sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A virtude da mansidão

Existe sempre alguém perto de nós que as vezes nos irrita, existe muitas vezes perto de nós alguém que tenta nos tirar do sério e muitas vezes tenta nos obrigar a tomarmos atitudes que não fazem parte de nossa natureza. Saber viver bem é saber também lidar com estas pessoas, evitando que elas nos dominem com toda sua negatividade.
Do ponto de vista espiritual, a atitude mais correta em relação a essas pessoas é perdoá-las, exercendo paciência e misericórdia.Uma pessoa emocionalmente ajustada, amadurecida é também aquela que aprende a conviver com o inesperado, com as circunstâncias diante das quais nós não temos nenhum tipo de controle. Por isso mesmo, é que presenciamos a violência muitas vezes no trânsito, no trabalho, na família.

A falta de mansidão, a falta de domínio próprio, a falta de controle, leva muitas pessoas a agirem de forma violenta. Mansidão quer dizer ser tranqüilo, não-passivo, mas ter auto-controle.
Por isso a Bíblia é muito clara “os mansos herdarão a terra”. Isso quer dizer, viverão mais e sofrerão menos, terão menos motivos para a ansiedade e por conseguinte serão menos agressivos e menos violentos.
Os mansos aprendem a ver a vida, as coisas, as pessoas com mais praticidade, sob uma ótica diferente, por isso até a sua maneira de falar passa a ser também diferente, com brandura e mel ao invés de violência e fel.
Nossas palavras são sementes que estamos plantando dia após dia, por isso a Bíblia diz:

“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” (Provérbios 15:1).

(...)
Sem mansidão não há piedade, sem piedade não há paciência, e sem paciência não há salvação.Da mansidão vem a simpatia, da mansidão vem a bondade, da mansidão vem o cumprimento do amor ao próximo. O Homem prudente é sempre manso de coração, persuade a seu semelhante sem se exaltar, previne os males sem se apaixonar, extingue as lutas com doçura e grava na alma as verdades que soube estudar e compreender

Portanto, manso é aquele capaz de perder uma discussão sem se exasperar. Manso é aquele capaz de discutir um assunto sem perder a calma. Manso é aquele capaz de ser livre de vingança mesmo diante da provocação. Manso é aquele que prefere errar perdoando ao invés de acertar odiando.
(...)
Para facilitar a compreensão podemos dizer que uma pessoa mansa é aquela que coloca a inteligência nas suas emoções.
(...)
Cultive a longanimidade, ou seja, a longa paciência, saiba esperar sem se estressar, ore sobre este assunto. É na presença de Deus que nossas fraquezas desaparecem. Aprenda com as pessoas que são mansas, serenas e controladas emocionalmente. Se esforce para que Deus seja glorificado em suas atitudes e em seu comportamento.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Eucarístia e Caridade

"A caritas, a solicitude pelo outro, não é um segundo sector do cristianismo a par do culto, mas está radicada precisamente nele e faz parte dele.
Na Eucaristia, no partir o pão, estão indivisivelmente ligadas as dimensões horizontal e vertical".
Jesus de Nazaré II, pág. 111
Papa Bento XVI

domingo, 23 de outubro de 2011

O que são os filhos de Deus ?

São "pessoas que andam, como Abrãao, à procura de
deus, pessoas que estão prontas a ouvi-lO e a seguir o seu chamamento; pessoas-poderíamos dizer- em atitude "de advento".


A última ceia é, por sua vez, a "reunião dos filhos de Deus, isto é, de todo aqueles que se deixam convocar por Ele".

Jesus de Nazaré II, página 145.
Papa Bento XVI

Nas tribulações da vida

"(...) nas tribulações da vida, somos lentamente purificados no fogo, podemos por assim dizer tornar-nos pão, na medida em que, na nossa vida e no nosso sofrimento, se comunica o mistério de Cristo e o seu amor faz de nós um dom para Deus e para os homens".

Jesus de Nazaré II
Papa Bento XVI Pág. 195

sábado, 22 de outubro de 2011

Vem, Senhor Jesus

O Papa Bento XVI termina o seu 2º volume da obra "Jesus de Nazaré" com uma referência à Ascenção associando-a também ao Advento.
Diz o Papa que na Ascensão, o partir de Jesus "é precisamente um vir, um modo novo de proximidade, de presença permanente à qual João alia a "alegria", como lemos (...) no Evangelho de Lucas (24, 50-53).
(Cfr. Jesus de Nazaré II, pág. 229).

