prejudicando deveras o seu casamento.
A pornografia realmente mata o amor, desumaniza o ser humano. Que tenhamos, pois a coragem de assumir a doença e buscar a restauração.
Corações ao alto!

Padre Paulo Ricardo

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Avançar um passo a cada dia, sem retroceder

"(...) a nossa fraqueza, o pecado original e o diabo sempre nos levam para trás”. 

O autor da Carta aos Hebreus, acrescentou, “nos adverte contra esta tentação de retroceder”, de “regredir, de ceder”

É preciso “ir avante – exortou – sempre: um pouco a cada dia” mesmo “quando existe uma grande dificuldade”:

“Alguns meses atrás, encontrei uma mulher. Jovem, mãe de família – uma bela família – que tinha um câncer. Um câncer feio. Mas ela vivia com felicidade, agia como se estivesse saudável. E falando desta atitude, me disse: ‘Padre, faço de tudo para vencer o câncer!’. 
Assim deve ser o cristão. Nós que recebemos este dom em Jesus Cristo e passamos do pecado, da vida de injustiça à vida do dom em Cristo, no Espirito Santo, devemos fazer o mesmo. 
Um passo a cada dia. Um passo a cada dia”.

(...)

O Papa indicou algumas tentações, como a “vontade de falar mal” de alguém
E naquele caso, disse, é preciso se esforçar para calar. 
Ou quando ficamos com preguiça de rezar, mas depois acabamos rezando um pouco. Partir das pequenas coisas, reiterou Francisco:

“Nos ajudam a não ceder, a não retroceder, a não voltar para a injustiça, mas a ir avante rumo a este dom, esta promessa de Jesus Cristo, que será propriamente o encontro com Ele. 
Peçamos ao Senhor esta graça: de sermos bons, de sermos bons neste treinamento da vida rumo ao encontro, porque recebemos o dom da justificação, o dom da graça, o dom do Espírito em  Cristo Jesus”. 


Homilia do Papa Francisco na Casa de Sta Marta, 22 de Outubro de 2015

domingo, 18 de outubro de 2015

Daí-nos um coração Misericordioso

Lucas 6, 37-46



"Mas a vós, que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam;
Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.
Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses;
E dá a qualquer que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir.
E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também.
E se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam.
E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo.
E se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto.
Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus.
Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.
Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão.
Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo.
E dizia-lhes uma parábola: Pode porventura o cego guiar o cego? Não cairão ambos na cova?
O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre.
E por que atentas tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?
Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão".
(..)
O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca.
E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?
Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante:
É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha.
Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa"
Lucas 6:35-49

Vigilância e discernimento

Num caminho de fé “as tentações voltam sempre, o espírito ruim não se cansa nunca”. Quando é expulso “tem paciência, espera para voltar” e quando entra, cai em uma situação pior.
De fato, antes, sabia-se que era “um demônio que atormentava”.
Depois, “o Maligno se esconde, vem com seus amigos muito educados, bate à porta, pede licença, entra, convive com o homem na sua vida cotidiana e pouco a pouco, dá as instruções”. Com “esta modalidade educada” o diabo convence a “fazer as coisas com relativismo”, tranquilizando a consciência:
“Tranquilizar a consciência, anestesiar a consciência, é um grande mal. Quando o espírito ruim consegue anestesiar a consciência, pode-se falar de uma verdadeira vitória: se transforma no dono daquela consciência. ‘Mas isto acontece em todo lugar! Sim, mas todos, todos temos problemas, todos somos pecadores, todos...’ E em todos, inclui-se o ‘ninguém’. Ou seja, ‘todos menos eu’. E assim se vive a mundanidade, que é filha do espírito ruim”.
O Papa reitera as duas palavras: vigilância e discernimento:
Vigilância: a Igreja nos aconselha sempre o exercício do exame de consciência:
o que aconteceu hoje no meu coração?
Veio a mim o demônio bem educado com seus amigos?
Discernimento: de onde vêm os comentários, as palavras, os ensinamentos... quem diz isto?
Discernir e vigilar, para não deixar entrar aquilo que engana, que seduz e fascina.
Peçamos ao Senhor a graça do discernimento e a graça da vigilância”. 
 
Homilia do Papa Francisco na Casa de Santa Marta, 9 de Outubro de 2015

Rezemos muito para não cair na hipocrisia de vida

Diante de todos estes medos que nos colocam aqui e ali, e que nos coloca o vírus, o fermento da hipocrisia farisaica, Jesus nos diz: “Há um Pai. Há um pai que ama você. Há um Pai que cuida de você'”.
E há uma só maneira de evitar o contágio, diz Papa Francisco.
É o caminho indicado por Jesus: rezar. A única solução, concluiu, para evitar cair naquela “atitude hipócrita que não é nem luz, nem escuridão”, mas é “a metade” de um caminho que “nunca vai chegar à luz de Deus”:
Rezemos. Rezemos muito

Homilia do Papa Francisco na Casa de Santa Marta, 16 de Outubro de 2015

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Ser em tudo muito agradecidos.

