sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Quotidie Morior


81. Em segundo lugar, para nos despojar de nós mesmos, é

preciso morrer todos os dias. Isto quer dizer que é preciso

renunciar às operações das potências da nossa alma e dos sentidos

do nosso corpo, ou seja: temos de ver como se não víssemos,

de ouvir como se não ouvíssemos, de nos servir das

coisas deste mundo como se delas não nos servíssemos (1
 

Cor 7, 29-31). É a isto que São Paulo chama de morrer todos

os dias Quotidie Morior (1 Cor 15, 31). “Se o grão de trigo cai à Terra e não

morre, permanece só e não produz fruto” (Jo 12, 24). Se não
 
 
morrermos para nós mesmos, e se as nossas devoções mais

santas não nos levam a esta morte necessária e fecunda, não

daremos fruto que valha. Porque então as nossas devoções

tornar-se-ão inúteis, todas as nossas boas obras serão manchadas

pelo amor próprio e pela nossa vontade própria, o que

fará com que Deus abomine os maiores sacrifícios e as melhores

ações que possamos fazer. E, nesse caso, encontrarnos-

emos com as mãos vazias de virtudes e méritos na hora da

nossa morte, e não teremos sequer uma centelha de Puro Amor,

pois este só é dado às almas mortas para si mesmas e cuja vida

está oculta com Jesus Cristo em Deus (Cl 3, 3).
Ponto 81
Tratado da Verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria , Luis Maria Grignion de Monfort

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