E remata

"Podemos dizer com sinceridade «Marana tha» (Vinde Senhor Jesus!)?
Sim!
Não só podemos como devemos. Peçamos antecipações da sua presença renovadora no mundo. Em momentos de tribulação pessoal, supliquemos-Lhe: «Vinde, Senhor Jesus e acolhei a minha vinda na presença benigna do vosso poder»
Peça,os-Lhe que acompanhe as pessoas que amamos ou com quem estamos preocupados.
Peçamos-Lhe que Se torne eficazmente presente na sua Igreja.
E porque não pedir-Lhe que nos conceda também hoje testemunhas novas da sua presença, nas quais Ele mesmo Se aproxime de nós ?
E esta súplica (...) traz consigo toda a amplitude daquela oração que Ele mesmo nos ensinou :"Venha a nós o vosso reino!" Vinde Senhor Jesus"


Jesus de Nazaré II, pág. 236

Oração por intermédio do Beato Papa João Paulo II

"`Deus, rico de misericórdia, que escolhestes o beato João Paulo II para governar a Vossa Igreja como Papa, concedei-nos que, instruídos pelos seus ensinamentos, possamos abrir confiadamente o nossos corações à graça salvífica de Cristo, único Redentor do homem.
Ele que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Amén"

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Damos vinho ou vinagre ao Senhor ?

"Numa colina fértil, Ele plantara uma vinha e dedicara-lhe muitos cuidados «(...) esperava que viesse a dar uvas, mas ela só deu uvas azedas» (Is. 5,2). (...) produz as uvas azedas do homem que se preocupa apenas consigo mesmo; produz vinagre em vez de vinho.
(...) também nós voltamos sempre a responder ao amor carinhoso de Deus com vinagre, com um coração azedo que não quer saber do amor de Deus.
«Tenho sede»- Este brado de Jesus é dirigido a cada um de nós"


Bento XVI
Jesus de Nazaré II, pág. 179.

Sobre a meditação do credo

«O símbolo do santo mistério, que recebestes todos juntos e que hoje proferistes um a um, reúne as palavras sobre as quais está edificada com solidez a fé da Igreja, nossa Mãe, apoiada no alicerce seguro que é Cristo Senhor.
E vós recebeste-lo e proferiste-lo, mas deveis tê-lo sempre presente na mente e no coração, deveis repeti-lo nos vossos leitos, pensar nele nas praças e não o esquecer durante as refeições; e, mesmo quando o corpo dorme, o vosso coração continue de vigília por ele».


Santo Agostinho
Santo Agostinho, Sermo 215, 1.

Confessar a fé com um testemunho de vida credível

"Desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança
(...)
Simultaneamente esperamos que o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade"


Papa Bento XVI
Porta Fidei ponto 9

A Fé actua pelo Amor

A «fé, que actua pelo amor» (Gl 5, 6), torna-se um novo critério de entendimento e de acção, que muda toda a vida do homem (cf. Rm 12, 2; Cl 3, 9-10; Ef 4, 20-29; 2 Cor 5, 17).

Bento XVI
Carta Apostólica Porta Fidei final do ponto nº6.

Trabalhai não pelo alimento que desaparece

Quando, por vezes, podemos cair na tentação de colocar os nossos afazeres profissionais à frente dos compromissos próprios da nossa relação com Deus, talvez seja a hora de meditar nesta frase de Jesus

«Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna» (Jo 6, 27).

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O amor é a raíz da castidade

"Onde o amor emerge, ele segura todos os outros impulsos e sublima-os em amor."

S.Bernardo de Claraval

Amar é parecer-se com Deus

"Quanto mais o ser humano ama, mais parecido fica com Deus"

You Cat ponto 402

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Porta Fidei

Ano da Fé iniciará em 11 de outubro de 2012, no 50º aniversário de abertura do Concílio Vaticano II, e terminará em 24 de novembro de 2013, Solenidade de Cristo Rei do Universo.

"Será um momento de graça e de empenho para uma sempre mais plena conversão a Deus, para reforçar a nossa fé n'Ele e para anunciá-Lo com alegria ao homem do nosso tempo" disse o Papa Bento XVI

Leia a Carta Apostólica Porta Fidei aqui

sábado, 15 de outubro de 2011

Rezar o Terço com a mente

"O Terço não se pronuncia só com os lábios, mastigando as Ave-Marias umas
atrás das outras. Assim cochicham as beatas e os beatos. Para um cristão, a
oração vocal há-de enraizar-se no coração, de modo que, durante a recitação do
Terço, a mente possa penetrar na contemplação de cada um dos
mistérios".

