sábado, 14 de outubro de 2017

Vigiar olhando a Cristo Crucificado




Somente Cristo crucificado nos salvará dos demônios que nos fazem “deslizar lentamente para a mundanidade”, salvando-nos até mesmo da “insensatez” da qual fala São Paulo aos Gálatas – e “da sedução”.
(…)
O Senhor – explica o Papa – “pede para sermos vigilantes”, para não cairmos em tentação. 
Por isto, o cristão está sempre “em vigilância, vigia, está atento”, como “um sentinela”.
“(…) porque os demónios entram “na surdina”:
“Começam a fazer parte da vida. Também com as suas ideias e as suas inspirações, ajudam aquele homem a viver melhor... e entram na vida do homem, entram em seu coração e por dentro começam a mudar este homem, mas tranquilamente, sem fazer barulho.
(…)
A mundanidade, por outro lado, é “um passo adiante na ‘possessão’ do demônio”, acrescenta Francisco.
É um “encantamento”, é a “sedução”. Porque é o “pai da sedução”.
E quando o demônio entra “tão suavemente, educadamente e toma posse de nossas atitudes”, explica o Papa, os nossos valores “vão do serviço a Deus à mundanidade”.
Assim nos tornamos “cristãos mornos, cristãos mundanos” com uma “mistura” - que o Papa chama de “salada de frutas” - entre “o espírito do mundo e o espírito de Deus”.
(…)
“Vigiar significa entender o que acontece no meu coração, significa parar um pouco e examinar a minha vida.
Sou cristão?
(…)
Minha vida é cristã ou é mundana? E como posso entender isso?
A mesma receita de Paulo: olhar para Cristo crucificado.
A mundanidade só vê onde está e se destrói diante da cruz do Senhor.
E este é o propósito do Crucifixo em nossa frente: não é um ornamento;
É exatamente o que nos salva desses encantamentos, dessas seduções que nos levam à mundanidade”.
O Pontífice exorta a nos perguntarmos se olhamos para o “Cristo crucificado”, se fazemos “a Via Sacra para ver o preço da salvação”, não só dos pecados, mas também da mundanidade”:
“Então, como eu disse, o exame de consciência, para ver o que ocorre. Mas sempre diante do Cristo crucificado. A oração.
E depois, fará bem fazer-se uma fratura, não nos ossos: uma fratura nas atitudes confortáveis: as obras de caridade. Estou confortável, mas vou fazer isso, que me custa. Visitar uma pessoa doente, ajudar alguém que precisa... não sei, uma obra de caridade. E isso rompe a harmonia que procura fazer esse demônio, esses sete demônios com o chefe, para fazer a mundanidade espiritual”. (Papa Francisco. Homilia na Casa de Santa Marta 13/10/2017)