«Graças a Deus» é a frase que lhe escutava mais vezes.
Saí dos seus lábios com naturalidade, sem enjôos: ao acabar a Missa ou depois da oração, ao terminar um trabalho, depois de um passeio ou de um tempo de exercício ou quando ouvia relatos que mostravam a fecundidade espiritual (...)

«Sede agradecidos, meus filhos, e sereis fiéis; e recordai que servir é uma das melhores manifestações das acções de graça».

Beato Álvaro del Portillo.


Salvador Bernal. Recordações de Álvaro del Portillo, prelado do Opus Dei. Rialp. 3ª Edição. Página 275

Focar a nossa vida sub specie aeternitatis

"Na última época que vivi junto de Don Álvaro foi no verão de 1993, quando o operaram às cataratas dos seus olhos.
Resumi as minhas impressões com três frases que repetiu muito nessa época:
- «graças a Deus»;
- «pois se oferece já está»;
- «o que é que se vai fazer»
(...)
Don Álvaro manifestava-se cada dia mais humano e afectuoso, porque focava os acontecimentos sub specie aeternitatis, pendente só de Deus e da sua glória e, desde Ele, atento também às necessidades de todos.
As palavras e as acções vertiam ao exterior os afãs e sentimentos da sua alma: um completo abandono nas mãos do Senhor, enquanto trabalhava com afinco na sua presença."

Salvador Bernal. Recordações de Álvaro del Portillo, prelado do Opus Dei. Rialp. 3ª Edição. Página 274

A cruz diária na nossa vida

"Se realmente amarmos este Cristo abandonado, que é novamente crucificado, não poderemos afastar a Cruz na nossa própria vida. 
Pois ninguém poderá estar unido a Ele se não partilhar dos seus sofrimentos."

Padre Werenfried van Straaten

domingo, 4 de outubro de 2015

Ao dar-se em pão, Deus quer devorar-nos

«“Quem come a minha carne
e bebe o meu sangue,
permanece em Mim e Eu nele.”
O amor de Cristo é generoso.
Dá tudo o que tem e tudo o que É;
mas retira tudo o que temos,
ou tudo o que somos.
Tem uma imensa fome
que nos quer devorar absolutamente.
Penetra até à medula dos ossos
e quanto mais Lho permitimos com amor,
tanto mais amplamente O saboreamos:
Conhece a nossa pobreza,
mas prescinde dela e de nada nos dispensa.»
«Em nós, Ele próprio faz o seu pão,
primeiramente queimando no Seu amor,
vícios, faltas e pecados.
Depois, quando nos vê puros,
quer consumir a nossa vida
para a transformar na Sua,
cheia de graça e de glória
e destinada a ser nossa,
se nos renunciarmos a nós mesmos.
Se os nossos olhos fossem suficientemente sãos
para ver esta ávida apetência de Cristo,
que tem fome da nossa salvação,
nenhum esforço nos impediria de voar
para esta boca aberta.
Isto quase parece um absurdo,
mas os que amam, compreendem!»

Beata Isabel da Trindade | 1880 - 1906
O Céu na Terra, 18

Aprender a confiar em Deus em tempo de necessidade

«Aprendamos [em tempo de necessidade]
a confiar em Deus,
a fiarmo-nos n’Ele,
a esperar na sua paternal protecção,
e não temas que Ele nos abandone;
não deixa de ouvir
a quem O invoca e procura
de bom coração.»

Beato Francisco Palau | 1811 - 1872
Carta 46, 2

Deus só precisa do nosso amor

«Eis portanto, tudo o que Jesus exige de nós.
Não precisa para nada das nossas obras,
mas unicamente do nosso amor;
porque o mesmo Deus que declara
não ter necessidade nenhuma de nos dizer se tem fome,
não receou mendigar um pouco de água à Samaritana.
Tinha sede... Mas ao dizer: “Dá-me de beber”,
era o amor da sua pobre criatura
que o Criador do universo reclamava.
Tinha sede de amor...»

Santa Teresa do Menino Jesus | 1873 - 1897
Manuscrito B. 1vº

Julgar-se uma pequena coisa

«Julga-te
uma pequena coisa que passa
e serás grande
em sabedoria.»

Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado | 1894 - 1948
Pensamentos sobre imagens, 1ª série 44, p. 18

O mundo está cheio de ingratos a Jesus


«Ah! sinto mais do que nunca
que Jesus está sedento.
Não encontra senão ingratos e indiferentes
entre os discípulos do mundo;
e entre os seus próprios discípulos
encontra, infelizmente, poucos corações
que a Ele se entreguem sem reserva,
que compreendam toda a ternura
do seu Amor infinito.»