Sulco. Ponto 477
S. José Maria Escrivá de Balaguer

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ter Jesus na barca do nosso trabalho

S. Pedro, em várias ocasiões, beneficiou da Graça de ter a presença real de Jesus Cristo na sua barca enquanto trabalhava, isto é, pescava peixes.

No dia a dia do nosso trabalho, deixemos Jesus Cristo entrar na barca do nosso trabalho, deixemos que fique connosco enquanto trabalhamos.

E se assim o fizermos, o nosso trabalho humano produzirá frutos espirituais assim como, com Cristo na barca, S.Pedro beneficiou da pesca milagrosa. Jesus transformará o nosso trabalho num trabalho "milagroso"

domingo, 9 de outubro de 2011

Os frutos do Espírito Santo

"Pelos frutos do Espírito Santo (caridade, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, loganimidade, mansidão, fidelidade, modéstia, sobriedade e castidade Gl. 5,22 ss), o mundo poderá ver em que se torna uma pessoa que se deixa totalmente assumir, guiar e formar por Deus.
Os frutos do Espírito Santo mostram que Deus desempenha um papel real na vida dos cristãos"

You Cat
Ponto 311

A gravidade do pecado venial

"Acabei de produzir uma cinza preciosa: queimei uma nota de 500 euros.
Pois !
Isso é menos mau que cometer um pecado venial"

S.João Maria de Vianney

O sinal da cruz

"Não nos envergonhemos de professar o Crucificado, selemos confiadamente a testa com os dedos, façamos o sinal da cruz sobretudo sobre o pão , a comida e os copos de que bebemos!
Façamo-lo quando vamos e quando vimos, antes de dormir, ao deitarmo-nos e ao levantarmo-nos, quando andamos e descansamos!"

S. Cirílo de Jerusalém

Anunciar através do testemunho

D. Manuel Quintas desafiou os católicos a serem anunciadores a partir do testemunho, “não como donos da palavra mas como servos”. “Temos de falar a partir da vida e não apenas como alguém que escuta e transmite e não aproveita nada para si mesmo. O verdadeiro apóstolo evangelizador é o que testemunha a sua vida”,

Assembleia Diocesana da Igreja algarvia 5 de Outubro de 2011
D.Manuel Quinta, Bispo do Algarve

Ou missão ou demissão

Só nos cansamos quando não nos deixamos conduzir pelo Espírito e confiamos mais nas nossas qualidades do que na presença constante e permanente de Cristo”,
(...)
“só não sente esta força, quem caminha sozinho e por conta própria”.
(...)
Ou missão ou demissão, porque não há meio-termo”,
(...)
evangelizar é vocação de cada baptizado e missão de todo o cristão” (...) “a Igreja existe só para evangelizar”.

D.Manuel Quintas
Bispo do Algarve
Homilia da Eucaristia de encerramento da Assembleia Diocesana

sábado, 8 de outubro de 2011

Fazer do trabalho contemplação

"(...) é impossível estabelecer uma diferença entre trabalho e contemplação: não se pode dizer até aquí reza-se e até aquí trabalha-se.
Continua-se sempre rezando, contemplando na presença de Deus.
Sendo homens de acção em aparência, vamos parar onde foram a parar os místicos mais altos: voei tão alto, tão alto até ao coração de Deus"


San Josemaría Escrivá de Balaguer
Notas de una reunión familiar, 30-X-1964

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A virtude da fortaleza

"Lutemos para adquirir hábitos de vencimento em detalhes pequenos: cumprir un horario, cuidar a ordem material, não ceder aos caprichos, dominar aborrecimentos, acabar tarefas, etc.
Poderemos responder assim com mais prontidão às exigências da nossa vocação cristã.
Além disso, a fortaleza nos conduzirá à boa paciência, a sofrer sem fazê-lo pesar aos demais, a suportar as contrariedades que resultam das nossas próprias limitações e defeitos, do cansanço, do carácter alheio, das injustiças, da falta de meios".
D.Javier Echevarria
Carta Pastoral de 2 de Outubro de 2010

Rectidão de intenção no trabalho

"Tende em conta que a da rectidão de intenção do nosso trabalho, realizado com humana perfeição, do seu oferecimento a Deus, da sua união à Cruz de Cristo, depende nada menos que a Santidade pessoal de cada um e a de muitíssimas almas".

D. Alvaro del Portillo. Bispo.
Carta Pastoral de Outubro de 1993

domingo, 2 de outubro de 2011

Como comunicar a fé ?

