quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Exame de consciência, segundo S.Inácio de Loyola

Segundo o esquema de Santo Inácio, o modo de fazer o exame de consciência tem cinco passos:
1) dar graças a Deus pelos benefícios recebidos;
2) pedir graça para conhecer as nossas falhas e libertarmo-nos delas;
3) tomar consciência dos nossos pensamentos, palavras e obras desde o início do período que queremos avaliar (por exemplo, desde o levantar); pode facilitar dividir este tempo em pequenas parcelas (por exemplo, hora por hora, ou conforme os sítios por onde passámos ao longo do dia);
4) pedir perdão a Deus pelas nossas faltas;
5) propor emenda, com a sua graça.

1 e 2) Nos dois primeiros passos entramos explicitamente em oração. Na espiritualidade inaciana, o exame de consciência é um momento de oração, é relação explícita com Deus. Caso contrário, torna-se numa auto-análise e a referência que tomamos para confrontar a nossa vida pode ser bastante relativa. No primeiro passo crescemos em gratidão e aumenta a nossa consciência do amor de Deus por nós. Só assim é possível olhar para as nossas faltas com o sentido de não correspondência ao amor de Deus, em vez de um olhar moralizador de quem toma as faltas como infracções de regras (não corresponder à amizade de um amigo é muito diferente de infringir regras de trânsito!).

3) O terceiro passo é vital para que vivamos como pessoas conscientes e não como autómatos. Quantas vezes chegamos ao fim do dia e não nos lembramos do que almoçámos? Pois é... e tantas outras coisas há que, no meio da confusão e das coisas que se sucedem umas às outras, acabam por nos escapar. Como é que podemos dizer que vivemos a 100% se há coisas que nos acontecem ou que fazemos sem darmos por elas? Ao olhar a nossa vida, aqui, a referência é Deus, que podemos conhecer sempre cada vez mais através da oração, do conhecimento da Palavra de Deus, dos mandamentos da lei de Deus e da Igreja.

4) Depois, o pedido de perdão liberta-nos da arrogância de sermos nós próprios a nossa referência. Procuramos aqui fortalecer a relação com Deus e está presente o desejo de que nesta relação possamos corresponder ao amor que Ele tem por nós.

5) Por fim, com o quinto passo tomamos as rédeas da nossa vida. Esta oração tem consequências práticas. Somos nós que decidimos como queremos agir e como queremos corrigir aquilo que nos parece que está mal. Aqui o conselho é de que tenhamos paciência e não querer corrigir tudo de uma vez – nem todas as faltas, nem de uma só vez. Aos poucos, com pequenos passos, mas firmes. E no dia seguinte, ao fazer o exame de consciência, olhar estes propósitos e ver como têm tido efeito, ou não, para continuar ou afinar o nosso “remédio”.

Frederico Lemos, sj
01.06.2010

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