terça-feira, 13 de setembro de 2011

Família e Matrimónio, caminho de santidade, na entrega e na caridade

O trabalho, a convivência, a relação quotidiana nas actividades mais transcendentes ou mais ordinárias, constituem a trama do exercício das virtudes que impregnam toda a vida doméstica.
A constância em levar por diante as próprias ocupações, a serenidade e afabilidade no trato com os outros, a sinceridade para reconhecer os próprios erros, a capacidade de compreender e perdoar, a fortaleza para corrigir os defeitos pessoais, a paciência consigo próprio e com os outros, o optimismo para ajudar a superar-se… são virtudes que, apoiando-se na fé, esperança e caridade, traduzem na vida dos filhos de Deus o quotidiano desenrolar da vida familiar.

Assim se expressa S. Josemaria: «A vida familiar, as relações conjugais, o cuidado e a educação dos filhos, o esforço por sustentar, manter e melhorar economicamente a família, as relações com as outras pessoas que constituem a comunidade social, tudo isso são situações humanas e correntes que os esposos cristãos devem sobrenaturalizar» Cfr. Josemaria Escrivá, Cristo que passa, n. 23.

Certamente qualquer comunicação de palavras e outras acções entre os cônjuges pode expressar a sua recíproca entrega e a positiva acção de serviço à vida: um sorriso, o olhar, uma amabilidade, uma palavra, um gesto, um serviço…

«Para santificar cada jornada, é necessário exercitar muitas virtudes cristãs, as teologais em primeiro lugar e, depois, todas as outras: a prudência, a lealdade, a sinceridade, a humildade, a laboriosidade, a alegria…» Cfr. Josemaria Escrivá, Cristo que passa, n. 23.

Todo o baptizado deve viver o próprio sacerdócio convertendo a sua existência num culto agradável a Deus Pai. «E como do sacramento derivam para os cônjuges o dom e a obrigação de viver quotidianamente a santificação recebida, assim nesse mesmo sacramento se fundamentam a graça e o dever de transformar toda a sua vida num contínuo sacrifício espiritual» Cfr João Paulo II, Exort. apost. Familiaris consortio, 21-XI-1981, n. 56.


Existe portanto uma característica específica do sacerdócio comum dos esposos cristãos: o modo peculiar de fazer da sua própria existência uma oferta espiritual.
(...) De agora em diante cada um deles não poderá viver a oferenda da sua existência a não ser como esposo e esposa e, portanto, como pai ou mãe, pelo menos potencialmente.

Por outras palavras, os cônjuges cristãos não podem viver a oferenda das próprias vidas a não ser no exercício da missão de esposos e pais, própria da sua identidade dentro do Povo de Deus. As virtudes humanas e cristãs fá-los-ão viver a vontade concreta de Deus em todas as actividades e deveres próprios, e descobrir neles a resposta de entrega como oferta grata a Deus por Jesus Cristo.

Toda a vida é, por conseguinte, exercício deste sacerdócio, e toda a vida estará cheia pela entrega ao cônjuge e aos filhos. Este é o seu modo peculiar e eficaz de construir a cidade dos homens e a cidade de Deus. Qualquer outra actividade ou ocupação, trabalho, descanso, vida de piedade e de relação social, encontra-se em estreita unidade com a ocupação fundamental que Deus estabeleceu como centro das suas vidas.

«Mas não esqueçam que o segredo da felicidade conjugal está no quotidiano, não em sonhos. Está em encontrar a alegria íntima que dá a chegada ao lar; está no convívio carinhoso com os filhos; no trabalho de todos os dias, em que colabora toda a família; no bom humor perante as dificuldades, que é preciso encarar com desportivismo» Josemaria Escrivá, Temas Actuais do Cristianismo. n. 91.
D. Francisco Gil Hellín

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