O público acolhe informações de todo o género, e toma boa nota dos protestos e das críticas. Mas colabora sobretudo em projectos, propostas e causas positivas.

Características da mensagem
1. Positiva
João Paulo II afirma na encíclica “Familiaris consortio” que a moral é um caminho para a felicidade e não uma série de proibições. Esta ideia tem sido frequentemente repetida por Bento XVI, de diferentes maneiras: Deus dá-nos tudo e não nos tira nada; os ensinamentos da Igreja não são um código de limitações, mas uma luz que se recebe em liberdade.
A mensagem cristã tem de ser transmitida como o que realmente é: um sim imenso ao homem, à mulher, à vida, à liberdade, à paz, ao desenvolvimento, à solidariedade, às virtudes... Para a transmitir adequadamente aos outros, é necessário primeiro entender e experimentar a fé desse modo positivo.
Neste contexto adquirem particular valor umas palavras do Cardeal Ratzinger: “A força com que a verdade se impõe tem de ser a alegria, que é a sua expressão mais clara. Os cristãos deveriam apostar nela e nela dar-se a conhecer ao mundo”. A comunicação através da irradiação da alegria é a mais positiva das exposições.

2. Relevante
Em segundo lugar, a mensagem deve ser relevante, significativa para quem escuta, não somente para quem fala. S. Tomás de Aquino afirma que há dois tipos de comunicação: a locutio, um fluir de palavras que não interessam absolutamente nada aos que escutam; e a illuminatio, que consiste em dizer algo que ilustra a mente e o coração dos interlocutores sobre algum aspecto que realmente os afecta.

Transmitir a fé não é discutir para vencer, mas dialogar para convencer. O desejo de persuadir sem derrotar marca profundamente a atitude de quem comunica. A escuta converte-se em algo fundamental: permite saber o que interessa, o que preocupa o interlocutor. Conhecer as suas perguntas antes de propor as respostas. O contrário de relevância é auto-referência: limitar-se a falar de si próprio não é uma boa base para o diálogo.

3. Clara
Em terceiro lugar, a mensagem deve ser clara. A comunicação não é principalmente aquilo que o emissor explica, mas o que o destinatário entende. Acontece em todos os campos do saber (ciência, tecnologia, economia): para comunicar é preciso evitar a complexidade argumentativa e a obscuridade da linguagem. Também em matéria de religião convém procurar argumentos claros e palavras simples. Neste sentido, seria necessário reivindicar o valor da retórica, da literatura, das metáforas, do cinema, da publicidade, das imagens, dos símbolos, para difundir a mensagem cristã.
Por vezes, quando a comunicação não funciona, transfere-se a responsabilidade para o receptor: considera-se que os outros são incapazes de entender. Porém, a norma deve ser o oposto: esforçar-se por ser cada vez mais claro, até conseguir o objectivo que se pretende.


Qualidades da pessoa que comunica

1. Credibilidade
Para que um destinatário aceite uma mensagem, a pessoa ou organização que a propõe deve merecer credibilidade. Assim como a credibilidade se fundamenta na veracidade e na integridade moral, a mentira e a suspeita anulam o processo de comunicação na sua base. A perda de credibilidade é uma das consequências mais sérias de algumas crises que se produziram nestes anos.

2. Empatia

O segundo princípio é a empatia. A comunicação é uma relação que se estabelece entre pessoas, não um mecanismo anónimo de difusão de ideias. O Evangelho dirige-se a pessoas: políticos e eleitores, jornalistas e leitores. Pessoas com os seus próprios pontos de vista, os seus sentimentos e as suas emoções. Quando se fala de modo frio, aumenta a distância que separa do interlocutor. Uma escritora africana afirmou que a maturidade de uma pessoa está na sua capacidade de descobrir que pode “ferir” os outros e de agir consequentemente. A nossa sociedade está superpovoada de corações feridos e de inteligências perplexas. É necessário aproximar-se com delicadeza da dor física e da dor moral. A empatia não implica renunciar às convicções próprias, mas pôr-se no lugar do outro. Na sociedade actual, convencem as respostas que sejam cheias de sentido e de humanidade.

