domingo, 15 de julho de 2012

Saber escutar

A escuta talvez seja o sentido de verificação mais adequado para acolher a complexidade que uma vida é. Contudo, nós escutamo-nos tão pouco e, dentre as competências que desenvolvemos, raramente está a arte de escutar.
Na regra de São Bento há uma expressão essencial se queremos perceber como se ativa uma escuta autêntica: «abre o ouvido do teu coração».
Quer dizer: a escuta não se faz apenas com o ouvido exterior, mas com o sentido do coração.
A escuta não é apenas a recolha do discurso verbal.
Antes de tudo é atitude, é inclinar-se para o outro, é confiar-lhe a nossa atenção, é disponibilidade para acolher o dito e o não dito, o entusiasmo da história ou a sua dor mais ou menos ciciada, o sentimento de plenitude ou de frustração.
E fazer isto sem paternalismos e sem cair na tentação de se substituir ao outro.
Ouvir é oferecer um ombro, onde o outro possa colocar a mão, para rapidamente se levantar. Ouvir é colaborar amigavelmente num processo de discernimento cuja palavra derradeira cabe sempre à liberdade do próprio.
Padre José Tolentino Mendonça
In Diário de Notícias da Madeira
06.03.11 

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