sábado, 15 de fevereiro de 2014

Afrontar o perigo e suportar a adversidade

"Desejo prestar homenagem a todos estes corajosos desconhecidos.
A todos os que têm a coragem de dizer "não" ou "sim", quando custa!
Aos homens que dão testemunho singular de dignidade humana e profunda humanidade. Precisamente porque são desconhecidos, merecem homenagem e um reconhecimento particular.
Segundo a doutrina de São Tomás, a virtude da fortaleza encontra-se no homem,
— que está pronto a "aggredi pericula", isto é, a afrontar o perigo;
— que está pronto a "sustinere mala", isto é, a suportar a adversidade por uma causa justa, pela verdade, pela justiça, etc.
A virtude da fortaleza requer sempre alguma superação da fraqueza humana e sobretudo do medo.
O homem, de facto, por natureza teme espontaneamente o perigo, os dissabores e os sofrimentos. preciso, por isso, procurar os homens corajosos não só nos campos de batalha, mas também nas salas dum hospital ou num leito de dor. Tais homens podiam-se encontrar muitas vezes nos campos de concentração e nos locais de deportação. Eram autênticos heróis.
O medo tira às vezes a coragem cívica aos homens que vivem num clima de ameaça, de opressão ou de perseguição. Especial valor têm então os homens que são capazes de transpor a chamada barreira do medo, com o fim de testemunhar a verdade e a justiça. Para chegar a tal fortaleza, o homem deve em certo modo "ultrapassar" os próprios limites e "superar-se" a si mesmo, correndo "o risco" de uma situação desconhecida, o risco de ser mal visto, o risco de expor-se a consequências desagradáveis, injúrias, degradações, perdas materiais, talvez a prisão ou as perseguições. Para conseguir tal fortaleza, o homem precisa de ser sustentado por grande amor pela verdade e pelo bem, a que se dedica
(...)
Temos necessidade de fortaleza para ser homens. De facto, só é homem verdadeiramente prudente aquele que possui a virtude da fortaleza; assim como também só é homem verdadeiramente justo aquele que tem a virtude da fortaleza.
Peçamos este dom do Espírito Santo que se chama o "dom da fortaleza".
Quando ao homem faltam as forças para "superar-se" a si mesmo em vista de valores superiores — como a verdade, a ,justiça, a vocação e a fidelidade matrimonial — é necessário que este "dom do alto" faça de cada um de nós um homem forte e, no devido momento, nos diga "no íntimo": coragem!"
 
S.João Paulo II Discurso de 15-XI-1978

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