Uma das maiores e mais importantes facetas de Chesterton é a sua
relação com a alegria.
Para Chesterton a alegria
tem algumas variantes fundamentais, mas em que todas, basicamente, consistem em
estar alegre.
Uma dessas matizes é
expressa na graça de ter nascido. Na sua Autobiografia escreve“… Eu inventei
uma teoria básica e mística. Consistia no seguinte: a mera existência, reduzida
aos seus limites primários, era suficientemente extraordinária e excitante.
Qualquer coisa entusiasma comparado com nada…”. É incomparável a sua definição de sol como “Se um fogo fixo pairasse
no ar para me aquecer ao longo de todo o dia”, no seu poema “By the Babe
Unborn”.
Continua, na sua ânsia de
perdurar a criança que existia em si, que existe em cada um de nós. Afirma ainda
os limites de tudo: "tudo me é permitido em troca de um pouco que me é
negado, como na história da Cinderela". Ou, confinar-se ao tapete da cama
e imaginá-lo como uma prancha no mar que é o resto do chão do quarto. Esta
ideia de permissão-restrição encontra-se na criança que segue apenas por certas
zonas do passeio e não por outras, quando segue na rua com a sua mãe. É
expresso na ideia da vedação ou limite: “Quando queremos remover uma vedação
devemos questionar-nos sobre o motivo porque terá sido ali colocada. Defendi os
sagrados limites do homem contra os poderes ilimitados do super-homem.”
Para Chesterton nós devemos ser
alegres apenas pela existência, num “mínimo místico de gratidão”. Essa alegria
enche o coração da maioria das crianças porque elas ainda são novas neste
mundo, porque para elas o mundo é tão fascinante como o reino da fantasia. Ir
de férias com os pais ou os irmãos é como ir com Alice para o País das
Maravilhas ou com Suzanne para Narnia. Muitas vezes imaginamos mundos
maravilhosos e não nos apercebemos da maravilha que é o nosso mundo.
António Campos
Anália
Carmo
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