sábado, 13 de maio de 2017

Conceber 1º na Fé e depois na carne

Como devemos fazer? 
Deixai que vo-lo explique com um exemplo (cf. Eloy Bueno de la Fuente, A Mensagem de Fátima. A misericórdia de Deus: o triunfo do amor nos dramas da história, 22014, pg. 235-237): se recebermos uma nota de dinheiro falsa, uma reação espontânea, e até considerada lógica, seria passá-la a outra pessoa. Nisto se vê como todos somos propensos a cair numa lógica perversa, que nos domina e impele a propagar o mal. Se me comportar segundo esta lógica, a minha situação muda: era vítima inocente quando recebi a nota falsa; o mal dos outros caiu sobre mim. Mas, no momento em que conscientemente passo a nota falsa a outrem, já não sou inocente: fui vencido pela força e a sedução do mal, provocando uma nova vítima; converti-me em transmissor do mal, em responsável e culpado. A alternativa é travar o avanço do mal; mas isto só é possível pagando um preço, ou seja, ficando eu com a nota falsa e, assim, libertando os outros do avanço do mal.
Esta reação é a única que pode travar o mal e vencê-lo. 
Os seres humanos alcançam esta vitória, quando são capazes de um sacrifício que se faz reparação; Cristo consegue-a, mostrando que o seu modo de amar é misericórdia.  
Um tal excesso de amor, podemos constatá-lo na cruz de Jesus: carrega o ódio e a violência que caem sobre Ele, sem insultar nem ameaçar vingança, mas perdoando, mostrando que há um amor maior. Só Ele o pode fazer, carregando – por assim dizer – com a «nota falsa». A sua morte foi uma vitória alcançada sobre o mal desencadeado pelos seus algozes, que somos todos nós: Jesus crucificado e ressuscitado é a nossa paz e reconciliação (cf. Ef 2, 14; 2 Cor 5, 18).
«Vieste afastar a nossa ruína, procedendo com retidão na presença do nosso Deus»: rezamos nós, nesta noite de vigília, como um imenso povo em marcha seguindo Jesus Cristo ressuscitado, iluminando-nos uns aos outros, arrastando-nos uns aos outros, apoiando-nos na fé em Cristo Jesus. De Maria, escreveram os Santos Padres que Ela, primeiro, concebeu Jesus na fé e só depois na carne, quando disse «sim» ao convite que Deus Lhe dirigiu através do Anjo. Mas aquilo que aconteceu de forma única na Virgem Mãe, verifica-se espiritualmente conosco sempre que ouvimos a Palavra de Deus e a pomos em prática, como pedia o Evangelho (cf. Lc 11, 28). 
Com a generosidade e a coragem de Maria, ofereçamos a Jesus o nosso corpo, para que Ele possa continuar a habitar no meio dos homens; ofereçamos-Lhe as nossas mãos, para acariciar os pequeninos e os pobres; os nossos pés, para ir ao encontro dos irmãos; os nossos braços, para sustentar quem é fraco e trabalhar na vinha do Senhor; a nossa mente, para pensar e fazer projetos à luz do Evangelho; e sobretudo o nosso coração, para amar e tomar decisões de acordo com a vontade de Deus".

Homilia em Fátima noite de 12/05/2017

Cardeal Pietro Parolin

segunda-feira, 27 de março de 2017

segunda-feira, 13 de março de 2017

A cruz como marca da gravidade do nosso pecado

“Neste tempo quaresmal, contemplemos com devoção a imagem do crucifixo: esse é o símbolo da fé cristã, é o emblema de Jesus, morto e ressuscitado por nós. 
Façamos de modo que a cruz marque as etapas do nosso caminho quaresmal para compreender sempre mais a gravidade do pecado e o valor do sacrifício com o qual o Redentor nos salvou”.

Jesus a caminho de Jerusalém, onde deverá sofrer a condenação à morte por crucificação, quer preparar os seus discípulos para este escândalo muito forte para a fé deles e, ao mesmo tempo, preanunciar a sua ressurreição, manifestando-se como o Messias, o Filho de Deus. Na verdade, Jesus estava se demonstrando um Messias diferente do esperado:

“Não um rei poderoso e glorioso, mas um servo humilde, e desarmado; não um senhor de grande riqueza, sinal de bênção, mas um homem pobre que não tem onde reclinar a cabeça; não um patriarca com numerosa descendência, mas solteiro sem casa e sem ninho. 
É realmente uma revelação de Deus de cabeça para baixo, e o sinal mais desconcertante desta contradição é a cruz. 
Mas, precisamente por meio da cruz, Jesus chegará à gloriosa ressurreição”.