Santa Teresa do Menino Jesus | 1873 - 1897
Manuscrito B. 1vº

O valor do silêncio

«O silêncio não é inoperante,
faz trabalhar a mente e o coração,
conduz a alma a olhar como num espelho
a vida vivida,
transporta-nos às visões celestes do último fim,
esculpe na vontade
com caracteres indeléveis
os melhores propósitos.
O tempo do silêncio é o mais precioso,
porque nele trabalham Deus com a Sua graça
e a nossa alma pela sua docilidade.
O silêncio externo
com a eloquência interna dos transportes amorosos
conduz aos êxtases.
A paz que aí se saboreia é tão amável,
que o silêncio se torna
o mais poderoso íman.»

Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado | 1894 - 1948
Escritos Vários, p. 45

Morder a lingua antes de falar mal dos outros

“A nossa tarefa – destacou Francisco – em meio às “notícias de guerras, de ódio, inclusive nas famílias – é ser “homens e mulheres de paz, homens e mulheres de reconciliação”:
“E nos fará bem nos perguntar: ‘
Eu semeio paz? 
Por exemplo, com a minha língua, semeio paz ou semeio intriga?’. 
Quantas vezes ouvimos dizer de uma pessoa: ‘Mas tem uma língua de serpente!’, porque sempre faz o que o serpente fez com Adão e Eva, destruiu a paz. 
E isto é um mal, esta é uma doença na nossa Igreja: semear a divisão, semear o ódio, não semear a paz. 
Mas esta é uma pergunta que nos fará bem fazê-la todos os dias: ‘Hoje eu semeei paz ou semeei intriga?’. ‘Mas, às vezes, é preciso dizer as coisas porque aquele ou aquela…’: o que se semeia com esta atitude?”.
Os cristãos, portanto, são chamados a serem como Jesus, que “veio até nós para pacificar, para reconciliar”:
“Se uma pessoa, durante a sua vida, não faz outra coisa que reconciliar e pacificar ela pode ser canonizada: aquela pessoa é santa. Mas devemos crescer nisto, devemos nos converter: jamais uma palavra que seja para dividir, jamais, jamais uma palavra que provoque guerra, pequenas guerras, jamais mexericos.  Eu penso: o que são as fofocas? Eh, nada, dizer uma palavrinha contra outra pessoa ou contar uma história: ‘Aquela pessoa fez…’. Não! Fofocar é terrorismo, porque quem fofoca é como um terrorista que joga a bomba e vai embora, destrói: destrói com a língua, não promove a paz. Mas é esperto, eh? Não é um terrorista suicida, não, não, ele se protege bem”.
O Papa Francisco, então, repetiu uma pequena exortação:
“Todas as vezes que me vier à boca a vontade de semear discórdia e divisão e falar mal do outro... Morder a língua! Eu garanto, eh? Se fizerem este exercício de morder a língua ao invés de semear discórdia, no início a língua vai inchar, ficar ferida, porque o diabo nos ajuda nisso, pois é o seu trabalho: dividir”.
E então, o Pontífice fez uma oração final: 
“Senhor, tu que deste a tua vida, dá-me a graça de pacificar, de reconciliar. 
Tu derramastes o teu sangue, mas que eu não me importe de a minha língua inchar um pouco se mordê-la antes de falar mal dos outros”.
Papa Francisco
Homilia na Casa de Sta Marta, 4 de Setembro de 2015

Só tem que se deixar levar pelo Espírito

«Aquele a quem o próprio Deus
concedeu a graça de introduzir
no próprio interior
e se entregou a Ele por inteiro
na união de amor…
esse só tem que se deixar guiar
e levar pelo Espírito de Deus
que sensivelmente o está empurrando…»


Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) | 1891 – 1942
Ciência da Cruz

sábado, 3 de outubro de 2015

A importância do Amor de Deus

"Sem amor, toda a oração, toda a mortificação, toda a piedade não passa decepção ou hipocrisia, que Deus abomina"
Padre Werenfried

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Negligência, a dissipação, os apegos

"Com absoluta confiança devemos acreditar que Deus não há-de permitir que sejamos tentados acima das nossas forças, fiel como é às suas promessas; mas isto na condição de que «quem pensa que está firme, mire para que não caía», e de que cada um «vele e reze para não cair em tentação».
Nas consolações e na aridez, nas luzes e nas obscuridades, na calma e na tempestade, no meio destas e outras vicissitudes que agitam a vida espiritual, haveremos de começar por suprimir, se disso houver necessidade, a negligência, a dissipação, os apegos, quantas causas voluntárias se oponham à graça; procurando ao mesmo tempo permanecer constantes no nosso dever em face de tantas tantas variações".

 Santo Abandono Lehodey Página 35

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Em contínua vigilância

«Tudo me impede
de me lançar unicamente em Deus.
Não encontro outro remédio
do que operar em fé,
com uma contínua vigilância.»

Santa Teresa Margarida de Redi | 1747 - 1770
Carta 9

Torna-me fiel às pequenas luzes e inspirações

«Ó meu Deus,
torna-me fiel às pequenas luzes,
às pequenas inspirações.»

