"Desejo prestar homenagem a todos estes corajosos desconhecidos. 
A todos os que  têm a coragem de dizer "não" ou "sim", quando custa! 
Aos homens que dão  testemunho singular de dignidade humana e profunda humanidade. Precisamente  porque são desconhecidos, merecem homenagem e um reconhecimento particular. 
Segundo a doutrina de São Tomás, a virtude da fortaleza encontra-se no homem, 
— que está pronto a "aggredi pericula", isto é, a afrontar o perigo; 
— que está pronto a "sustinere mala", isto é, a suportar a adversidade  por uma causa justa, pela verdade, pela justiça, etc. 
A virtude da fortaleza requer sempre alguma superação da fraqueza humana e  sobretudo do medo. 
O homem, de facto, por natureza teme espontaneamente o  perigo, os dissabores e os sofrimentos. preciso, por isso, procurar os homens  corajosos não só nos campos de batalha, mas também nas salas dum hospital ou num  leito de dor. Tais homens podiam-se encontrar muitas vezes nos campos de  concentração e nos locais de deportação. Eram autênticos heróis. 
O medo tira às vezes a coragem cívica aos homens que vivem num clima de ameaça,  de opressão ou de perseguição. Especial valor têm então os homens que são  capazes de transpor a chamada barreira do medo, com o fim de testemunhar a  verdade e a justiça. Para chegar a tal fortaleza, o homem deve em certo modo  "ultrapassar" os próprios limites e "superar-se" a si mesmo, correndo "o risco"  de uma situação desconhecida, o risco de ser mal visto, o risco de expor-se a  consequências desagradáveis, injúrias, degradações, perdas materiais, talvez a  prisão ou as perseguições. Para conseguir tal fortaleza, o homem precisa de ser  sustentado por grande amor pela verdade e pelo bem, a que se dedica
(...)
Temos necessidade de fortaleza para ser homens. De facto, só é  homem verdadeiramente prudente aquele que possui a virtude da fortaleza; assim  como também só é homem verdadeiramente justo aquele que tem a virtude da  fortaleza. 
Peçamos este dom do Espírito Santo que se chama o "dom da  fortaleza". 
Quando ao homem faltam as forças para "superar-se" a si mesmo em  vista de valores superiores — como a verdade, a ,justiça, a vocação e a  fidelidade matrimonial — é necessário que este "dom do alto" faça de cada um de  nós um homem forte e, no devido momento, nos diga "no íntimo": coragem!" 
S.João Paulo II Discurso de 15-XI-1978
 
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