“A poesia está na
vida.
Nas artérias imensas
cheias de gente em todos os sentidos,
Nos ascensores
constantes,
Na bicha de automóveis
rápidos, de todos os feitios e de todas as cores
Nas máquinas da fábrica
E nos operários da fábrica
E no fumo da fábrica.
A poesia está no grito
do rapaz apregoando jornais,
No vai-vem de milhões
de pessoas ou falando ou papagueando ou rindo.
(…)
A poesia está em tudo
quanto vive, em todo o movimento,
Nas rodas dos comboios
a caminho, a caminho, a caminho
De terras sempre mais
longe,
Nas mãos sem luvas que
se entendem para seios sem véus
Na angústia da vida.
A poesia está na luta
dos homens,
Está nos olhos
rasgados abertos para amanhã”
Mário Dionísio. Poemas. Coimbra. Atlântida. 1941. Pág. 51
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