Beata Maria de Jesus Crucificado | 1846 - 1878
Elevações espirituais, 55
Senhor,
Ajuda-me a compreender
cada vez mais profundamente
que tudo na minha vida depende
de pequenos passos possíveis.
Um de cada vez, dia após dia…
e ao fim de algum tempo
será muito grande o percurso andado.
As grandes coisas
fazem-se de muitas pequenas coisas.
Sim, faz-me fiel às pequenas inspirações
e luzes de cada dia, de cada momento
e dá-me a fidelidade
para as pôr em prática.
Ajuda-me, Senhor!

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Não permitais que a minha alma se junte aos pecadores

Salmos 26(25),2-3.9-10.11-12.

"Observai-me, Senhor, e ponde-me à prova, purificai-me os rins e o coração.
Tenho sempre diante de mim a vossa bondade e deixo-me guiar pela vossa verdade.
Não permitais que a minha alma se junte aos pecadores, nem a minha vida aos homens sanguinários. Suas mãos estão cheias de crimes e a sua dextra foi subornada.
Eu, porém, procedo com retidão: salvai-me e tende piedade de mim."

Renovai-vos pela transformação espiritual da vossa inteligência

Carta de S.Paulo aos Efésios 4,17.20-24
 
Irmãos: Eis o que vos digo e aconselho em nome do Senhor:
Não torneis a proceder como os pagãos, que vivem na futilidade dos seus pensamentos.
Não foi assim que aprendestes a conhecer a Cristo,
se é que d’Ele ouvistes pregar e sobre Ele fostes instruídos, conforme a verdade que está em Jesus.
É necessário abandonar a vida de outrora e pôr de parte o homem velho, corrompido por desejos enganadores.
Renovai-vos pela transformação espiritual da vossa inteligência

e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus na justiça e santidade verdadeiras.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

A luta diária segundo Santo Inácio de Loyola

O caminho Inaciano é um caminho cristão que, afirmou o Papa jesuíta, leva a descentrar-se, a sair de si mesmos, do amor a si próprio, para colocar Jesus ao centro de tudo. Trata-se de um caminho não fácil, porque todos nós somos pecadores: “Há dias de obscuridade, jornadas de falências, mas, o que importa, na arte de caminhar, não é não cair, mas não permanecer no chão”.
Logo, não devemos demorar em nos levantar, imediatamente, da queda e sim prosseguir, com força e confiança no Senhor, porque, com Jesus, tudo é possível.
O Bispo de Roma recorda que este “caminho criativo” do cristão é também um “caminho inquieto”, como diz Santo Inácio, porque visa o “horizonte, que é a glória de Deus”. Quem percorre este caminho deve estar em contínua busca de Deus, com “um coração que não se acomoda e nunca está satisfeito”. Esta é uma inquietude “bela e santa”.
(...) devemos “caminhar com Jesus, com um coração atento aos seus ensinamentos. Trata-se de um “caminho de profunda conversão”, trilhado por pecadores, por pessoas  fracas, que, porém, desejam “deixar-se conquistar por Cristo”!
 
Papa Francisco, 31-07-2015, dia de Stº Inácio de Loyola.

Como santificar o trabalho ?

A propósito da forma como o Beato D. Álvaro del Portillo vivia o trabalho e os afazeres quotidianos, "ao seu lado avançava-se com ritmo e com enorme tranquilidade, sem perder o alento em estradas agitadas: uma coisa atrás da outra, com ordem, com muita ordem, com retidão de intenção: com a força de quem não atua por interesse próprio mas para Glória de Deus.
(...)
Não o angustiava o excesso de tarefas pois havia aprendido do fundador do Opus Deis que «ter muito trabalho é só ter muita matéria que santificar».
Explicava o Beato Álvaro del Portillo a uma perguntava que lhe faziam em Estocolmo, a propósito do problema da falta de tempo: «Para que o tempo se multiplique, segundo o conselho prático do Nosso Padre, temos de ter mais presença de Deus. Então, trabalharemos com mais paz e com mais intensidade, com mais desejo de fazer as coisas bem.
O resultado é que o tempo se multiplica, porque fazemos as coisas melhor, com mais ilusão, com mais interesse em acertar.
Por isso, divagamos menos e percamos menos tempo».
(...)
«Não está um para fazer o que quer, mas sim o que deve»

In "Recordações de Álvaro del Portillo". Salvador Bernal. Editora Rialp. Páginas 215

Os frutos da fidelidade

No início de Agosto de 1977, dizia o Beato Álvaro del Portillo, "Isto irá aumentando, se somos fiéis"

Zelo pelas almas alicerçado na oração e na penitência

"Um zelo pelas almas que não esteja precedido, acompanhado e seguido pela oração e pela penitência será só um empenho humano e nós não vemos ao Opus Dei por motivos terrenos, mas para realizar uma tarefa divina; nada mais nada menos que a Obra de Deus."


