quinta-feira, 3 de abril de 2014

Um não sei quê da alma que nos faz Amar a Deus em tudo

«A união actual [da alma com Deus]
é mais perfeita e,
apesar de ser toda espiritual,
faz sentir a sua acção,
porque a alma nela não está adormecida como noutras uniões,
mas é estimulada poderosamente,
e a sua operação é mais viva do que a do fogo,
mais luminosa do que um sol
que nuvem alguma obscurece.

Podemos, no entanto,
enganarmo-nos sobre este sentimento,
pois ele não consiste num simples afeto do coração,
como seja, dizer:
“meu Deus eu Vos amo
com todo o meu coração”,
ou outras palavras semelhantes;
mas é um não-sei-quê da alma,
doce, tranquilo,
espiritual, respeitoso,
humilde, amoroso
e simplicíssimo
que a leva e a obriga a amar a Deus,
a adorá-l’O, a abraçá-l’O,
até, com uma ternura que se não pode exprimir
e que só a experiência pode fazer compreender.»

Frei Lourenço da Ressurreição | 1614 – 1691
A prática da presença de Deus. X, 3

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