3. Cortesia
O terceiro princípio relativo à pessoa que comunica é a cortesia. A experiência mostra que nos debates públicos proliferam os insultos pessoais e a desqualificação mútua. Nesse campo, se não se cuida a forma, corre-se o risco de que a proposta cristã seja vista como mais uma das posturas radicais que estão no ambiente. Correndo embora o risco de parecer ingénuo, penso que convém demarcar-se deste enfoque. A clareza não é incompatível com a delicadeza.
Com delicadeza pode-se dialogar; sem delicadeza, o fracasso está de antemão garantido: quem era partidário antes da discussão, continuará a sê-lo depois, e quem era contrário raramente mudará de posição.
Recordo um cartaz situado à entrada de um “pub” perto do Castelo de Windsor, no Reino Unido. Dizia, mais ou menos: “Neste local são bem-vindos os cavalheiros. E um cavalheiro é-o antes de beber cerveja e também depois”. Poderíamos acrescentar: um cavalheiro é-o quando lhe dão razão e quando sucede exactamente o contrário.


Princípios quanto ao modo de comunicar

1. Profissionalismo
A “Gaudium et Spes” recorda que cada actividade humana tem a sua própria natureza, que é preciso descobrir, utilizar e respeitar, se se pretende participar nela. Cada campo do saber tem a sua metodologia; cada actividade, as suas normas; e cada profissão, a sua lógica. A evangelização não se produzirá a partir de fora das realidades humanas, mas a partir de dentro: os políticos, os empresários, os jornalistas, os professores, os guionistas, os sindicalistas, são aqueles que podem introduzir melhorias práticas nos seus respectivos âmbitos.

S. Josemaria recordava que é cada profissional, comprometido com as suas crenças e com a sua profissão, que há-de encontrar as propostas e soluções adequadas. Se se trata de um debate parlamentar, com argumentos políticos; se de um debate médico, com argumentos científicos; e assim sucessivamente. Este princípio aplica-se às actividades de comunicação, que estão a conhecer um desenvolvimento extraordinário nos últimos anos, tanto pela crescente qualidade das formas narrativas, como pelas audiências cada vez mais amplas e pela participação cívica, cada dia mais activa.

2. Transversalidade
O segundo princípio poderia denominar-se transversalidade. O profissionalismo é imprescindível quando as convicções religiosas pesam num debate. A transversalidade, quando pesam as convicções políticas.
Neste ponto, vale a pena mencionar a situação de Itália. Ao fazer a declaração de rendimentos, mais de 80% dos italianos assinala o espaço correspondente à Igreja, porque deseja apoiar economicamente as suas actividades. Isto significa que a Igreja merece a confiança de uma grande maioria de cidadãos, não somente dos que se revêem numa tendência política.

3. Gradação
O terceiro princípio relativo ao modo de comunicar é a gradação. As tendências sociais têm uma vida complexa: nascem, crescem, desenvolvem-se, modificam-se e morrem. Consequentemente, a comunicação de ideias tem muito a ver com a “cultura”: semear, regar, podar, limpar, esperar, antes de colher.
O fenómeno da secularização foi-se consolidando nos últimos séculos. Processos de tão longa gestação não se resolvem em anos, meses ou semanas. O cardeal Ratzinger explicava que a nossa visão do mundo costuma seguir um paradigma “masculino", onde o importante é a acção, a eficácia, a programação e a rapidez. E concluía que convém dar mais espaço a um paradigma “feminino", porque a mulher sabe que tudo o que tem a ver com a vida requer espera, exige paciência.
O contrário deste princípio é a pressa, que leva à impaciência e muitas vezes também ao desânimo, porque é impossível conseguir objectivos de entidade a curto prazo.

4. Caridade
A estes nove princípios seria necessário acrescentar outro, que afecta todos os aspectos mencionados: a mensagem, a pessoa que comunica e o modo de comunicar. O princípio da caridade.
Alguns autores destacaram que, nos primeiros séculos, a Igreja se expandiu de forma muito rápida porque era uma comunidade acolhedora, onde era possível viver uma experiência de amor e liberdade. Os católicos tratavam o próximo com caridade, cuidavam das crianças, dos pobres, dos idosos, dos enfermos. Tudo isso se converteu num íman de atracção irresistível.
A caridade é o conteúdo, o método e o estilo da comunicação da fé; a caridade converte a mensagem cristã em algo positivo, relevante e atractivo; proporciona credibilidade, empatia e amabilidade às pessoas que comunicam; e é a força que permite actuar de forma paciente, integradora e aberta. Porque o mundo em que vivemos é também com demasiada frequência um mundo duro e frio, onde muitas pessoas se sentem excluídas e maltratadas e esperam algo de luz e de calor. Neste mundo, o grande argumento dos católicos é a caridade. Graças à caridade, a evangelização é sempre, e verdadeiramente, nova.


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