Beato Álvaro del Portillo. Setembro de 1975.

Que frio está o mundo, temos de o aquecer com o fogo dos nossos corações

A propósito da cena dos Reis Magos, dizia o Beato Álvaro del Portillo, Bispo "Que frio está o mundo, temos de o aquecer com o fogo dos nossos corações enamorados"

segunda-feira, 27 de julho de 2015

O mundo necessita de homens abertos ao Espírito Santo

"O mundo tem necessidade de homens e mulheres que não estejam fechados, mas repletos de Espírito Santo, disse ainda o Papa, acrescentando que o fechamento ao Espírito não apenas é falta de liberdade, mas também pecado, e elencando os modos como nos podemos fechar ao Espírito:
“Há muitas maneiras de fechar-se ao Espírito Santo: no egoísmo do próprio benefício, no legalismo rígido – como a atitude dos doutores da lei que Jesus chama de hipócritas –, na falta de memória daquilo que Jesus ensinou, no viver a existência cristã não como serviço mas como interesse pessoal, e assim por diante.
O mundo necessita da coragem, da esperança, da fé e da perseverança dos discípulos de Cristo.
 O mundo precisa dos frutos do Espírito Santo: «amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio»”.
O dom do Espírito Santo foi concedido em abundância à Igreja e a cada um de nós, para podermos viver com fé genuína e caridade operosa, para podermos espalhar as sementes da reconciliação e da paz, disse o Papa a concluir, invocando para que, fortalecidos pelo Espírito e seus múltiplos dons, nos tornemos capazes de lutar, sem abdicações, contra o pecado e a corrupção e dedicar-nos, com paciente perseverança, às obras da justiça e da paz"
Homilia de domingo de Pentecostes, 25-5-2015, Papa Francisco

Dar-se significar dar lugar à força criadora do Espírito de Deus

"Em qualquer doação, é a própria pessoa que se oferece.
‘Dar-se’ significa deixar atuar em si mesmo toda a força do amor que é o Espírito de Deus e, assim, dar lugar à sua força criadora.
Dando-se, o homem volta a encontrar-se a si mesmo com a sua verdadeira identidade de filho de Deus, semelhante ao Pai e, como Ele, doador de vida, irmão de Jesus, de Quem dá testemunho.
Isto é evangelizar, esta é a nossa revolução – porque a nossa fé é sempre revolucionária – este é o nosso grito mais profundo e constante”.

Homilia Papa Francisco, Quito, Equador 7-7-2015

Deus cerca-te de carinho e compaixão

Salmo 102,1-7 :


— O Senhor é indulgente, é favorável.
— Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!
Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.

Mística que nos anima

"(...) não é possível empenhar-se em coisas grandes apenas com doutrinas, sem uma mística que nos anima, sem «uma moção interior que impele, motiva, encoraja e dá sentido à acção pessoal e comunitária».
Temos de reconhecer que nós, cristãos, nem sempre recolhemos e fizemos frutificar as riquezas dadas por Deus à Igreja, nas quais a espiritualidade não está desligada do próprio corpo nem da natureza ou das realidades deste mundo, mas vive com elas e nelas, em comunhão com tudo o que nos rodeia".
 
Laudato Si. Papa Francisco. Ponto 216

sexta-feira, 19 de junho de 2015

A absoluta tranquilidade da alma


O objectivo último do monge e a perfeição do coração consistem numa perseverança ininterrupta na oração.
 
Tanto quanto é dado à fragilidade humana, trata-se de um esforço em direcção a uma absoluta tranquilidade da alma e a uma perfeita pureza de coração.
 
É por esta razão que devemos afrontar os trabalhos corporais e procurar por todos os meios a verdadeira contrição do coração, com uma constância que não desfaleça.
Para ter... o fervor e a pureza que deve ter, a oração exige uma fidelidade total no que respeita aos seguintes aspetos.
Em primeiro lugar, uma libertação completa de todas as inquietações relacionadas com este mundo; não pode haver assunto algum ou qualquer interesse que não deva ser totalmente excluído.
 
Do mesmo modo, renunciar à maledicência, à coscuvilhice, à palavra vã e à zombaria.
Acima de tudo, suprimir definitivamente as perturbações da cólera e da tristeza.
Fazer morrer em si todo o desejo carnal e o apego ao dinheiro.
Após esta purificação, que assegura a pureza e a simplicidade, há que lançar o fundamento inquebrantável de uma humildade profunda, capaz de sustentar a torre espiritual que se pretende que chegue ao Céu.

Por fim, para que sobre ela repouse o edifício espiritual das virtudes, é preciso proibir à alma toda a dispersão em divagações e pensamentos fúteis.
Então, um coração purificado e livre começa pouco a pouco a elevar-se até à contemplação de Deus e à intuição das realidades espirituais.

