Não se trata só do pecado original, mas de uma verdadeira veia maligna ou besta em potência que repousa e que aguarda apenas ser despertada por um qualquer estimulo ou circunstância ardilosamente proporcionado pelo isco que o mundo, a carne ou o demónio nos colocam à frente.
S.José Maria Escrivá dizia que se sentia capaz de cometer os piores pecados e as piores barbaridades e, em conversa com a Irmã Lúcia, em Tui, comentavam ambos ter a plena consciência que o facto de serem pessoas publicamente reconhecidas como "boas" e até "santas" só por si não lhes daria o Céu e que poderiam, em vida, perder o Céu que supostamente já lhes estaria predestinado.
Nem sempre, porém, temos bem presente esta "bomba-relógio" que existe em cada um de nós e só nos damos conta disso quando surgem ocasiões e quedas.
Aí não nos podemos surpreender que alguém que tenha dado tanto a Deus ou ao próximo, possa depois cometer os mais elementares, básicos e até bárbaros atos de pecado, ganância, prepotência, despotismo e egoísmo que jamais se possam imaginar.
Poderá ser fácil, então, cair no desespero, no pessimismo e sobretudo na desmoralização estéril que nos leve a pensar que, afinal, a nossa vida e nós próprios mais não somos do que um "beco sem saída".
Foi esta a atitude de Judas Iscariotes ao dar-se conta do que tinha feito, ao entregar Jesus Cristo para ser maltratado e morto e daí ao suicídio foi um pequeno passo.
Perante este panorama, a alternativa, porém, deverá ser a de acudir ao Senhor com espírito de humilidade e arrependimento, o mesmo espírito de Pedro que chora a sua traição ou o mesmo espírito do "bom ladrão" que depois de roubar e talvez até matar se arrepende e pede uma nova oportunidade ainda que no céu.
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