Papa Francisco
Angelus de 13-03-2017

O pecado é um estalo que damos a Deus



A presença de Deus vence tentações

"Durante os quarenta dias da Quaresma, como cristãos somos convidados a seguir os passos de Jesus e a enfrentar o combate espiritual contra o Maligno com a força da Palavra de Deus. Não com a nossa palavra, não serve. 
A palavra de Deus: ela tem a força para derrotar Satanás. 
Por esta razão, é necessário familiarizar-se com a Bíblia: lê-la frequentemente, meditá-la, assimilá-la. A Bíblia contém a Palavra de Deus, que é sempre atual e eficaz. 
Alguém disse: o que aconteceria se tratássemos a Bíblia como tratamos o nosso telemóvel? Se a trouxéssemos sempre connosco, ou pelo menos o pequeno Evangelho de bolso, o que aconteceria? 
Se voltássemos atrás quando o esquecemos: te esqueces do telemóvel — oh, não o tenho, volto atrás para o procurar; se a abríssemos várias vezes por dia; se lêssemos as mensagens de Deus contidas na Bíblia como lemos as mensagens do telemóvel, o que aconteceria? 
Obviamente a comparação é paradoxal, mas faz refletir. 
Com efeito, se tivéssemos sempre a Palavra de Deus no coração, nenhuma tentação poderia afastar-nos de Deus e nenhum obstáculo nos poderia fazer desviar do caminho do bem; saberíamos vencer as insinuações quotidianas do mal que está em nós e fora de nós; seríamos mais capazes de levar uma vida ressuscitada segundo o Espírito, acolhendo e amando os nossos irmãos, especialmente os mais débeis e necessitados, e também os nossos inimigos.
A Virgem Maria, ícone perfeito da obediência a Deus e da confiança incondicional à sua vontade, nos sustente no caminho quaresmal, para que nos coloquemos à escuta dócil da Palavra de Deus a fim de realizar uma verdadeira conversão do coração.

Papa Francisco. Angelus 5-III-2017

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Com Jesus nas tentações


O Pontífice recorda que com o diabo não há diálogo, porque a pessoa acaba em pecado e corrupção. “As tentações levam a se esconder do Senhor, permanecendo com a nossa culpa, com o nosso pecado, com a nossa “corrupção”.
Partindo da primeira leitura do Livro do Gênesis, o Santo Padre se detém sobre a tentação de Adão e Eva, e em seguida, sobre a de Jesus no deserto. Ele afirma que é o diabo que se mostra sob a forma de uma serpente.
“É atraente e com a sua astúcia tenta enganar, é especialista nisto, é o pai da mentira, é um mentiroso. Sabe como enganar, como trapacear as pessoas.”
O Papa exemplifica o que de fato aconteceu com Eva. “A fez se sentir bem e assim começa o diálogo e passo a passo o diabo a leva onde ele quer. Com Jesus é diferente, para o diabo termina mal”, recorda Francisco.
Procura dialogar com Cristo, porque “quando o diabo engana uma pessoa o faz com o diálogo, tenta enganá-lo, mas Jesus não cede. Então o diabo se revelada por aquilo que é, mas Jesus dá uma resposta que não é sua, mas sim, da Palavra de Deus. Pois com o diabo não se pode dialogar, acaba-se como Adão e Eva, nus”.
O Pontífice prossegue sua reflexão observando que o diabo não paga bem, é trapaceiro e não cumpre com o que promete. “Ele promete tudo e deixa você nu. Também Jesus acabou nu, mas na cruz, por obediência ao Pai, outra estrada. A serpente, o diabo é inteligente. Todos nós sabemos o que são as tentações, todos nós sabemos, porque todos nós temos. Muitas tentações de vaidade, de orgulho, cobiça, avareza. Tantas”.
Hoje se fala muito de corrupção. Quanto a isso também se deve pedir ajuda ao Senhor. “Existem muitas pessoas importantes corruptas no mundo, que conhecemos suas vidas através dos jornais. Talvez começaram com uma pequena coisa, não sei, não ajustando bem o balanço e o que era um quilo façamos novecentos gramas, mas era um quilo. A corrupção começa de pequenas coisas como esta, com o diálogo. Não é verdade que esta fruta vai fazer mal a você! Coma! É boa! É pouca coisa, ninguém vai perceber! Faz! E pouco a pouco cai-se no pecado, na corrupção.”
A Igreja ensina a não ser ingénuos, a não ser tolos.
Portanto, é preciso ter os olhos abertos e pedir ajuda a Deus, porque sozinhos não conseguimos. Adão e Eva se escondem do Senhor, ao invés disso é preciso a graça de Jesus para voltar e pedir perdão.
Ao concluir, o Pontífice reafirma que na tentação não há diálogo. “Se reza: Ajuda-me Senhor, sou fraco. Não quero me esconder de você. Isso é coragem, isso é vencer. Quando você começa a dialogar terminará vencido, derrotado. Que o Senhor nos dê a graça e nos sustente nesta coragem e se formos enganados pela nossa fraqueza na tentação, que Ele nos dê a coragem de nos levantar e seguir em frente. Jesus veio para isso.”

Homilia da Casa de Santa Marta 10-II-2017
Papa Francisco

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