S. João Cassiano in Conferências, n°9; SC 34

segunda-feira, 15 de junho de 2015

"Consolai o vosso Deus"

As palavras do Anjo são fortíssimas, especialmente quando pensamos que disse isto a três crianças.
Primeira Aparição
A primeira aparição do Anjo teve lugar na Loca do Cabeço, um local dos arredores de Aljustrel. Era um dia chuvoso naquela primavera de 1916. Na Loca do Cabeço havia umas pequenas grutas, que ainda hoje se podem visitar, onde os pastorinhos se abrigavam. Ao acalmar-se a tempestade, saíram da gruta e foi quando se levantou um vento forte.
A pouca distância deles, no meio do olival, depararam-se com uma figura que tinha "A forma de um jovem de 14-15 anos, mais branco que a neve e transparente como o cristal atravessado pelos raios do sol, e muito belo", segundo palavras de Lúcia. Aproximou-se deles e disse "Não tenhais medo. Eu sou o Anjo da Paz. Rezai comigo."
Ajoelhou-se e inclinando o rosto até ao chão pediu para rezarem três vezes "Meu Deus, eu acredito, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão pelos que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam."
Depois levantou-se e disse "Orai assim. Os corações de Jesus e de Maria estão atentos à voz das vossas suplicas." Dito isto o Anjo mais branco que a neve deixou as três crianças.
Durante o resto do dia as crianças sentiram-se tão bem, que nem eram capazes de comentar o sucedido entre eles. O Francisco rezou de acordo com aquilo que a sua irmã (Jacinta) e a sua prima (Lúcia) lhe disseram, na medida em que via o Anjo mas não o ouvia.
 
Segunda Aparição
A segunda aparição teve lugar cerca de dois meses mais tarde. O local escolhido desta vez não foi a Loca do Cabeço, mas o poço situado atrás da casa dos país da Lúcia. Era hora de sesta e tudo estava calmo, apenas as crianças brincavam nas traseiras da casa quando de súbito se depararam novamente com a imagem do Anjo que disse: "O que fazem? Rezai, Rezai muito. Os corações de Jesus e de Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios."
A Lúcia perguntou ao Anjo como se deveriam comportar. "De tudo o que puderdes, oferecei um sacrifício ao Senhor em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de suplica pela conversão dos pecadores."
Os pastorinhos ficaram com estas palavras guardadas. Começaram então a fazer sacrifícios e a rezar a oração que o Anjo lhes ensinou.
 
Terceira Aparição
No Outono do mesmo ano encontravam-se os pastorinhos a rezar a oração que o Anjo lhes ensinara, no local onde acontecera a primeira aparição, na Loca do Cabeço, quando de subitamente o Anjo lhes aparece novamente. Nesta aparição o Anjo se apresentou-se com um Cálice na mão esquerda e uma Hóstia na mão direita sobre o Cálice e da qual caiam pingas de sangue.
O Anjo ajoelhou-se ao lado dos pastorinhos, deixando o Cálice e a Hóstia suspensos no ar, enquanto lhes pedia para rezarem três vezes a seguinte oração: "Santíssima Trindade Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Sacratíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores."
 
O Anjo levantou-se, tomou com ele o Cálice e a Hóstia que tinham ficado suspensos, deu a Hóstia à Lúcia e o conteúdo do Cálice ao Francisco e à Jacinta dizendo: "Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o Vosso Deus."

João Silveira

sábado, 6 de junho de 2015

A Aridez espiritual

A vida espiritual de todo cristão passa por diversas fases. Uma delas, bastante difícil, é aquela chamada de "aridez", na qual a alma parece estar num deserto e se caracteriza por uma espécie de falta de apetite espiritual, um fastio. Nessa fase, estar com Deus, sobretudo na oração pessoal, torna-se um fardo.
A aridez do espírito nada tem a ver com a chamada "noite escura da alma", oriunda do pensamento de São João da Cruz, que se constitui numa purificação passiva da alma perpetrada por Deus e endereçada às almas que estão mais avançadas espiritualmente e é algo incomum. Para os demais, principiantes na vida espiritual, por assim dizer, o que ocorre é a aridez espiritual. Como lidar com ela? Quais são as suas causas?
Para responder a essas perguntas é preciso, antes de tudo, ter uma visão sobrenatural da própria vida espiritual. Quando se está somente sob a perspectiva carnal, as consolações permitidas por Deus (comuns no início da caminhada espiritual), tornam-se um sinal de progresso e, da mesma forma, quando vem a aridez (também comum), ela é vista como sinal de distanciamento de Deus, até mesmo como fracasso.




Contudo, na maior parte das vezes, o fastio é permitido por Deus justamente para que a pessoa obtenha progresso na vida espiritual. É por isso que a visão sobrenatural é importante, pois ela permite receber esses momentos com fé e confiança em Deus.
A aridez espiritual pode ter causa física. Constituído de corpo e mente, o homem terá uma vida espiritual melhor se a sua mente E o seu corpo estiverem bem. Mens sana in corpore sano. Não se fala aqui só de doença, mas também do stress e do ativismo, os quais podem cansar tanto a pessoa que ela se sente incapacitada para a oração. Se o problema for físico, o remédio também será físico, ou seja, é preciso retirar as causas, talvez cuidando da doença, reduzindo o ritmo de vida, descansando um pouco mais, pois é muito difícil crescer na vida espiritual quando o corpo, cansado, está indo no sentido contrário.
A segunda causa da aridez espiritual pode ser psíquica, ou seja, da própria pessoa. Quando não se dá a devida importância à vida de santidade, sendo condescendente com os pecados veniais, apegando-se aos pequenos prazeres etc., tudo isso pode contribuir para que a aridez se instale. O modo de se relacionar com Deus também é determinante, pois se a relação é superficial, baseada apenas numa troca de favores (emprego, finanças, saúde, amor, etc.), Ele se torna apenas um empregado e não o Senhor. Portanto, o apego ao mundo material, uma visão carnal da própria fé e uma relação superficial com Deus podem causar também a aridez espiritual.
Ainda relacionado à segunda hipótese, é possível apontar a tibieza como causa da aridez espiritual. A frouxidão é uma espécie de preguiça espiritual, que leva a pessoa à mornidão, à falta de ardor no servir a Deus. O remédio, portanto, é colocar mais generosidade no serviço a Deus.
Finalmente, a terceira causa da aridez espiritual pode ser espiritual, proveniente de Deus ou do diabo.
Diante da aridez espiritual, a primeira atitude deve ser a de resignação, aceitando a falta de consolação e entendendo que se trata de uma maneira de servir melhor a Deus e procurando auferir dela algum fruto.
A segunda atitude é a de humilhação diante de Deus. Trata-se de um bom momento para se colocar humildemente perante o Senhor, reconhecendo a própria pequenez e o imerecimento de qualquer consolação. É um tempo propício para reconhecer o senhorio de Deus, deixando de exigir consolações como se as merecesse, como se tivesse algum direito.
A terceira postura deve ser a de união a Jesus no Horto das Oliveiras. Nosso Senhor sofreu grandes angústias naquele momento. É possível perceber a dificuldade Dele em rezar, chegando mesmo a suar sangue. Se o próprio Deus sofreu e suportou, o homem também é capaz de sofrer e suportar.
Santo Inácio de Loyola, em seus exercícios espirituais ensina que o remédio para a aridez é a generosidade o que, na prática, significa aumentar o tempo de oração, o tempo dedicado às coisas do Senhor. Contudo, não existe um remédio único, certeiro, pois cada caso é um e, além do mais, existe também a liberdade divina, o desígnio de Deus para cada um de seus filhos que pode implicar também em permitir um tempo sem consolações, conforme já foi dito.
A vida de oração, portanto, não é um parque de diversão, mas sim, um esforço feito por amor que, tanto mais valioso quanto mais sacrificado. Colocar-se em oração, mesmo não querendo, torna este momento muito mais precioso aos olhos de Deus do que outras orações feitas em momentos de consolação.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Gestos diários de imitação e veneração da Mãe de Deus

"Dirijo uma cordial saudação, com votos de graça e paz do Céu, a todos os peregrinos de língua portuguesa, (...).
Neste dia de Nossa Senhora de Fátima, convido-vos a multiplicar os gestos diários de veneração e imitação da Mãe de Deus.
Confiai-Lhe tudo o que sois, tudo o que tendes; e assim conseguireis ser um instrumento da misericórdia e ternura de Deus para os vossos familiares, vizinhos e amigos."

Discurso do Papa Francisco na audiência de 13-05-2015 aos portugueses.

Por favor, obrigado e desculpa

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A catequese de hoje é como a porta de ingresso de uma série de reflexões sobre a vida da família, a sua vida real, com os seus tempos e os seus acontecimentos.
Sobre esta porta de ingresso estão inscritas três palavras que já utilizei aqui na Praça diversas vezes. E estas palavras são “licença”, “obrigado”, desculpa”.
De fato, estas palavras abrem o caminho para viver bem na família, para viver em paz. São palavras simples, mas não são assim tão simples de colocar em prática! Requerem uma grande força: a força de proteger a casa, também através de mil dificuldades e provações; em vez disso, a falta delas, pouco a pouco, abre rachaduras que podem fazê-la desmoronar.
Nós as entendemos normalmente como as palavras da “boa educação”. Tudo bem, uma pessoa bem educada pede licença, diz obrigado ou se desculpa se erra. Tudo bem, mas a boa educação é muito importante. Um grande bispo, São Francisco de Sales, dizia que “a boa educação é já meia santidade”. Porém, atenção, na história conhecemos também um formalismo das boas maneiras que pode se tornar máscara que esconde a aridez da alma e o desinteresse pelo outro. Há um ditado que diz: “Atrás de boas maneiras se escondem maus hábitos”. Nem mesmo as religiões estão imunes a este risco, que faz escorregar a observância formal na mundanidade espiritual. O diabo que tenta Jesus jorra boas maneiras – é propriamente um senhor, um cavalheiro – e cita as Sagradas Escrituras, parece um teólogo. O seu estilo parece correto, mas a sua intenção é aquela de desviar da verdade do amor de Deus. Nós, em vez disso, entendemos a boa educação nos seus termos autênticos, onde o estilo das boas relações é firmemente enraizado no amor do bem e no respeito do outro. A família vive esta fineza do querer bem.
Vejamos: a primeira palavra é “licença?”.
Quando nos preocupamos de pedir gentilmente também aquilo que talvez pensamos poder esperar, nós colocamos uma verdadeira proteção para o espírito da convivência matrimonial e familiar. Entrar na vida do outro, mesmo quando faz parte da nossa vida, pede a delicadeza de uma atitude não invasiva, que renova a confiança e o respeito. A intimidade, em suma, não autoriza a dar tudo por certo. E o amor, quanto mais íntimo e profundo, tanto mais exige o respeito da liberdade e a capacidade de esperar que o outro abra a porta do seu coração. A este propósito, recordamos aquela palavra de Jesus no livro do Apocalipse: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém escuta a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo” (3, 20). Também o Senhor pede a permissão para entrar! Não esqueçamos isso. Antes de fazer uma coisa em família: “Licença, posso fazê-lo? Agrada-te que eu faça assim?”. Aquela linguagem propriamente educada, mas cheia de amor. E isso faz tão bem às famílias
A segunda palavra é “obrigado”.
Certas vezes é de se pensar que estamos nos tornando uma civilização das más maneiras e das más palavras, como se fossem um sinal de emancipação. Ouvimos dizer isso tantas vezes também publicamente. A gentileza e a capacidade de agradecer são vistas como um sinal de fraqueza, às vezes levanta suspeita. Esta tendência deve ser combatida no seio da própria família. Devemos nos tornar intransigentes na educação à gratidão, ao reconhecimento: a dignidade da pessoa e a justiça social passam por aqui. Se a vida familiar subestima esse estilo, a vida social também o perderá. A gratidão, então, para quem crê, está no coração da fé: um cristão que não sabe agradecer é alguém que esqueceu a linguagem de Deus. É ruim isto! Recordemos a pergunta de Jesus, quando curou dez leprosos e somente um deles voltou para agradecer (cfr Lc 17, 18). Uma vez ouvi dizer de uma pessoa idosa, muito sábia, muito boa, simples, mas com aquela sabedoria da piedade, da vida: “A gratidão é uma planta que cresce somente na terra de almas nobres”. Aquela nobreza da alma, aquela graça de Deus na alma nos impele a dizer obrigada à gratidão. É a flor de uma alma nobre. É uma bela coisa isso.
A terceira palavra é “desculpa”.
Palavra difícil, certo, ainda assim necessária. Quando falta, pequenas rachaduras se alargam – mesmo sem querê-lo – até se tornar rachaduras profundas. Não por nada na oração ensinada por Jesus, o “Pai Nosso”, que resume todas as perguntas essenciais para a nossa vida, encontramos essa expressão: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6, 12). Reconhecer ter faltado e ter o desejo de restituir o que foi tirado – respeito, sinceridade, amor – torna-se digno do perdão. E assim se para a infecção. Se não somos capazes de nos desculpar, quer dizer que nem mesmo somos capazes de perdoar. Na casa onde não se pede desculpa começa a faltar o ar, as águas se tornam estagnadas. Tantas feridas dos afetos, tantas lacerações nas famílias começam com a perda desta palavra preciosa: “Desculpe”. Na vida matrimonial se briga tantas vezes… também “voam os pratos”, mas vos dou um conselho: nunca terminar o dia sem fazer as pazes.
Ouçam bem: vocês brigam, marido e mulher? Filhos com os pais? Brigaram feio? Não é bom, mas este não é o problema. O problema é que este sentimento esteja conosco ainda um dia depois. Por isso, se brigaram, nunca terminem o dia sem fazer as pazes em família. E como devo fazer a paz? Colocar-me de joelhos? Não! Somente um pequeno gesto, uma coisinha faz a harmonia familiar voltar. Basta uma carícia, sem palavras. Mas nunca termine o dia em família sem fazer a paz. Entenderam isso? Não é fácil, mas se deve fazer. E com isso a vida será mais bela. E por isso é suficiente um pequeno gesto.
Estas três palavras-chave da família são palavras simples, e talvez em um primeiro momento nos farão sorrir. Mas quando as esquecemos, não há mais nada de que sorrir, verdade? A nossa educação, talvez, as negligencia um pouco. Que o Senhor nos ajude a colocá-las no lugar correto, no nosso coração, na nossa casa e também na nossa convivência civil. São as palavras para entrar justamente no amor da família

Etiquetas

Arquivo do blogue